5 considerações sobre o Bird Strike

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Dentre os incidentes que podem ocorrer durante o voo, o Bird Strike é um dos poucos que pode acontecer independente de uma ação inicial do piloto. Portanto, pode ocorrer com qualquer um.

Para podermos nos livrar de entrar nas estatísticas quando possível, vejamos algumas considerações:


“Pássaros são EVIL”

Essa é uma pequena piada recorrente na aviação, que visa ressaltar o perigo que qualquer objeto rebelde quanto às regras de tráfego aéreo representa para a aviação. Pássaros não possuem CCT.

Antes que os amantes dos pássaros apareçam, é claro que eles não são diabólicos por natureza. Entretanto, essa piada tem a mesma função de outras que contavam para crianças, como “Brincar com fogo faz você molhar a cama” ou “Se não se comportar durante o ano, o Papai Noel não traz presente”.

Com isso, ao invés de explicar pra um aluno novato durante o voo o perigo técnico que os pássaros causam, as vezes um “Fica longe daquilo que o bicho é doido” é mais fácil.


Não os subestime

Agora vamos entrar no lado lógico da análise.

Durante sua vida, você já deve ter visto fotos de pilotos de asa delta, parapente ou planador, voando em ala com pássaros. Um imagem tão simbólica quanto os pterodáctilos voando ao lado do helicóptero no final do Jurassic Park.

No caso do pessoal do voo livre isso acaba sendo algo positivo, pois os pássaros acabam ajudando estes a encontrar as térmicas da área, a fim de planar por mais tempo. Porém, isso não se aplica aos aviões e helicópteros;

Você está em uma aeronave rápida, que ao se chocar com o pássaro pode sofrer dano não apenas na estrutura mas também em seu motor, transformando seu equipamento em um planador de 700kg.

Sendo assim, ao ver um bando de pássaros adiante, não tente voar em ala, passar perto, ou na pior das hipóteses, tirar fotos. Além do perigo devido à sua falta de ação evasiva, os próprios pássaros podem se assustar e desviar para qualquer lado, inclusive para a frente de sua aeronave.

Não os subestime. Comece a desviar assim que os visualizar.

Veja pássaros, mas desvie como se eles fossem pterodáctilos.


Tamanho não é documento

Há uns urubus gigantes voando por aí, mas um quero-quero, pombo, andorinha, são inofensivos perante nossa grande aeronave, não?

Você já deve ter visto em reportagens sobre acidentes o narrador falar algo como “e a colisão teve uma força de 200 Kg sobre a vítima” – Devido à sua velocidade em relação ao pássaro, a lógica é a mesma.

Soma-se a isso o fato das aeronaves serem construídas para serem leves, e não para serem blindados voadores. Um choque no lugar certo (na verdade, no lugar errado) pode quebrar o vidro frontal, danificar a hélice, ou encher seu filtro de ar do que era até então um pássaro.

Portanto, devido à velocidade que sua aeronave pode chegar em certas fases do voo, até um pequeno pássaro bonitinho e fofinho é um perigo real. Ainda mais quando ele voa junto com sua turminha de amigos.


Quanto mais rápido, mais cautela

Levando em conta o que vimos no tópico anterior, é importante que um piloto assimile tal conhecimento desde o PP, vendo que a tendência é que ele siga a pilotar aeronaves com performances cada vez maiores durante sua carreira.

Se migrar de um Cessna 152 a um Seneca já é um salto gigante, calcule voar sua primeira aeronave a reação.

Adicione nessa cesta o detalhe de que durante essa evolução sua responsabilidade também aumenta, vendo que você não é mais o único naquela aeronave, e possui agora outras pessoas dependendo de você.

Portanto, multiplique sua atenção. Nunca se sabe quando você precisará pousar no Rio Hudson. (Ou no Tietê, o que complicaria mais ainda).


Se o pior acontecer, proteja-se

Entretanto, apesar de todas as informações citadas até o momento, prevalece o que foi mencionado na introdução desse artigo.

Podem ocorrer vezes em que o pássaro que virá a colidir com sua aeronave esteja apenas segundos adiante, não havendo tempo para um desvio com sucesso. Nesse caso, se ainda houver tempo, procure proteger aquilo que normalmente é mais atingido: sua face, e principalmente, seus olhos.

Quando o pássaro acerta o bordo de ataque da asa, pá da hélice ou motor, o estrago está feito, porém sem dano ao piloto. No outro extremo, estão as vezes em que o pássaro estilhaça o vidro frontal, lançando o próprio corpo, e os estilhaços, contra os pilotos.

Abaixe-se, cubra o rosto ou equivalente. Lembre-se que dentre todos os bens que podem ser danificados, o único que precisa realmente ficar intacto é seu CMA.

Alexandre Sales
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