Aproximação Estabilizada 05

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Olá, sou o Eliabe Cardoso.

Atualmente, estou cursando Graduação em Transporte Aéreo pela Universidade Guarulhos (UnG), e hoje direi como foi minha primeira hora de voo: A primeira vez que saí do solo, uma vez que nunca havia voado nem como passageiro!!

Nesse dia cheguei cedo ao aeroporto. O balcão de operações me informou que a aeronave PT-WQO (aeronave na qual eu iria voar) pousaria dali uns 30 minutos, junto com o INVA que iria comigo naquele voo.

Ansioso para vê-la chegar, toda aeronave que pousava imediatamente dirigia meus olhos para o prefixo, para tentar ver se era realmente o WQO, até que surge na aproximação final uma aeronave, e quando está próxima, vejo que o WQO havia chegado! Era minha vez de voar!!

Aguardei o táxi até ao pátio, aguardei parte do check de abandono feito pelo aluno anterior, em seguida o INVA me cumprimentou e disse que iria fazer o de briefing com o aluno anterior, e me passou para pegar o check-list, e ir seguindo item por item.

Mas eu, na minha inocência não verifiquei o combustível, óleo, não liguei a bateria para estender os flaps, nem nada, pois pensava que isso faríamos depois. Pulei uma parte e segui adiante: A inspeção visual das asas, fuselagem, empenagem e etc.

Ao término novamente dei uma rápida passada para ver se não tinha esquecido de nada, realmente fiz tudo, depois eu tirei os calços, drenei o combustível, tudo corretamente, certo?!

ERRADO!

Já explico o motivo.

Tudo bem, calços retirados, combustível drenado, só estava aguardando o instrutor chegar para nós partir para a primeira decolagem da minha vida.

Passaram-se uns 5 minutos após eu terminar tudo, aí lá vem o Comandante Ranzini:

– Eaí Eliabe, tudo bem?!
– Tudo ótimo Ranzini!
– Como vai a aeronave e o Check-List, já fez todos os procedimentos?!
– Fiz sim, já drenei o combustível, tirei os calços, estava só aguardando a ti para que pudéssemos sentar no banco do avião e partir!!
– Hum…. certo, Eliabe, você passou a notificação?!
– Não…. inclusive não sei como é que passa (Fiquei com aquele carão de tenso, pasmo, envergonhado!!).
– Ah, certo. Como nosso horário está bem próximo, vou lá passar o plano de voo. Aproveite e siga todos os itens do check list, começando da documentação, seguido do combustível, depois óleo e assim por diante, vou lá passar!
– Tudo bem então, vou ver o combustível e fazer conforme me disse.
 

O meu erro foi que o combustível só é drenado após feito toda a inspeção externa da aeronave e verificar no segundo item do check-list se o tanque está cheio ou não, eu fiz ERRADO!

Passado alguns poucos minutos, lá vem o Ranzini novamente. Como dessa vez já havia feito tudo (estendido os flaps e tals, verificado o combustível e óleo), o Ranzini só verificou o óleo e combustível (norma da escola, INVA’s verificam isto antes de partirem), fizemos um rápido Briefing de primeira hora de voo somente para conhecer mesmo e já entramos na aeronave.

Ajustamos o cinto e colocamos o fone para comunicação com a torre. Eu já estava mega feliz por ter chego até ali!

Pedimos autorização para o solo de Jundiaí, que rapidamente nos aprovou. Ranzini fez a cópia enquanto eu prestava atenção ligeiramente no painel de instrumentos. Giramos o motor, acionamos, 1000 RPM, alternador ligado, instrumentos do motor checados, flaps ajustados, briefing de emergência e decolagem feito pelo INVA, e vamos taxiar!!

A pista em uso naquele dia era a 18, decolaríamos sentido SUL, após a decolagem curva a esquerda até ao través de Jarinu.

Taxiamos até ao ponto de espera da 18, chamamos a Torre Jundiaí e pedimos autorização para decolagem, a torre nos liberou, naquele momento o coração estava batendo mais forte, o motivo é que nunca havia voado, e eu mesmo estava ali, aplicando a potência total no motor da aeronave para ganharmos velocidade para voar!

Uma sensação jamais sentida antes, naquele momento me veio em mente várias pessoas, tanto do Hospital, quanto da faculdade que me ajudaram de alguma forma a chegar ali, o meu futuro estava apenas começando, e eu teria muito o que aprender!

Aliviamos o manche da aeronave com 55 KT, rodamos com 60KT e prosseguimos subida com 70KT até 500 pés acima da pista, após atingir os 500 pés, curva a esquerda conforme havíamos sido informado!

Subimos, curva a esquerda, proa da vertical da lagoa e través de Jarinu a frente, corredor QUEBEC também, nivelamos a 4000FT e seguimos.

Eis que um pequeno susto há a bordo!! Senti um ventinho, bem de leve soprar minha perna esquerda, não era o Ranzini!! A porta realmente estava aberta!! Hahaha Acreditam?! Logo no primeiro voo tenho o leve susto! Aí o Ranzini fala:

– Eliabe, sua porta está aberta, mas fique tranqüilo, vamos voar daqui a pouco você fecha!
– Tudo bem Ranzini, vamos voar então (mas o coração batendo mais depressa, embora com cintos e aeronave em perfeitas condições, você sente um susto, não é?!!).

Nivelamos a 4500FT e o Ranzini me autorizou para que eu fechasse a porta, abri e puxei novamente com força para fechá-la.

Aí depois foi tranqüilo, não fomos para a área 460, porque o tempo estava um pouco fechado, inclusive o voo era pra ser cancelado, mas como eu havia ido já para Jundiaí de Guarulhos, foi liberado o voo a mim e mais alguns que estavam no aeroporto também.

Não fomos muito longe, sobrevoamos um pouco Jundiaí, e ficamos por ali mesmo, logo retornamos para a freqüência da Torre e pedimos pouso, entramos na do vento de Jundiaí, giramos a perna base, e como estava cedo, e tínhamos alguns minutos, Ranzini solicitou um TGL no meu primeiro voo!

Foi incrível, foram dois pousos e duas decolagens, eu curti demais, após feito o TGL ficamos no circuito e retornamos novamente para o aeroporto para pousar com parada total.

O meu primeiro voo foi feito, alcancei algumas boas notas, somente errei na notificação (Não havia passado) e também no Check-List do avião, mas de resto foi tudo bem.

Essa foi a minha primeira hora de voo!

Em breve passo por aqui e deixo a segunda hora como foi! Dessa vez foi com uma INVA muito legal!

Abraços, até mais!

Eliabe Cardoso
eliabebinho1@hotmail.com

Renato Cobel
Redes