Capacete na aviação geral: deveríamos usar?

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Nesta semana a Gulf Coast Avionics enviou à Bianch um de seus modelos que ainda são novidade em céus tupiniquins, o “Headset GCA-4G Helmet“, que como o próprio nome sugere, é uma variante do GCA-4G que possui um capacete acoplado. Vendo tal novidade logo surge a pergunta: deveríamos usar?

Logo me lembrei de outra pergunta do mesmo tema, geralmente feita por nossas namoradas, mães, amigos e leigos preocupados em geral: “Voar é perigoso, você tem paraquedas no avião né?” – Apesar do paraquedas ser um equipamento de segurança, na aviação civil (mais especificamente na aviação geral) tal aparato nem sempre seria útil, vendo que grande parte dos acidentes ocorrem nos pousos e decolagens, períodos nos quais não há altura para usar este. Mas será que o mesmo raciocínio se aplicaria ao capacete, “não vale a pena”?

Quando se trata de aviação, o capacete mais famoso é o utilizado na aviação de caça, que é composto pelo capacete, fones, viseira, microfone e máscara de oxigênio. Um modelo semelhante, também na aviação militar, é o utilizado pelos pilotos de helicópteros das forças armadas, que perde apenas a máscara de oxigênio por voar em baixas altitudes. Na aviação civil vemos esses equipamentos sendo utilizados também nas asas rotativas, mas apenas em operação offshore e em algumas outras empresas e equipamentos que requerem isto.

Mas e como fica a aviação comercial, geral e de instrução? Principalmente esta última, onde por ainda estar se aprendendo a voar, muito pode acontecer.

A aviação comercial de grande porte possui equipamentos e sistemas de segurança avançados que de fato a tornam o meio mais seguro de se viajar, mas por outro lado, a aviação geral e de instrução não compartilha desse ponto, como já pudemos ver neste artigo de Enderson Rafael, o qual afirmar que em certas situações é mais seguro dirigir do que voar na aviação de pequeno porte.

Diferente dos modelos citados acima, o que mais chama a atenção no criado pela GCA, é a viseira que cobre toda a parte frontal do rosto, e não apenas os olhos. Na aviação geral e de pequeno porte, boa parte dos ferimentos durante pousos de emergência são causados pelo choque do rosto do piloto com o painel, podendo quebrar o nariz e dentes, ou no caso de bird strike, sofrer ferimentos pelos estilhaços. Um ponto a menos para se preocupar.

Vendo o uso de equipamentos do gênero fora do Brasil, podemos encontrar alunos e pilotos os utilizando em R22 e Cessnas, nestes casos modelos com a viseira padrão.

Nos aeródromos que frequento, até hoje só presenciei eles serem utilizados por pilotos de trikes e de helicópteros, mas nunca no restante da aviação geral de asa fixa. Creio que de fato isso causaria uma estranheza, seria como entrar em um C152 utilizando jaqueta inflável para fazer um voo sobre o litoral, traria segurança, mas seria estranho. Além disso ainda haveria o perigo dessa moda causar a “topgunização” dentre os mais afobados.

Dentre os aeroclubes brasileiros existem alguns que impõem certas regras de padronização e/ou segurança. Em um de nossos primeiros CP Casts um dos convidados citou que em seu aeroclube, todos os alunos tinham de comprar e usar um macacão semelhante ao utilizado pelos pilotos da FAB, que dentre outras coisas, oferecia proteção contra fogo. Tal qual o capacete, é algo incomum dentre as demais escolas, é algo que demanda um investimento financeiro adicional, mas que agrega mais segurança no final das contas.

Em resumo, o equipamento existe no mercado há algum tempo em outras variantes, e agora está chegando também no Brasil, com os plugs duplos típicos de aeronaves da aviação geral e de instrução.

A segurança adicional é um fato, mas há vários outros pontos a considerar, e você, usaria? Eu tenho minha opinião, mas através dos comentários quero saber a sua.

Alexandre Sales
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