Será que vai caber todo mundo?

Atualmente, nossos aeroportos estão quase em colapso. Turistas do exterior e viajantes brasileiros frequentemente encontram atrasos, goteiras, falta de informação e diversos outros problemas quando poem os pés no saguão da maioria dos aeroportos. Isso é o pior cartão de visita para qualquer realidade. As obras caminham a passos tão curtos quanto as explicações do governo. Nossa presidente rebate críticas, e simplesmente defende os “puxadinhos” que estão sendo feitos a meia marcha. Teremos somente dois aeroportos prontos até o início das competições. Acredito que o nosso cartão de visita perfeito, como o governo tem divulgado, ficará seriamente prejudicado.

Se os problemas se limitassem às aparências, eu ainda ficaria tranquilo. Seria algo paliativo e de fácil resolução. A questão é que estamos mascarando o verdadeiro problema que envolve os aeroportos na Copa: a segurança das aeronaves. Um aeroporto tem o seu lado AR e lado TERRA. O lado ar compreende os pátios, a pista, áreas e órgãos de controle. Já o lado terra se compõe por terminais e acessos ao aeroporto. O maior investimento tem sido claramente no lado terra, com terminais ampliados e novas formas de acesso criadas. Mas o lado ar tem ficado, de certa forma, por fora desse conceito de renovação.

Não é raro vermos aeronaves em fila, aguardando espaço num pátio lotado, para somente desembarcar os passageiros. Recentemente, em Brasília, alguns passageiros revoltados abriram as portas de emergência da aeronave, e subiram nas asas num misto de protesto, vandalismo e agonia após ficarem mais de 2 horas aguardando para desembarcarem. Isso tudo em uma semana onde houve problemas logísticos pela administração da Infraero. Tente imaginar isso na Copa, onde o número de voos num aeroporto regional deverá crescer em torno de 60%. Um verdadeiro reboco num grande buraco está sendo feito.

Mas esse artigo não se faz somente de críticas. Méritos precisam ser dados aos esforços dos órgãos alfandegários nos aeroportos internacionais, bem como ao desdobramento da Polícia Federal e à fiscalização da própria Anac, que vem sendo muito bem vista pelos passageiros. Acredito que esse é um esforço independente, pois não se motiva por injeção de verbas públicas nem por aumento dos salários. Os funcionários responsáveis pela segurança viram que, se eles não se mobilizassem, as mudanças seriam muito poucas.

Na continuação da semana, seguiremos vendo o que o Governo Federal tem feito para garantir a segurança no ar, lembrando que nossos céus estão desprotegidos com a aposentadoria de aeronaves antigas e à espera de novas já compradas. Veremos também as mudanças tão faladas nos espaços aéreos brasileiros.

Eduardo Mateus Nobrega
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