Uma possível queda

Exatos dez dias depois do desaparecimento do 777 da Malaysia Airlines, os investigadores e toda a comunidade aeronáutica ainda parecem perdidos no meio de tantas hipóteses, o que é totalmente compreensível dada a forma que o avião sumiu no ar, com 239 pessoas a bordo. Infelizmente, as pistas tendem a apontar para diferentes versões e resoluções para esse mistério.

A teoria de que a aeronave tenha caído é a mais explorada até agora. Vários países e dezenas de satélites buscam por destroços no mar e em terra, no entanto sem saberem ao certo onde procurar. Recentemente, o Vietnã retirou suas equipes da busca após informações imprecisas e alternadas. Agora a Austrália coordena as buscas na região mais provável em que a aeronave tenha “caído”. O mais interessante sobre essa teoria é a inoperância dos equipamentos de emergência, que alertariam sobre qualquer choque, impacto ou queda do 777. Um desses equipamentos é o ELT, utilizado no mundo todo e em todas as aeronaves que possuem certificado de aeronavegabilidade. Ele simplesmente não alertou nada até agora, mas mesmo assim, a teoria da queda é a mais considerada dentre todas.

Entendamos como o ELT funciona, e como poderia alertar sobre uma possível queda do avião. O ELT (Emergency Locator Transmitter, ou Transmissor de Localização de Emergência) é um equipamento de emergência obrigatório em qualquer aeronave, com o objetivo de transmitir na frequência internacional de emergência (121.500, 460mhz) um sinal alertando que a aeronave sofreu um impacto com qualquer superfície. O sinal do ELT é captado por dezenas de centros de busca ao redor do mundo, e transmitido imediatamente para o COSPAS-SARSAT.

Também são utilizados satélites que permanecem em órbita, com exclusiva função de captar, transmitir e determinar com precisão a localização do sinal do ELT. Ele é totalmente à prova d água, e permanece transmitindo ininterruptamente, ainda que submerso, por cerca de 5 dias. Isso é mais do que suficiente para algum centro ou satélite ao redor do mundo captar o seu sinal, o que normalmente leva de 10 minutos a 2 horas. No caso do vôo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico, o ELT foi acionado e manteve-se funcionando por todo o período de buscas. A profundidade do avião, de cerca de 3 mil metros, atrapalhou a propagação do sinal e a localização do mesmo, mas mesmo assim ele foi encontrado.Já a profundidade média da região mais provável em que o 777 teria caído não ultrapassa 80 metros.

Uma queda é obviamente o mais provável, e a teoria que particularmente eu também acho mais plausível, partindo da ideia de uma simples frase: “tudo que sobe, tem que descer”. Decerto o 777 não possuía um reator, para ainda estar voando 10 dias após decolar. Se ele não pousou em nenhum outro aeroporto, ele precisou pousar, ou cair, em algum lugar em determinado momento. Então, se isso é o mais provável e o mais lógico, por que o ELT não disparou, ou por que nenhum satélite captou seu sinal?

Eduardo Mateus Nobrega
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