Os 5 maiores problemas da aviação

Como tudo na vida e como em qualquer outra atividade, a aviação também tem lá seus problemas, seu lado revés. Muitos são os que reclamam e poucos os que tentam de fato mudar o que vêem. A regra geral é procurar ser a mudança que você quer ver. Alguns problemas são corriqueiros, chatos e fáceis de resolver; outros, nem tanto. Mas sem dúvida, os problemas existem, e conhecê-los é o primeiro passo para tentar mudar a situação.

1. O barato sai caro

Quem nunca ouviu essa frase de alguém mais experiente? Pois é, todos nós sabemos que na aviação, tudo é muito caro: a gasolina, a instrução, o pouso numa pista homologada e a própria manutenção. Em função disso, muitas empresas deixam de realizar a manutenção preventiva correta, as inspeções, ou mesmo a substituição de alguma peça que precise deixar a aeronave em solo por algum tempo. Dessa forma, ao “economizarem”, elas assumem o risco de expor os passageiros ao mesmo, sem necessidade e de forma irresponsável. Algumas vezes, dá certo voar fora do TBO. Algumas muitas outras vezes não, e aí o barato sai bastante caro.

2. O dinheiro não pode comprar tudo

Algumas pessoas entram para a aviação com um sentimento de fato legítimo, e vontade de exercer essa profissão para sua vida. Mas por alguma razão, se vêem desestimuladas pelos desafios que a mesma traz – e convenhamos que não são poucos. Dessa forma, acabam por querer resolver com dinheiro o que seria feito com esforço, dedicação, experiência e aprendizado – ou seja, compram e pagam por isso. Muito recentemente, a ANAC revelou um esquema federal de compra e venda de carteiras, desde PC-IFR, ICAO 6 até PLA e habilitações TIPO – isso mesmo, TIPO! Mas junto com essa revelação, veio outra informação à qual nem todo mundo se atentou: dos 64 pilotos identificados, cerca de 40% já sofreram acidentes ou mesmo já não se encontram mais vivos. O dinheiro não pode comprar tudo.

3. Pano preto, pra que isso?

Esse é um problema que acontece todo santo dia, em todos os aeroclubes no Brasil. E o pior é que quem faz isso não tem a menor ideia do que pode causar com essa atitude. Os “pilotos” passam para leigos informações exageradas. Mostram uma outra realidade que não a verdadeira para aqueles que já estão inseguros quanto à escolha de seguir um sonho. Estes últimos, muitas vezes, acabam desanimando, deixando de tentar algo, ou ao menos perdendo um bom tempo até conseguirem uma informação verdadeira. Infelizmente, o pano preto é um problema crônico e muito sério. Meu desejo é que todo piloto mais experiente se lembre de onde começou antes de o fazer.

4. Acho que dá

O “Acho que dá” deveria ser, na verdade, “Acho que dá pra morrer”. Quando um piloto diz essa frase, coisa boa não vai acontecer. Mas isso não é generalizar? Não, essa constatação se justifica pelo simples fato de que, quando um piloto diz que ele acha que consegue fazer algo, ele julga a situação não por padrões técnicos, mas sim pelo senso de habilidade. Jamais acredite no seu senso de habilidade, ele vai te enganar. Faço uso de um trecho de um texto do site Norte Verdadeiro: “Vaidade excessiva e o exibicionismo, que não raro tosam o senso de justiça e de avaliação’’. Acho que NÃO dá para a segurança progredir com esse problema da aviação.

5. Politização do aeroclube

Essa é uma questão muito delicada, mas que incomoda bastante as pessoas e limita uma instituição tão importante que deveria ser idônea. Dentro de um aeroclube, por melhor que ele seja, existem sempre ligações interpessoais. Isso não é ruim, o problema é quando se usam essas ligações em prol do interesse ou lucro de poucos, ou seja, quando se formam grupos que se fecham e pensam sozinhos na administração do aeroclube. Um aeroclube deve ser uma instituição sem fins lucrativos, como sugere e regulariza a ANAC, mas sabemos que isso não acontece na prática. Muitas vezes, o que vemos são políticas internas e desmandos visando o interesse de poucos. Isso limita e prejudica o local mais importante da aviação, o berço de formação de novos pilotos.

Eduardo Mateus Nobrega
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