Saudações leitores do Canal Piloto,
Eu sou Cláudio Motta, e essa é a coluna sobre Formação de PP nos EUA.
Hoje, vou falar um pouco sobre Curso Superior nos EUA. Pelo que eu vi na internet, e em conversa com a galera que cursa PP e PC no Brasil, Curso Superior em Aviação apesar de ajudar com uma possível contratação por alguma empresa aérea, não é necessário, e o que todos me dizem é a mesma coisa, “Piloto sem faculdade ainda é piloto, bacharel sem licença não pode voar” ou coisas do tipo.
Então, em conversas com a galera na realizando a formação aqui nos EUA, com os CFI e em algumas pesquisadas na internet, descobri que, por aqui, a maioria das companhias, inclusive as regionais, pedem uma faculdade como um dos requisitos para a contratação. Porém, essa faculdade não necessariamente tem que ser na área da Aviação, o que pode ser bom por, primeiro, sair mais em conta do que uma faculdade de Ciências Aeronáuticas, Segurança da Aviação, Aviação Civil, ou algo do tipo, e também por servir como um “plano B” caso por algum motivo você não possa seguir a carreira na aviação.
Porém, pelo que pude entender (que é algo mais ou menos lógico), as empresas dão preferência ao pessoal com diploma na área da Aviação. Obviamente, se o sujeito possui um logbook bem ‘rabiscado’, a experiencia se balanceia com um community college qualquer.
Mas então, por que eu resolvi falar disso? Creio que poucos de vocês sabem, mas estou atualmente no Junior Year (3°) da High School, equivalente ao Segundo ano do Ensino Médio no Brasil. E, devido a que as universidades aqui nos EUA se baseiam pelo seu histórico, GPA (média de todas as notas transformada em uma escala de 4.0), ACT e SAT (algo tipo um ENEM da vida e/ou um vestibular universal), é a hora certa de começar a buscar universidades, e ver o que preciso melhorar para ser aceito, sem contar em tentar me qualificar para ganhar bolsas.
Duas semanas atrás, mais precisamente no dia 2 de Janeiro, eu visitei a Embry Riddle Aviation University, simplesmente a melhor universidade nos cursos de Engenharia Aeroespacial, Ciências Aeronáuticas, Segurança da Aviação e, se não me engano, Controle de Trafego Aéreo. Sinceramente falando, eles merecem o título.
O campus que eu visitei fica conectado ao Aeroporto de Daytona Beach, FL e eles possuem 72 aeronaves de instrução ativas, e algumas outras para ‘flying clubs’, como planadores, aeronaves experimentais projetadas por alunos e aeronaves acrobaticas.
Dentro da universidade, eles possuem 9 simuladores de Cessna 172, 2 do Diamond DA-42, 2 simuladores de crosswind taxi (nunca tinha ouvido falar de algo do tipo), e no dia da minha visita, estava sendo instalado um simulador de CRJ e um outro com instalação programada para o segundo semestre.
Para o pessoal que está no ROTC (um programa militar que forma oficiais após o termino da faculdade) eles têm simuladores de aeronaves militares tripuladas e não tripuladas, de fato um dos cursos oferecidos, é o de projeto e operação de aeronaves não tripuladas.
Outra coisa que eu achei bem interessante por lá, é que como a maioria dos alunos de Ciências Aeronáuticas normalmente realizam toda ou pelo menos a parte final da formação pratica com eles, a partir do Junior Year, quando normalmente os alunos estão finalizando PC+IFR e começando o CFI, os próprios alunos passam a dar instrução para ganhar horas e consequentemente abater um pouco a tuition (que por sinal é muito cara), mas disso eu vou tratar mais em baixo.
Outra coisa bastante interessante é que eles te dão um ‘flight block’, como se fosse uma outra matéria normal, em que ao invés de você ir para a sala de aula, você vai voar, para o simulador ou pra uma sessão teórica com o seu CFI. Ou seja, não importa o que aconteça, Seg/Qua/Sex ou Ter/Qui/Sab, você vai voar, vai para o simulador caso São Pedro não ajude, ou vai se preparar para algum exame que está se aproximando (não me lembro bem, porém acho que eles usam o Part 141, ou um sistema parecido).
Para os non-flight students, eles também possuem ótimas instalações, a galera de Engenharia Aeroespacial, por exemplo, tem a opção de se especializar em aeronaves ou espaçonaves caso você resolva se especializar em Aeronáutica, Propulsão Espacial, ou Astronáutica. Caso você escolha a opção de Aeronáutica, eles fazem você projetar aeronaves, construir parcial ou totalmente as aeronaves em escala ou em tamanho real, e nada de encomendar peças, a maioria das peças são fabricadas lá mesmo.
Caso resolva se especializar em Astronáutica, os estudantes de lá estão construindo nada menos que um satélite que, segundo o planejado, entrará em orbita em 2016.
Para os mecânicos, eles tem uma sala de motores doados pela Rolls Royce. Se não me engano e bem me lembro, a sala tem desde motores a pistão até alguns Trent 500’s.
Eles também possuem outros cursos como, Física, Engenharia Civil, Ciências da Computação (não sei qual seria o nome correto em inglês) entre outros, e estão construindo um novo prédio para a área de biologia, porém todos os cursos, até o momento, são voltados à área de aviação, por exemplo em Engenharia Civil, você tomaria todas as aulas que as faculdades normalmente oferecem mais algumas aulas sobre projeto aeroportuário.
Então basicamente você faz um bom estagio na própria universidade e todos os projetos que os professores pedem, levam seu nome na patente, então pode ser que um dia você não precise mais sair procurando emprego e crie sua própria linha aérea com a fortuna que você vai fazer vendendo uma dessas patentes (ai eu caí da cama e acordei rsrs).
Então, agora vamos ao que realmente interessa, quanto eu teria que desembolsar?
O preço pela tabela é de $56,000 por ano ($41,000 para non-flight students) com tuition+alojamento+14 refeições semanais.
É muito dinheiro? É. Do meu ponto de vista, baseado no que me falaram, vale a pena, e muito!
Considerando que 70% dos pilotos recém formados que são contratados saíram de lá, e que em media em até 2 anos 90% dos formados estão trabalhando na área que desejavam, é algo que sem duvida vale à pena.
Aí você pensa: “Poxa, mais isso é 4600 dólares por mês é muito. Se compararmos o salário mínimo brasileiro com o americano, e adicionando varias bolsas pequenas que você venha a conseguir (aqui só faltam dar bolsas pelo dia do seu aniversario), somando 500 de uma 600 de outra, você vai ver que é quase a mesma coisa que uma Anhembi por exemplo”.
Por tanto, do meu ponto de vista, para o mercado americano eu daria esse dinheiro com um sorriso no rosto (se eu tivesse ;S).
Conclusão: É muito caro, porém a experiencia vai ficar para o resto da vida, sem contar que todas as portas do mercado de trabalho se abrem para você (mais uma vez, aqui nos EUA, não creio que isso tenha algum valor no Brasil).
Para quem quiser dar uma olhada, acessem o site da universidade.
E só para esclarecer, isso é apenas a minha opinião, o meu ponto de vista. Se você pensa diferente, deixe um comentário e sua opinião poderá virar o tópico de um texto futuro.
Cláudio Motta