Prático de Piloto Privado 20

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Saudações Comandos.

  Cheguei ao aeroclube para minha quarta hora de TGL.
Levei uma mochila com travesseiro, cobertor, objetos de higiene pessoal, câmera e o que podia para dormir no aeroclube, porque consegui uma hora de voo para o dia seguinte.

  Como cheguei cedo, aproveitei para me alimentar bem e fazer alguns minutos de nacele.
Apresentei-me para o voo, soube qual aeronave eu iria voar e fui inspecioná-la antes de conversar com o instrutor. Este já era um instrutor antigo da casa, e eu já tinha feito alguns voos com ele.

  Fomos ao briefing para conversar o que faríamos em voo.
O procedimento é o mesmo:
* Decolar e fazer o cheque de 500’.
* Manter o circuito fazendo curvas de pequena inclinação e subindo até 1000’ AGL.
* No último terço da pista, abrir o ar quente, e no través da cabeceira iniciar o voo planado (1000 RPM, 65 MPH), compensando a aeronave e rodando base e final.
*Cruzando a cabeceira, devemos quebrar o planeio e arredondar a aeronave suavemente até estolar e tocar de três pontos.

  Teoricamente eu sei tudo o que fazer, mas existe uma grande diferença entre saber o que fazer e efetivamente fazer. No livro não tem um vento de 10kt de través virando as páginas, térmicas e muito menos urubus entre as letras.

  Como só aprendemos voando, fomos notificar o voo.
Taxiamos até o ponto de espera, olhei para a biruta e o vento estava tranquilo.
Ingressei na pista, alinhei a aeronave, neutralizei os pedais, tirei os calcanhares do freio e apliquei toda potência.

  O Paulistinha tem uma leve tendência para a direita devido ao torque do motor.
Com isso, na decolagem já nos antecipamos calçando o pedal esquerdo bem de leve. Com o aumento da velocidade e mais energia envolvida, temos aplicar um pouco mais de pedal.

   Lá estava eu aplicando levemente o pedal esquerdo enquanto corria a pista, quando houve indicação de velocidade. Levei o manche à frente e quando a cauda levantou, a aeronave ficou mole. Eu aplicava pedal, mas ela não respondia como eu queria. Apliquei mais pedal e aeronave virou rápido, quase indo para a grama, no reflexo e no instinto, apliquei pedal direito meio afoito. Logo aeronave virou rapidamente para a direita. Para corrigir, apliquei pedal esquerdo novamente, o que causou um zigue-zague.

  Rodei a 60 MPH, subi a 65 MPH. Aí fica mais tranquila a situação. Com a aeronave controlada, fiz todo o circuito bem tranquilo, rodei base e final. Cruzando a cabeceira, iniciei a quebra de planeio e a fiz errado. Trouxe a aeronave bem devagar – precisava de mais agilidade -. O que acontecia, é que eu entrava de roda na pista. Quando sente a pancada, logo vem uma decepção, algo como “Por que eu não cabrei um pouco mais? Assim evitava esse impacto forte”.

  Completei o motor e arremeti fazendo zigue-zague. Fora do solo é tudo muito fácil e simples, mas decolar e pousar ainda são coisas de outro mundo. Depois de cinco pousos, taxiamos até o pátio e fizemos o debriefing.

  Na conversa, o instrutor me mostrou os meus erros. Fiquei triste por já ter conhecimento de onde precisava melhorar antes do voo, mas mesmo assim eu não consegui acertar.

  O INVA me aconselhou a fazer mais horas de nacele. Ele disse: “Entra no avião e fica lá sem fazer nada, apenas observando e se acostumando com a aeronave. Observe a atitude do avião, isso vai te ajudar muito”.

  Aproveitei que dormiria no aeroclube para ficar fazendo as horas de nacele. Fui à cidade para conhecer a região, voltei ao aeroclube para dormir, já que no dia seguinte tinha um voo cedo.

Semana que vem mais uma hora de TGL.

Bons Pousos.
R. Torquato.

Renato Cobel
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