As vantagens dos fios

Imagine que você tenha uma moto super esportiva, onde já tenha feito de tudo para reduzir o peso e consequentemente aumentar seu arranque, mas observou que juntando o peso dos cabos de controle (freio, marcha, acelerador, embreagem e etc), chegava a quase 2 kg. Agora, imagine poder substituir esses mesmos 2 kg de cabos de aço por 200 gramas de fios bem compactados. Além de ter 1,8 kg a menos na sua moto, você sem dúvida teria sistemas muito mais eficientes e precisos atuando, além de um design bem mais aerodinâmico. Unindo esse princípio às necessidades da aviação, tudo se encaixa perfeitamente e justifica com clareza a eficiência do Fly-by-wire. Como cheguei a comentar anteriormente em outro artigo, o uso desse sistema gera uma economia imensa de peso. Seria praticamente impossível manter a precisão de todos os atuais comandos em um jato com cabos, e fazê-lo voar. Esse se faz o carro-chefe que defende o conceito de um voo controlado por fios.

Mas com tantos comandos, quem organiza isso tudo? É aí que entra o segundo ponto de vantagem do fly-by-wire, e talvez o mais polêmico. Todos os comandos, em todos os sistemas, obrigatoriamente são impressos pelo piloto sobre o manche ou sidestick, em vôo manual. Mas é a partir daí que as semelhanças acabam. Os comandos são convertidos de mecânicos para simples informações eletrônicas, que por sua vez são lidas, avaliadas, compensadas, re-avaliadas e enfim transmitidas à superfície, nessa ordem exatamente, por uma ou duas unidades de processamento muito avançadas. Nada parecido com os computadores de nossas casas.

Por existir esse meio caminho entre o comando e o real movimento é que levantam-se suposições de uma “perda de autonomia” do piloto, ou seja, uma vez que seu comando é filtrado e avaliado antes de realmente ser dado como correto, para que serviria o piloto então? Essa avaliação e processamento feitos pelo computador realmente traduzem a necessidade da aeronave?

Trago-vos a resposta para ambas questões: O piloto de uma aeronave jamais deixará de ser útil, muito embora a tecnologia avance. Seu objetivo é julgar com senso de segurança, e como um ser humano, toda e qualquer situação que envolva a aeronave, seja ela boa ou a pior possível, coisa que jamais o computador mais avançado poderá fazer. Em resposta para a segunda pergunta, eu uso da palavra no sentido de defender, sim, o processamento dos comandos, pois o computador sabe e memoriza muito melhor que um ser humano as limitações e capacidades da aeronave em determinadas situações – o que de certa forma não é função de um piloto durante o voo. Ele precisa estar preocupado com a navegação e a segurança do avião.

Deste modo, são claras as vantagens de se operar uma aeronave com o Fly-by-wire, e inclusive seus derivados. Tudo que puder proporcionar um voo mais seguro e mais lucrativo sempre será bem vindo na aviação moderna.

Eduardo Mateus Nobrega
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