O voo sem ninguém na prática

Em prosseguimento à nossa conversa sobre veículos aéreos não tripulados (VANTs), hoje vamos observar suas características de projeto prático, em outras palavras, os seus detalhes operacionais. Acreditem ou não, um VANT por vezes não segue as mesmas teorias de voo de um avião normal. O voo é eventualmente independente de alguns fatores que seriam lógicos num voo comum.

Existem modelos de VANTs que, em determinadas superfícies da asa e fuselagem, chegam a utilizar sustentação negativa, mas com o objetivo de equilibrar o voo em função de ser uma aeronave muito leve e extremamente rápida. É do nosso conhecimento que os VANTs são utilizados para reconhecimento visual com câmeras, então ter uma câmera balançando muito durante o voo tornaria a tarefa impossível.

Para estudo dessas características de projeto, como citei, vou utilizar por padrão um modelo de tecnologia totalmente única, e não híbrido como há alguns no Brasil em operação. Desse modo, apresento-lhes o Elbit Hermes 450, ou somente Hermes. Hoje, quase 80% dos modelos de VANTs são utilizados para patrulha, mas na guerra já houve centenas de unidades destinadas ao abate AR-TERRA, demonstrando inclusive uma triste eficiência devastadora. No Brasil, eles são mais utilizados por forças de inteligência e investigação, em combate ao tráfico e auxiliando em operações de tomada de território, passando informações sobre posição e, até mesmo, informando se o inimigo está armado e que arma utiliza!

Um VANT chega a ter em média 10 metros de envergadura e 5 a 6 metros de comprimento. Somente por aí já é possível diferenciá-lo de um aeromodelo. Alguns modelos podem passar dos 200kg e, quando armados, passam facilmente de 500kg. Os modelos de reconhecimento não vão muito alem de 100 kg, utilizando motores de 50 hp, mono ou multi. Chegam a ter 200 km de alcance, e atingem 180 km/h, o que é extremamente rápido para uma aeronave leve voando a cerca de 10 mil pés.

Em operações de ataque, ele usa da tática de atacar sem ser visto. Sendo muito pequeno, por vezes consegue camuflar-se de radares. O Hermes utiliza diversos tipos de armamentos, mas o padrão para um VANT são mísseis ou bombas que possuem a tecnologia “fire’n’forget”, atire e esqueça.

Apesar de toda tecnologia e avanços presentes num veículo aéreo não tripulado, ele nunca será um veículo aéreo autônomo. Sempre haverá a necessidade de existir um “piloto” e dezenas de pessoas envolvidas, para que o mesmo exerça a mesma função de uma aeronave tripulada, e no mesmo padrão. O que ocorre, na realidade, é um simples esforço de remover o piloto de dentro da aeronave com a ideia de se poupar vidas, mas remover o piloto não significa tirar da operação aérea sua característica humana.

Eduardo Mateus Nobrega
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