Ar nosso de cada dia: Sistemas de auxílio

Nós já sabemos tudo sobre hipóxia, o que ela causa, e também como lidar com ela. Mas como funcionam os sistemas que podem salvar nossas vidas, numa situação de risco como essa? É muito importante conhecer esses equipamentos para poder, assim, confiar naquilo que você vai operar. Por isso, não é à toa que lemos e relemos manuais de aeronaves nos cursos práticos. Sendo assim, vamos tentar entender como funciona a maioria dos sistemas de auxílio de oxigênio, tanto para pilotos quanto para passageiros.

O primeiro ponto a se observar, num sistema de oxigênio de emergência, é que o suprimento dos pilotos é totalmente diferente do utilizado para os passageiros. O primeiro se encontra armazenado em um cilindro, e provê oxigênio puro para a tripulação. O sistema dos passageiros, por utilizar um cartucho químico chamado de “Oxygen Generator” (Gerador de Oxigênio), fica localizado acima da caixa onde as máscaras são armazenadas.

 As máscaras são acionadas por um sensor diferencial de pressão. Este libera um sinal elétrico que, por sua vez, aciona um dispositivo idêntico ao do sistema de extinção de fogo, disparando uma pequena ‘’carga explosiva’’. Este ponto é muito variável, pois nos modelos europeus e americanos, o acionamento ocorre por atuador elétrico. Já em modelos japoneses, brasileiros como os Embraer e também militares, se faz por carga explosiva. Essa carga não permite que haja o risco das mascaras não caírem.

O oxigênio então é liberado continuamente à menor tração da mangueira, fazendo a reação química ocorrer dentro do gerador de oxigênio. Esse sistema pode prover O2 por até 15 minutos sem problemas, levando em conta que o piloto consegue fazer o avião descer a uma altitude ‘’respirável ‘’ em cerca de 4 a 5 minutos. Uma coisa interessante desse sistema de máscaras dos passageiros é que, em função da reação química, ele pode gerar um calor de até 260°C rapidamente.

 O ar – e mais precisamente, o oxigênio – é um dos três fatores que estão intimamente ligados à condição física do ser humano. Alienar um fator, por qualquer que seja o motivo, acarretará em algum dano significativo à sua funcionalidade. E para um piloto, a funcionalidade durante o voo precisa ser, é claro, de 100% ou mais.

Com tudo que foi dito, podemos perceber que a hipóxia pode facilmente ser evitada. Muito embora seja algo silencioso, não superestimar seus limites e obedecer as mais simples regras pode ser a diferença entre um voo tranquilo, e uma experiência de risco que eventualmente vire estatística. Não fomos feitos para sair desse ‘’oceano’’, e estar em ambientes de grande altitude é um estímulo biológico agressivo ao nosso corpo, além de indutor de adaptações fisiológicas agudas. Para reforçar isso no encerramento da série sobre o tema, cito novamente os dizeres de Torricelli, de 1643:

“Vivemos submersos num oceano de ar que, mediante experiências inquestionáveis, sabemos ter peso.”

Eduardo Mateus Nobrega
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