Quero, mas não posso | Minha Proa: 066

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Quem quer, encontra um meio. Quem não quer, arruma uma desculpa – Frase de sermão, mas aplicável a muitas situações.

Em minha maratona rotineira de escutar meus podcasts favoritos, estava acompanhando mais um, sobre um tema de tecnologia. Na leitura de e-mails e comentários ao final do programa, os hosts leem a mensagem de um ouvinte, que dentre seus comentários, relata que apesar de desejar muito entrar para o Exército, ele deixaria essa oportunidade passar, unicamente por não ter capital para comprar a passagem de ônibus até o local do exame físico, longe da cidade onde mora.

Diante do problema engrandecido pelo ouvinte, mas simples na visão de um dos hosts, ele logo cita algo como:

– Ora, mas se é seu sonho, porque você não vende alguma coisa da sua casa, como esse computador pelo qual você nos enviou essa mensagem?

Retrucado pelo outro host dentro do tom de humor do podcast, o primeiro logo complementa sua sugestão aparentemente radical:

– Se essa é a única barreira pra esse caso, ele pode vender o computador, entrar para o exército, e quando já estiver no treinamento recebendo o pagamento inicial, ele compra outro se for o caso.

É uma solução com raciocínio lógico, mas como sai da zona de conforto dos envolvidos, soa inicialmente como enérgica demais. Mas não é.

Quando escutei isso, logo me lembrei das centenas de casos semelhantes que vi pela aviação ao longo do tempo, expondo esse mesmo problema como um impeditivo para a pessoa seguir em frente.

“Eu não tenho dinheiro”, “Não consigo financiamento”, “Moro longe demais”, “Minha família não pode me ajudar” – Ou seja, muitas pessoas partem do princípio de que boa parte daqueles que já conseguiram se formar na aviação, são indivíduos sortudos que nasceram em uma família rica e são vizinhos do aeroclube/escola. Mas a realidade está longe desse estereótipo.

Dentre os vários amigos que fiz dentro da aviação, divididos nas diferentes modalidades de formação existentes, todos tiveram que fazer sacrifícios, assumir riscos, ou investir tempo para conseguirem se formar.

Mesclando algumas histórias de amigos que tenho, imagine o exemplo de um rapaz que realizou sua formação no exterior, buscando melhor qualidade ou agilidade na instrução. Se a formação aeronáutica no Brasil já é algo caro, ir voar lá fora é coisa de uma casta muito mais superior, certo? Errado.

O fator determinante nesse exemplo não foi o capital e sim o planejamento. A família dessa pessoa era de classe média baixa, ela teve de trabalhar diversos anos em uma segunda profissão para angariar fundos, e quando já estava em uma situação financeira estável, vendeu seu automóvel e bens, se mudou para uma casa menor, e contou com o investimento de sua esposa. Tudo isso para se formar da maneira que ele julgava ser a melhor para seu caso.

Em resumo, as pessoas que se formam na aviação não ganharam na loteria, e nem receberam a herança de um tio rico.

Planejamento foi a base deles, e também pode ser a sua.

Alexandre Sales
Redes
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