Nas asas da Tecnologia 05

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A aplicação do modelo SHEL na aviação

 O modelo SHEL, como instrumento de análise dos Fatores Humanos, foi desenvolvido inicialmente por EDWARDS (1972), e publicado por HAWKINS (1974), alguns anos depois, num trabalho na Comunidade Européia. O modelo é internacionalmente reconhecido pela união das letras S H E L, as quais  representam as iniciais das palavras dos seus componentes:

a) S (Software);

b) H (Hardware);

c) E (Environment), e;

d) L (Liveware).

Para se buscar um bom nível de interação de todos os componentes apontados pelo modelo SHEL é necessária à compreensão de algumas características do seu elemento focal, o ELEMENTO HUMANO.

Detalhando o modelo SHEL:

• Interface Liveware x Liveware (Elemento Humano x Elemento Humano): Esta interface, LL, refere-se aos relacionamentos interpessoais que se estabelecem no ambiente de trabalho. No caso da atividade aérea podemos incluir, entre tantos outros, as relações entre os integrantes de uma tripulação, deles com os passageiros, com outros funcionários do sistema e com os controladores de tráfego aéreo, para citar os mais evidentes;

• Interface Liveware x Hardware (Elemento Humano x Equipamento): A interface LH refere-se à adaptação das características físicas do equipamento às capacidades e limitações dos seres humanos. Ela engloba os dispositivos de informação, os controles ea relação entre os dispositivos e os controles. É mais conhecida no meio aeronáutico como a relação Homem/Máquina;

• Interface Liveware x Software (Elemento Humano x Programas de Suporte Lógico):

Esta interface (LS) reflete a relação entre o indivíduo e os sistemas de apoio disponíveis para o desempenho do trabalho profissional. Incluem-se nesta interface requisitos normativos (qualificação, certificação e habilitação), regulamentos, materiais impressos (manuais e publicações), checklists, procedimentos operacionais (SOP), automação (Piloto Automático, EGPWS, TCAS, FMC, ACARS, etc.) e os programas de computador.

• Interface Liveware x Environment (Elemento Humano x Ambiente): Esta interface foi a primeira a ser reconhecida na aviação como de importância para a Segurança Operacional. Ela reflete a relação do indivíduo tanto com o ambiente físico, interno e externo, como com o ambiente organizacional.

O ambiente físico interno se constitui da área de trabalho imediata, que para os tripulantes técnicos é o cockpit (ou flight deck), local onde tudo acontece com dinamismo e complexidade, podendo afetar diretamente a rotina operacional (problemas com passageiros, com panes de sistemas da aeronave, com atrasos por falta de logística empresarial adequada, etc.).

Já o ambiente físico externo é o que está fora das fronteiras do interno e muitas vezes sujeito a mudanças rápidas e alheias à vontade dos pilotos (meteorologia, modificações nas autorizações de tráfego aéreo, congestionamento do espaço aéreo, restrições de infra-estrutura, etc.).

Tal qual os seres humanos, as organizações têm cérebro, corpo, personalidade, objetivos e lutam para sobreviver num meio em constante evolução. Por isto, a forma de gerenciamento dada à Cultura Organizacional das empresas aéreas tem influência direta ou latente na Segurança Operacional, considerando que ela é a personalidade da instituição.

Assim, através do modelo SHEL, consegue-se analisar o nível de integração do elemento humano com as outras interfaces da atividade, permitindo um diagnóstico acurado do nível de interação no ambiente operacional.

Rodrigo Almeida
engflorribeiro@yahoo.com.br

Renato Cobel
Redes