Desde que me entendo por gente, me falam de poluição. Da fogueira que fazem na esquina naquele dia de frio até o carro velho do vizinho. Das chaminés de fábricas até a churrasqueira daquele amigo legal, que chama até a sogra para o churrasco. Mas uma hora o planeta pede água, pra não dizer outra coisa. E na Aviação não podia ser diferente.
Viajando pelas cercanias de um aeroporto (o de Cumbica, por exemplo), podemos encontrar várias “pérolas” dependendo do dia, sendo que são, em sua maioria, poluidoras e gastadoras de combustível: Um DC-8, um 707 ou até mesmo um Lockheed C-130 Hercules, da FAB. E dependendo do aeroporto, você pode encontrar um belíssimo Vickers VC-10 Da Força Aérea Britânica. O que essas máquinas tem em comum, fora a sua idade e serem beberrões e antigos? A poluição que emitem, seja sonora ou poluição da atmosfera.
Quando o motor a jato foi inventado, a sua principal vantagem era a velocidade que ele dava para os aviões, podendo substituir muito bem os antigos motores a pistão. Daí vieram vários tipos, como o 707, DC-8 e os Convair 880/990, além dos de Havilland Comet. E com a popularização dos dois primeiros modelos, os céus do planeta passaram a ficar mais escuros, como o ar da cidade de São Paulo.
Naquela época, o petróleo era baratinho, assim como a preocupação com o meio ambiente. Mas veio uma crise do petróleo na década de 70, que passou a buscar novos motores e aviões mais econômicos e rentáveis, como os turboélices. O petróleo não é eterno, e seu preço costuma aumentar e cair com muita freqüência (passe a reparar na gradual mudança de preços nas passagens aéreas). Quando ele acabar, o mundo vai parar. Um carro sem gasolina no tanque não anda, assim como um avião com os seus tanques vazios: também não voa. E é daí que sai o nosso texto dessa semana. Quem é bem informado sabe que está ocorrendo a conferência Rio+20, que está discutindo a poluição no mundo, para poder criar metas de um possível desenvolvimento ecologicamente sustentável, com a ajuda de novas tecnologias. E algumas dessas novas tecnologias são combustíveis mais “limpos”.
Aviões elétricos já são uma realidade. Usando baterias de energia solar, podem voar sem nenhum tipo de poluição emitida. Os testes já estão avançados, e o protótipo está se preparando para poder atravessar o Atlântico Norte. Mas ainda é uma alternativa. Outra invenção são os aviões movidos a etanol (aquele mesmo álcool usado em carros). Apesar de consumir mais, proporciona até 30% a mais de potência nos motores, e já está aprovado e homologado pelas autoridades (quase) competentes. Veja os Embraer Ipanema, usados na Aviação Agrícola. Mas por falta de verba, apenas uma aeronave Neiva T-25 Universal foi convertida para tal padrão.
Mas a aposta principal na Aviação Comercial são bio-querosenes, combustíveis vindos da natureza, não poluidores como combustíveis fósseis. E o Brasil pode ser um potencial produtor desses novos combustíveis. O bio-querosene vem da cana-de-açúcar, que também dá origem ao etanol, açúcar e cachaça, tendo como vantagem a quantidade de gás carbônico absorvida durante o seu cultivo ser a mesma que a produzida durante a combustão do querosene.
As companhias aéreas estão tão otimistas que pretendem fazer voos com esses combustíveis derivados amanhã (dia 19). Uma aeronave Embraer 195 da Azul partirá do Aeroporto Internacional de Viracopos e pousará no Aeroporto Santos Dumont, com os tanques cheios desse novo bio-querosene, assim como a Gol, que demonstrará em um voo da Ponte Aérea rumo ao Rio de Janeiro. Os voos serão amanhã, e servirão para demonstrar a viabilidade desses novos combustíveis.
Outro projeto prevê a cobrança de uma taxa aos passageiros com destino a Europa, para “compensar” a quantidade de gás carbônico emitida pelas aeronaves que fazem as rotas. De acordo com o projeto, “será cobrada uma taxa por tonelada de gás emitida”. O projeto gera uma discussão até hoje. Entre esses projetos, o que poderá ser mais eficiente em minha opinião, é o do avião elétrico, pois com esse nosso Sol que nos proporciona tanto calor, a aviação e tantos outros meios de transporte deixariam de poluir, e muito. Mas nada disso depende de mim, mas das cabeças que lideram o planeta.
Não quero ser pessimista, mas talvez essas tecnologias provavelmente irão entrar em serviço a partir de 2030, quando o petróleo tiver acabado, levando continentes a falência e literalmente “parando” o mundo. Mas isso é só uma previsão capitalista.
A pergunta que deixo para você essa semana é simples: Qual combustível renovável poderá emplacar na Aviação? Deixe sua opinião nos comentários.
That’s all folks.
Antonio Ribeiro
18/06/2012
- Voando de São Paulo ao Sul de anfíbio - 02/02/2024
- A automação acabará com os pilotos? - 02/09/2022
- Pilotos podem ter tatuagens? - 11/08/2022