Depois de um estudo indicar o fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho para a construção de um novo aeroporto em Porto Alegre (RS), especialistas e empresários entraram em controvérsia sobre a viabilidade econômica.
Enquanto dois terminais não conseguem entrar numa equação econômica, as incertezas quanto às condições de mobilidade e a sobreposição com o futuro terminal de Caxias do Sul (RS) reforçam a defesa de manter o aeroporto em Porto Alegre.
Um estudo da consultoria alemã PwC indica a construção de um novo aeroporto na Região Metropolitana como a única saída para suportar o crescimento do número de passageiros e de cargas no Estado. O que dividiu opiniões foi a premissa para tanto: encerrar as operações do Salgado Filho.
“O Rio Grande do Sul não tem movimento suficiente de passageiros ou cargas para sustentar dois aeroportos na mesma região, é inviável economicamente” reforçou Carlos Biedermann, sócio para a Região Sul da PwC.
Mesmo com os argumentos apresentados, nem todos os empresários da região receberam bem a proposta, sendo que representantes do Sindicato dos Bares e Restaurantes de Porto Alegre se reuniram com o presidente da Câmara de Vereadores, Thiago Duarte:
“Não somos contra a construção de um terminal em outra cidade, desde que não tenhamos de abrir mão do Salgado Filho” disse Duarte.
Respício do Espírito Santo, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em Aviação, afirmou que a decisão de construir um novo aeroporto e encerrar as operação de outro depende da demanda e da destinação dada aos terminais:
“Aeroportos engolidos pela cidade não são nenhuma novidade. Em alguns casos, se opta por transferir todas as operações e em outros, por manter as duas. A escolha é relativa” explicou, citando o aeroporto da cidade americana de Stapleton, que tinha um terminal perto do centro e investiu em um novo a dezenas de quilômetros.
Roberto de Carvalho Netto, diretor do Departamento Aeroportuário do Estado, reagiu com indignação ao estudo que apontaria sobreposição entre o aeroporto do estudo e o futuro terminal de Vila Oliva, em Caxias do Sul (RS):
“É o discurso liberal contra o discurso estatista. A visão do empresário vai querer um só aeroporto na Região Sul, e de preferência que seja dele. Agora, na visão de Estado, o que importa é a necessidade da população” disse Carvalho Netto.
Por Antonio Ribeiro
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