Atualmente a Embraer conta com uma equipe de aproximadamente 19 mil funcionários, trabalhando todos os dias em novos e promissores projetos. Possui um valor de mercado avaliado em R$ 20 bilhões, além de um legado imensurável. Esses dados ficam ainda mais interessantes quando se descobre que a Embraer já chegou literalmente no pré-estol, e quase foi dada como falida.
Em meados de 1969, tão logo o governo injetou recursos e pessoal proveniente do ITA e do antigo CTA – até então o investimento mais significativo – a Embraer iniciou suas atividades. Ozires Silva assumiu a presidência, e instigado pelo grande potencial da empresa, tomou a frente do projeto Bandeirante, o primeiro grande sucesso da Embraer. De certa maneira, a Embraer nasceu dentro do CTA, herdando assim algumas de suas ideias. Estas envolviam a fusão com a indústria aeronáutica Neiva, uma outra empresa brasileira que, no mesmo período, trabalhava na aeronave Paulistinha. Foi a partir daí que a Embraer pôde produzir projetos da Piper no Brasil. Logo em seguida, vieram o Xingu e o Brasília, aeronaves também pensadas para o nosso país e suas condições, tendo assim grande sucesso e garantindo importante projeção no mercado internacional. A Embraer nem havia passado ainda pelos seus primeiros dez anos, e já começava a preocupar os concorrentes.
Ao mesmo tempo em que iniciou a parceria com a Neiva, a Embraer também firmou laços com a italiana Aermacchi, no ano de 1981, a fim de produzir o caça AMX. O começo do fim aconteceu quando Ozires Silva deixou a presidência da empresa, para assumir a estatal Petrobrás. A partir daí a empresa enfrentou um declínio, mesmo com inúmeras ideias na gaveta que fariam saltar os lucros da Embraer.
Como sabemos, no final da década de 80, o Brasil enfrentou sua pior crise, e uma empresa como a Embraer não pôde deixar de senti-la fortemente. Isso a levou a praticamente fechar suas portas. A saída, então, foi privatizar a empresa. O encarregado disso, novamente, foi Ozires Silva, que retornou para a Embraer no governo de Itamar Franco, a fim de leiloar e salvar a fabricante. O plano funcionou e os resultados vieram mais rápido do que o esperado, tendo em vista as condições do mercado e da própria empresa.
Mas créditos sejam dados. O verdadeiro salvador da Embraer e responsável pela recuperação de fôlego da mesma foi o projeto ERJ-145, lançado no período de recuperação – um verdadeiro tiro no escuro – que obteve grande sucesso, acompanhando a tendência do mercado internacional e tirando os olho brevemente do Brasil. O sucesso teve prosseguimento com os modelos ERJ-170 e ERJ-190, trazendo recursos abundantes para o setor de pesquisa e desenvolvimento, regando o que estava sendo previamente plantado.
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