Três vezes ou mais na semana, saio para contemplar a Cidade de São Paulo, passando o dia nos mais altos edifícios ou locais históricos, tais como a Igreja da Santa Efigênia, que carrega até hoje as marcas dos tiros que recebeu durante a Revolta Paulista (ou Revolução Esquecida). Também costumo passar o dia com os queridos amigos do Batalhão Tobias de Aguiar (conhecido como Batalhão da ROTA ou Batalhão da Luz), que também carrega até hoje as marcas de tiros de canhões que ficaram em sua estrutura, além de seus caminhos subterrâneos, mantidos até os dias atuais.
Por meio destas e outras memórias que São Paulo carrega dessa época, falaremos sobre o emprego dos aviões durante a “Revolução de 32”, que completa 82 anos na data de hoje, celebrada como feriado civil desde 1997.
Contando com 58 aeronaves, divididas entre a Marinha e o Exército (a Força Aérea nesta época não constituía uma arma independente), essas aeronaves tiveram um relevante papel durante todo o conflito armado. Já do outro lado, os paulistas possuíam apenas dois aviões Potez e dois Waco, além de um pequeno número de aviões de turismo. No final de julho, o governo conseguiu mais um aparelho, que desertou no Campo dos Afonsos – RJ.
Os “vermelhinhos”, como foram chamados os novos aviões adquiridos, não atuavam apenas nas linhas de combate, mas também foram utilizados para bombardear várias cidades paulistas. Dentre elas, Campinas sofreu um grande prejuízo com os ataques. Na Capital Paulistana, para prevenir-se desses ataques, um dos edifícios mais emblemáticos por sua bela arquitetura italiana, o Edifício Martinelli, abrigou em seus terraços superiores uma bateria de metralhadoras antiaéreas.
Os aviões paulistanos defenderam São Paulo do ataque dos “vermelhinhos”, que sobrevoavam a cidade sempre ameaçando bombardeá-la. Além disso, eles foram utilizados como ferramentas de propaganda, deixando cair panfletos sobre as cidades inimigas e em locais de concentração de tropas.
Do outro lado, os aviões das Unidades Aéreas Constitucionalistas (UAC), também conhecidos como “Gaviões de Penacho”, não tinham muita autonomia em suas ações, porém realizaram duas façanhas de grande impacto. No dia 21 de setembro, num ataque surpresa a Mogi Mirim, conseguiram inutilizar sete aviões federais que estavam hangarados. E no dia 24, três “Gaviões de Penacho” atacaram o couraçado Rio Grande do Sul, localizado em Santos, com o objetivo de relaxar o bloqueio ao porto local. Neste ataque, um dos aviões explodiu no ar, matando seus dois tripulantes. Já os outros dois aparelhos cumpriram sua missão.
Dois meses antes destes ataques, no dia 23 de julho, Santos Dumont, deprimido com a utilização de seu invento como arma de guerra, se suicidava na cidade do Guarujá, em São Paulo. Mas a aviação não morreu junto com o seu criador. Após o conflito armado de 1932, um grupo de empresários e pilotos se reuniram para a criação de uma das maiores empresas aéreas do Brasil, a VASP, apresentando em público a sua base no Campo de Marte. Seus primeiros aviões, dois Monospar ST-4 ingleses, denominados de Bartholomeu de Gusmão (PP-SPA) e Edu Chaves (PP-SPB), possuíam capacidade para três passageiros.
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