A Vida de um Futuro Piloto 09

posted in: Fábio Miguel, Textos | 0

E aí Cmtes, tudo tranquilo? Maravilha!

A solução era um pouso em frente. Porém, o BLO ainda não tinha conseguido ganhar altitude suficiente e nem velocidade. Ao fazer o pouso em frente, pode-se dizer que o toque foi digno de um pouso com pane: Um catrapo à baixa velocidade. Logo retomei os manetes e full potência a fim de decolar antes do fim da pista, o que era muito bom de acontecer.

Ao decolar definitivamente, ouvimos na fonia um quarto tráfego que também entraria em TGL. Agora que ia ficar ruim de vez para fazer a aula. 4 tráfegos em TGL. Bom, já estávamos no ar, decidimos continuar com a aula.

Assim que decolamos, o BTW nos seguiu pelo tráfego padrão. Nele estavam a aluna Aline a instrutora Boni. Enquanto os dois C150 efetuavam o circuito pela esquerda, os dois outros Boeros que também estavam em procedimento de TGL faziam o circuito pela direita.

Em um dos Boeros estava meu amigo Longarina, o qual conheci durante o curso de PP. Estávamos até vendo a confusão que seria a aula, com tanta aeronave no circuito de tráfego. Para nossa sorte, o controlador era o mesmo do dia anterior. Com seu bom humor e profissionalismo, ele conseguiu fazer a separação perfeita entre os tráfegos, de forma que nenhum teve que efetuar 360 durante toda a aula. Algumas pernas do vento foram esticadas por conta disso, mas nada de extraordinário.

Nem mesmo o Thomé, com quase 500h de voo ali no aeroclube, tinha visto uma situação dessas. O controlador fez um ótimo trabalho de separação e coordenação de tráfego. O BLO é um “pássaro” guerreiro. O único contra dele é a manobra de estol. Ele tem uma tendência a cair de asa durante a manobra, correndo o risco de entrar em parafuso, mas nada que o pedal para o lado contrário não resolva.

Como era treinamento de TGL, não teríamos problema com isso. Efetuamos o primeiro circuito antes do último Boero decolar. O primeiro toque depois do circuito foi suave, bom para começar o dia, ou melhor, a tarde e esquecer o catrapo do pouso pós-pane. Subimos novamente para o circuito. Apesar do BLO ter um melhor desempenho que os demais C150, parece que aquele dia ele estava praticamente igual. Alcancei a altitude de tráfego praticamente no través da 13. Reportei no través:

Torre, BLO no través da 13.
– Ciente, BLO. Aguarde para girar base. AB11 na final e C150 girando base. Visual com os tráfegos?
– Afirmo, BLO.
– Após superar o BTW, autorizado girar base, mantendo separação com o tráfego. Informe na final.
– Ciente, autorizado girar base após o superar o tráfego, BLO. Informará na final.

Como o BTW estava longe ainda, optamos por fazer um CAP e aguardar a passagem dele. Assim que o superamos, aguardamos a separação e giramos base. Para dar uma margem maior de segurança, continuei com o CAP durante a curva e na final também. Assim que o BTW livrou a pista, retomei o pouso com velocidade normal.

Mais um toque realizado e este foi um toque normal. Arremetemos e partimos novamente para o circuito de tráfego. Novamente no través, reportei a posição e recebemos as mesmas instruções da última vez. Olhei para o Thomé e ele disse:

– Manter perna do vento? CAPzinho de lei.

CAP é uma manobra que é executada da seguinte forma. A velocidade você controla no manche e a altitude você controla na potência. Resumindo, para ganhar velocidade você pica o avião, para reduzir, você cabra. Para subir você dá potência e para descer você tira potência. O problema é fazer isso mantendo uma velocidade e altitude constantes, isto é, o instrutor pede, por exemplo, 70 MPH com 2900ft. Você deve controlar a velocidade pelo manche, mantendo 70 MPH sem deixar o avião subir ou descer. Deu para entender mais ou menos como é?

