Livre Pouso 08

posted in: Helena Gagine, Textos | 4

“Haverá hoje, talvez, quem ridicularize minhas predições sobre
o futuro comercial dos aeroplanos. Quem viver, porém, verá”

O.L.A. querida tripulação.

A frase acima foi dita por um tal de Santos Dumont, um rapaz que eu não sei se vocês conhecem… Fico imaginando se ele fosse vivo para ver o que nos tornamos…

Mais de 100 anos se passaram e, falando só do nosso “quintal” das asas rotativas, hoje somos mais de 1.900 helicópteros no país com uma concentração de 70% somente no Sudeste.

São Paulo já passou a marca das 400 máquinas e é a 1ª colocada entre as cidades do mundo na frota total das aeronaves, superando de longe a antiga líder New York.

Somos mais de 3.000 pilotos de helicópteros, responsáveis por cerca de 2.000 operações diárias e sobrevoamos um dos espaços aéreos mais bem controlados do mundo com suas CTRs, ATZs,TMAs e REHs, rotas exclusivamente dedicadas a nós. E os números continuam crescendo…

O nosso SRPV-SP (Serviço Regional de Proteção ao Voo) com sua área controlada nos arredores de Congonhas e eixo Rio-São Paulo é exemplo para o resto do mundo.

O quadrilátero criado por eles, carinhosamente chamado de “Chiqueirinho” por nós, é um modelo supereficiente para controlar o tráfego e extremamente necessário para “proteger” o Aeroporto do intenso fluxo de helicópteros dos seus arredores.

É nesta região onde se concentra o principal centro comercial, executivo e financeiro da cidade. Para termos dimensão de quão este sistema simples de funcionamento, porém avançado de conceito é famoso e reconhecido mundialmente, um dos países mais interessados nele é o Japão, sendo Tókio a 3ª colocada na frota. Parabéns à nossa FAB!

Ingressar na área do Controle São Paulo sempre fez parte do treinamento de qualquer piloto. Quando eu era PPzinha ficava repetindo várias vezes o que eu iria falar para o Controle na fonia, pois tudo ali precisa ser bastante agilizado, já que há um limite de 6 aeronaves por vez naquele espaço.

Ou seja, o nosso simples treinamento e sobrevoo pelos mais badalados pontos da cidade (principalmente no voo noturno) poderia ocupar o lugar de um helicóptero que precisasse vir para pouso na região, mas ficaria impossibilitado de entrar por causa de uma espécie desconhecida e gaga de piloto… Isso sem contar o próprio fluxo do Aeroporto de Congonhas.

Logicamente, a demanda por instrução teve crescimento proporcional ao restante da aviação e o sistema começou a ficar sobrecarregado. Por isso, o DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) restringiu a nossa circulação a algumas “janelas” do horário de pico em Congonhas.

Veja o NOTAM publicado em 12 de julho e com validade inicial até 01 de outubro na AIS Web, nós não podemos entrar na zona de controle, diariamente,  das 09 às 13h, 16 às 18h e entre 20 e 23h.

A medida foi bastante criticada, principalmente pelo Taxi Aéreo, mas muito provavelmente a validade deste NOTAM será estendida e teremos que nos adaptar às novas regras… Leis da boa vizinhança para melhor convivermos…

Por isso, piloto, preste bastante atenção nas suas aulas de Regulamentos de Tráfego Aéreo, pois essa matéria te acompanhará para todo o sempre… AMÉM!! Achou que era só decorar o que está na apostila para fazer a prova, né? Negativo, Cmte.!! Vá já para a AIS Web e baixe a AIC 05-10, junto com todos os anexos, e estabeleça procedimento visual no material.

Os instrutores agradecem e os controladores de voo também!

Livre Pouso, no Canal Piloto, pro corte!

Helena Gagine 

Renato Cobel
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