Formação de Piloto Comercial nos EUA 03

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Formação de Piloto Comercial nos EUA 03
Texto: Roger Marcellus – Vitrine: Eduardo Godoi

Saudações leitores do CP,

Meu nome e Roger Marcellus e esta é a coluna Formação de PC nos EUA!

O dia 21 de outubro de 2012 marcou a minha vida, foi o dia do meu checkride do PPL. Estava muito feliz quando pousei em VKX com meu certificado, meu instrutor também ficou muito satisfeito e para comemorar me chamou para voar em seu avião.

Meu instrutor, assim como a maioria dos instrutres por aqui, é aposentado da Air Force, com muitas milhares de horas nas costas, ele é proprietário de um Cessna 170B vermelho e branco. Para quem não conhece a aeronave, o C170B é uma aeronave monomotora a pistão, com quatro assentos e trem de pouso convencional. Já havia sido convidado para voar nessa aeronave antes, porém recusei pois não tinha nenhuma experiência em aeronaves convencionais.

A missão do dia seria, no mínimo, diferente. Iríamos decolar,  manter 1300 pés de altitude para evitar entrar no espaço aéreo de Washington e de Baltimore. Nada muito complicado certo? Errado, Perto de Baltimore teríamos uma janela de apenas 5NM para não invadir o espaço aéreo classe B. Menos de uma semana depois de receber meu certificado, já poderia perdê-lo.

As cinco e meia da manha meu instrutor chegou aqui em casa, para planejarmos o voo, planejamento feito, nós ligamos para o aeroporto (617 262 3825 cód 859) para ouvir as condições do tempo. Boas notícias, CAVOK. Fomos para o aeroporto ainda discutindo como seria nosso voo.

Ao chegar, verificamos a quantidade de combustível na aeronave e fizemos os checks de sempre. Aeronave pronta, ligamos para o hotline da área de Wahington para mandar o plano de voo, aproveitamos também para checar com eles a condição da rota e os NOTAMs, tanto da origem e destino quanto de nossa alternativa (Carrol County Airport – KDMW).

Após tudo isso ligamos para o TRACON para solicitar um código de trasnponder para nosso voo. Transponder anotado voltamos a aeronave e nos preparamos.

Nesse momento meu amigo/instrutor perguntou se eu queria voar no lado direito ou esquerdo, como sou muito humilde e modesto (para não falar medroso) fui no lado direito mesmo. Demos a partida, recolhemos os flaps, taxiamos até o ponto de espera da pista 24 em VKX, fizemos os checks e então chamamos a Unicom local:

– Potomac trafic, Cessna 93C is departing, rwy 24, Potomac. (Tráfego do Potomac, Cessna 93C decolando da pista 24, Potomac)

Aplicamos potência máxima, para essa decolagem meu instrutor assumiria e eu estaria com as mãos nos controles também. Quando atingimos nossa velocidade de decolagem subimos suavemente. Fiquei impressionado ao ver como a aeronave é “macia”, muito mais dócil do que o C172.

Cerca de cinco minutos após a decolagem meu instrutor assumiu os controles e eu fiquei responsável pela navegação e pelo rádio. A aeronave voava gostosa em direção a bacia do chesapeake quando avistamos o aeroporto de Annapolis, nosso último checkpoint antes do corredor de cinco milhas entre KBWI e KDCA.

Uma coisa muito legal sobre esse voo, seria meu primeiro voo em uma aeronave não possui GPS ou VOR, por isso fiquei feliz ao ver o aeroporto de Suburban(w18) que fica exatamente no meio do corredor. Estavamos aproando o aeroporto, ou seja, estavamos bem no meio, foi quando meu instrutor disse:

– You got the controls, I have radio and Navigation. (Você pilota, eu faço a comunicação e vou monitorar a navegação)

Aprendi uma lição muito importante com isso, nunca troque o navegador em um lugar complicado como esse corredor. Já haviamos saído do corredor e procuravamos pelo aeroporto de Ghaitersburg, que fica em uma região de bosque. Porém na nossa proa tinhamos somente um lago.

Nesse momentos decidimos solicitar ao ATC um vetor para DMW. Mesmo estando VFR em espaço aéreo classe G, fomos auxiliados pelo pessoal do ATC e descobrimos que estavmos muito fora de rota.

Assim que avistamos DMW dispensamos a ajuda do ATC e prosseguimos para nosso destino final, o aeroporto de Frederick, MD sede da AOPA (Aircraft owners and Pilots Association), onde meu instrutor trabalha.

Frederick tower, Cessna 93C is 10NM out approaching from the southeast requesting full stop landing (Torre de Frederick, Cessna 93C está a 10NM, aproximando pelo setor sudoeste, solicitando pouso completo.

– Cessna 93C, FDK tower, roger. Rwy in use 05, be careful to four aircrafts on pattern. Call on base (Cessna 93C, torre de FDK, roger, Pista em uso 05, atenção para quatro aeronaves no circuito, chame girando base)

Apesar de termos quatro aeronaves no circuito, seriamos a quinta, alguns ainda aguardavam para decolar. Esse aeroporto é bem movimentado, devido a AOPA. Ficamos bem atentos para todos as outras aeroanves, quando giramos base chamamos novamente

– FDK tower, 93C is on base, rwy 05 visual with traffic on pattern (Torre de FDK, 93C girando base pista 05, visual com tráfego no circuito).

– Cessna 93C, roger.

Alguns segundos depois:

– Cessna 93C, cleared to land, rwy 05, wind 050 with 11kts altimeter 2996, after landing clear rwy ASAP and call FDK ground on 121.975 good day (Cessna 93C, autorizado pouso, pista 05, ventos de 050 com 11kts, altímetro 29.96, após o pouso livre a pista o mais rápido possível e contate solo FDK na frequencia 121.975, bom dia).

– Clear to land rwy 05, will clear rwy ASAP, good day

Meu instrutor fez o pouso, e livramos rapidamente a pista chamamos o solo e vimos um C172 alinhar para a decolagem. Taxiamos até o prédio da AOPA, estacionamos e amarramos a aeronave. Ainda eram 10 da manha, o dia estava só começando.

Na próxima semana vou contar o que aconteceu no resto do dia e no inesperado retorno noturno.

Até a próxima

“Fly smart, fly safe, fly back home”

Renato Cobel
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