Então, é um pouco chata de ser feita, mas quando você consegue a primeira vez, as demais são mais tranquilas. Aguardamos o tráfego do BTW e giramos base. Desta vez, a fim de manter a separação, ao invés do CAP na final, prosseguimos com flaps baixados e mantendo 70 MPH. Pronto, era tudo o que eu tinha pedido: um pouso com flap.

Bom, já estava feito, ia pousar com flap. Aproximação tranquila, aproximando o toque, quebrei o planeio e fiz o toque. Desta vez o toque foi até que bom, entre o normal e o suave. Dei potência e logo o avião queria subir. Como durante a arremetida eu perdi um pouco o eixo, tentei corrigir com pedal, porém sem sucesso.

Olhei no velocímetro e tínhamos velocidade para decolar. Tirei o avião do chão mesmo com os flaps baixados. Nesta hora o Thomé me alertou:

– Recolha os flaps antes de decolar, não decole com eles baixados. Você corre o risco de estolar após a decolagem, pois eles geram arrasto e não te deixam ganhar velocidade.

Eu avisei que não tinha conseguido retomar o eixo e por isso decolei, a fim de corrigir o eixo no ar. Mas do mesmo jeito ele não aconselhou repetir a manobra. Susto passado, avião no ar, hora de subir novamente para o circuito. Este circuito foi efetuado sem problemas, com a separação mantida e toque normal novamente.

Após o toque e entrada novamente no circuito de tráfego, avistei um 5º tráfego no céu. Estava um pouco grande para ser uma aeronave de instrução.

Olhei melhor e era um Airbus da TAM, chegando de São Paulo. Ao girar base, reportei visual com os tráfegos no circuito e com o Airbus da TAM. Agilizamos a final para conseguir tocar antes do Airbus entrar na final. Tocamos e arremetemos pela última vez no dia.

Após o toque, pedimos para manter o eixo de decolagem para efetuar a separação com o BWT que estava efetuando o 360 pela direito, a fim de aguardar o pouso do TAM. A torre nos autorizou e pediu para que efetuássemos o 360 assim que atingíssemos o través da 31 na perna do vento. Subimos e no través da 31 efetuamos o 360.

Ao finalizar, estávamos visual com o TAM pousando e o BTW girando base. Reportamos novamente no través da 13 e pedi pouso completo. Como estávamos muito perto do BTW, fizemos o CAP na perna do vento e realizamos a final com full flap. Mais um toque normal para finalizar o dia, agilizando para livrar a pista.

Livramos a tempo do Boero na final executar o pouso e podermos assistir de camarote na taxiway E. Ao livrar o pátio, a fonia ficou a cargo do Thomé:

– Torre, BLO, livrando o pátio principal.
– Ciente, taxie com cautela até o pátio do aeroclube. Mantenha a escuta até o corte.
– Ciente. Boa tarde e eu tiro meu chapéu para os controladores de hoje. Ótimo trabalho.

Realmente o trabalho dos controladores foi fantástico. Não é para qualquer um controlar 4 tráfegos em TGL, mantendo a separação entre eles e fazendo autorizações concisas e seguras. Prosseguimos para o aeroclube e cortamos o motor às 17h50min. No debriefing, nada de diferente. Somente uma frisada na questão dos flaps e para tomar cuidado para não ir para cima da pista durante a perna do vento.

No mais, foi uma ótima aula com elogios aos pousos e às manobras efetuadas, bem como com a fonia. Agora só é preciso fazer um voo de check pré-solo para poder avaliar se estou pronto para o voo solo e partir para o abraço. Esse voo de check está marcado para dia 21/09, porém é possível que chova e minha aula seja cancelada, porém, ainda nesta semana creio que meu voo solo saia. Vamos torcer e aguardar ;)

—————————————————-

Mais um relato finalizado. Estão gostando da série? Deixe a opinião e os comentários abaixo ;)

Futuro Piloto

Fábio Miguel

Banner Futuros Pilotos Canal Piloto A Vida de um Futuro Piloto 08

Renato Cobel
Redes