Ten. Keith Gallagher: Um irlandês de sorte

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Muitos não irão acreditar, mas esta é uma história verdadeira, de um incidente muito raro e que poderia até ter sido fatal.

O Ten. Keith era o navegador e bombardeiro a bordo de um Grumman KA-6D Intruder, versão para abastecimento ar-ar. Juntamente com o Ten. Mark Baden, piloto em comando da aeronave, estavam voando rumo ao porta-aviões de sua CIA, mas notando algo de estranho na aeronave.

Um dos tanques de combustível havia dado problema, e estava carregado com cerca de mil quilos de combustível. Keith tentou substituir a pressurização do tanque, mas sem obter sucesso.

Tentando então achar outra solução para o que poderia ter acontecido, Mark e Keith desconfiaram que poderia ser uma válvula da boia que estivesse presa. Para solucionar o possível problema, Mark tentou forçar um pouco o G, positiva e negativamente.

Já a 8.000 pés e a sete milhas do través do porta-aviões, Mark ainda tentava sanar o problema com força G positiva e negativa. Mantendo 230 nós, Mark puxava o manche até atingir uma certa angulação com a aeronave e, em seguida, mergulhava.

Em uma dessas tentativas, Mark ouve um forte estrondo no cockpit, seguido do rugido do vento. Percebendo que algo estava errado, ele olha acima de sua cabeça e não encontra nada de anormal.

Logo em seguida, Mark olha para o BN (Keith), para tentar entender o que aconteceu, e aí vem a surpresa: no lugar onde estava Keith, só se encontravam um par de pernas, no nível do ombro de Mark. O resto do corpo de Keith ficou para o lado de fora, esticado, sem máscara e sem capacete.

Na hora, Mark pensa: “O que diabos aconteceu? O que vou fazer agora? Preciso voar mais devagar”. Reduzindo a potência de imediato, o KA-6 começou a reduzir até 200 nós. Desesperado, sentia uma estranha combinação de medo, impotência e revolta, enquanto observava o corpo de seu parceiro do lado de fora da aeronave.

Tentando reduzir ainda mais a velocidade, mas com receio de reduzir muito e não poder recuperar, Mark declara o estado de emergência no rádio, alegando que seu BN havia sido parcialmente ejetado.

Seu comando retorna perguntando se o BN ainda estava “conectado” à aeronave. Mark responde que somente as pernas estavam para dentro do cockpit. Para Mark a resposta fazia sentido, mas para quem estava do lado de fora ouvindo, já imaginaria um par de pernas para dentro da aeronave, muito sangue e nenhum corpo.

Felizmente seu comando entendeu o que Mark quis dizer, e retornou informando que ele ainda se encontrava a 6 milhas do porta-aviões, perguntando também se ele teria intenções para um “straight-in”. Mark confirma que sim, e recebe a ordem de continuar.

Nesse meio tempo, Keith havia parado de chutar, deixando Mark com uma sensação terrível de que seu BN havia quebrado o pescoço ou algo parecido. A cerca de 4 milhas, o para-brisa da aeronave começou a ficar embaçado temporariamente, e em seguida, Mark começou a avistar o porta-aviões. Devido à direção do vento, os marinheiros resolvem fazer uma curva para a esquerda, o que não deixa Mark nada contente a essa altura do campeonato.

A tensão de Mark é aliviada ao ver que o porta-aviões estava a navegar em linha reta, e recebe a informação de seu capitão de que estavam alinhados com o vento. Mantendo uma descida não muito confortável, Mark pretendia tocar no primeiro dos quatro cabos de retenção no convés.

Após o toque, Mark não sentiu de imediato os cabos puxando a aeronave. Jogando o trem de pouso dianteiro no deck, ele começou a sentir os cabos puxarem a aeronave, e ao mesmo tempo, o corpo de Keith bater sobre a fuselagem, o que o deixou mais preocupado ainda.

Logo após cortar os motores, Mark se levantou para retirar os equipamentos de segurança que haviam sobrado junto a Keith, mas decidiu que, se ele retirasse, o corpo de seu BN poderia cair sobre o navio, sendo pior ainda. Então, ele se sentou do lado esquerdo do cockpit, e segurando a mão de Keith, percebeu que ele ainda estava vivo quando o ouve perguntar: “Estou no convés de voo?”

Muito aliviado, Mark desceu da aeronave, sem nem prestar continência ao seu capitão, e logo correu para a sala médica. Algumas horas mais tarde, Mark descobriu que o assento de seu BN havia se ejetado por conta de um mecanismo defeituoso. Descobriu também que seu paraquedas havia se enganchado ao estabilizador vertical da aeronave, e Keith só permaneceu amarrado à aeronave por conta dos tirantes que ficaram presos atrás de seu assento.

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Keith teve múltiplas e graves lesões no bíceps, braço e ante-braço direito, paralisia em seu ombro direito devido a um nervo que foi esticado, deslocamento em seu ombro esquerdo, mas voltou a voar após seis meses. E alega: “Lei de Murphy existe, mas felizmente para mim, no entanto, esta lei não conseguiu seguir adiante”.

Andrews Claudino