Livre Pouso 16

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“Céu pedrento, é chuva ou vento… Neblina que baixa, é sol que racha…”

O.L.A. queridos leitores!! Sim, hoje falaremos sobre ela, a nossa querida D. Meteoro, que esteve conosco em vários textos nesta Coluna!!

Quando vamos viajar olhamos a previsão do tempo para saber se vai chover ou fazer sol. Para a agricultura é importante saber se haverá estiagem ou geada. Fazemos isso porque fatores climáticos influenciam diretamente em nossa tomada de decisão… E, para a aviação, esses fatores não só influenciam como são cruciais na nossa atividade, pois uma decisão errada poderá ser fatal.

As criaturas da minha espécie costumam se materializar como seres divinos chamados MÃE ou VÓ. Quando nos dizem “Leva a blusa que vai esfriar!” ou “Leva o guarda-chuva que vai chover!”, seriam elas videntes paranormais influenciadas pelo sexto sentido feminino? Negativo, Comandante!! A isso damos o nome de observação.

Para ser Piloto, temos uma disciplina unicamente dedicada aos fatores climáticos que influenciam a nossa atmosfera, na qual aprendemos a fazer observações com relação à altura, quantidade e características das nuvens, velocidade e direção dos ventos, pressão atmosférica, temperatura do ar, bem como interpretar os dados divulgados pelo DECEA na ferramenta nossa de cada dia chamada REDEMET.

De acordo com as condições atmosféricas, podemos seguir o que chamamos de voo Visual (VFR – Visual Flight Rules) ou por Instrumentos (IFR – Instrument Flight Rules). Para a prática de um voo VFR seguro, é imprescindível respeitar as suas regras, que definem limites para as distâncias verticais e horizontais mínimas, tais como teto e visibilidade durante todo o percurso. Já para o voo IFR, tanto a aeronave quanto o piloto precisam de recursos diferenciados para a operação, passando a operar sem nenhum contato visual externo, somente obtendo indicações dos instrumentos devidamente homologados. Basicamente, é como se estivessem em uma caixa fechada tentando chegar ao seu destino.

E, por incrível que pareça, apesar de nos ensinarem a observar os fenômenos atmosféricos e a seguir os regulamentos aeronáuticos, temos uma grande “questão meteorológica” a ser solucionada. Ela não está ligada à técnica do piloto, mas sim, ao seu comportamento e tipo de doutrina oferecida em sua formação, uma vez que muitos acidentes ocorrem pelo excesso de confiança dos pilotos em decolarem sob condições climáticas não favoráveis para um voo seguro… O famoso “Vai que dá!”.

O CENIPA está repleto de casos em que pilotos decolaram em condições duvidosas para um voo VFR (VMC – Visual Meteorological Conditions) e, durante o voo, entraram em condições IFR (IMC – Instrument Meteorological Conditions). Muitos casos acontecem por uma repentina degradação meteorológica, mas a grande maioria ocorre porque pilotos ignoraram os alertas e indícios de mau tempo, muitas vezes, agregando a isso, viagens para regiões com geografia desconhecida ou montanhosa.

Prosseguir com um voo VFR em condições IMC é uma das categorias mais típicas e com índices altíssimos de fatalidade nos acidentes aeronáuticos. A perda das referências visuais, por diversos fatores relacionados à fisiologia de voo, leva o piloto à desorientação espacial e consequente perda dos comandos da aeronave. Além disso, como fator contribuinte, ainda existe o grande risco de colisão com terreno acidentado ou estruturas no solo.

Portanto, criaturas pilotos, tenham em mente que sua teimosia e falta de análise poderá ser fatal e provocar consequências catastróficas ao Sistema de Aviação Brasileiro. Queremos ser pilotos e não estatísticas, certo ?

A mídia de hoje foi feita por um amigo querido e mostra, claramente, de quantas estações pode ser feito um único dia!

Livre Pouso, no Canal Piloto, pro corte!

Helena Gagine 

Renato Cobel
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