A Vida de um Futuro Piloto 19

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E aí Cmtes, tudo tranquilo? Maravilha!

Conforme prometido para vocês no último relato, aqui está a parte final dos últimos voos que realizei nos últimos tempos. Assim como o último relato, este voo engloba dois voos, um de uma hora e outro de duas horas.

O motivo, também já explicado no último relato, é o simples fato de não tornar todos os relatos repetitivos. Então acompanhem o último relato de voo dos voos de TGL do meu curso de PP. Agora, que venham as navegações, voos noturno e o check =D

Depois da minha aula com o Bespalhok no fim de semana, consegui deixar marcado um voo para o domingo, às 10h30min da manhã. Voltei para casa no sábado com o sentimento de missão cumprida: voar 3h no mesmo dia e conseguir ficar mais perto do meu objetivo.

No domingo, eu voaria mais uma e tentaria conseguir a 5ª hora do fim de semana por lá, esperando por alguma desistência. Entretanto, a desistência acabou sendo minha. No sábado à noite, comi alguma coisa no jantar que não me fez bem e meu estômago estava mais turbulento que um Boero dentro de um CB.

Tentei dormir com a intenção que ele ficasse melhor para o dia seguinte, mas a noite de sono também não foi muito boa. Só fui conseguir dormir mesmo, depois das 4h30min da manhã. Contando que eu teria que levantar às 8h, para sair de casa 8h30min e chegar ao aero às 9h30min, decidi que a melhor opção seria cancelar o voo por conta, primeiro do meu estômago e depois pelas poucas horas de sono.

Como não queria prejudicar ninguém, coloquei o celular para despertar às 7h para ligar no aeroclube, informando meu problema estomacal. Desta forma, talvez eles conseguissem encaixar alguém na escala de voo e não atrapalharia o andamento das operações.

Fiquei o domingo inteiro com o estômago ainda sentindo os efeitos da noite anterior. Entretanto, no meio da tarde, recebi a ligação do aeroclube novamente, agendando um voo para o dia seguinte, segunda-feira, às 10h30min.

Desta vez aceitei e como meu estômago estava melhor, não teria problemas para voar. Consegui dormir bem também de domingo para segunda-feira. Na segunda de manhã, peguei o carro e fui até Londrina para realizar mais um voo. Chegando lá, olhei a escala de voo para saber qual aeronave estaria voando e quem seria o instrutor.

Procurei pelo meu nome na escala e lá estava: Fábio – PR-EMK – 10h30min – Lacerda. As minhas recordações do EMK são boas, somente com uma ressalva para o táxi: eu ainda acho que ele está puxando para a esquerda, e a resposta do pedal direito é lenta. Tirando esse problema que é possível corrigir com um pouco de paciência e força nos pés, o resto estava tudo ok.

O Lacerda já havia me dado instrução antes, e ela tinha sido bem tranquila também. Peguei os papéis de sempre e fui até a “sala AIS” do aeroclube para preenchê-los. Finalizei rapidamente este procedimento padrão e fui aguardar pelo Lacerda, que estava voando no momento, na sala de instrução.

Próximo das 10h30min o EMK efetuava pouso completo na pista 13 do aeroporto de Londrina. A partir do rádio disponível na sala de instrução, ouvi a confirmação de taxi e fui aguardar o avião no pátio. Assim que ele chegou, os ocupantes desceram e eu comecei o check externo.

Depois de tudo pronto e conferido, fiquei aguardando o Gustavo terminar o debriefing para podermos sair para minha instrução.

Depois de alguns minutos, estávamos na cabine ouvindo o ATIS e chamando para cópia. Tudo autorizado, cotejamentos corretos, acionamos o motor e partimos para mais uma hora de voo. Durante o táxi, fizemos um rápido briefing da aula, que consistia na verdade em aprimorar os pousos e manobras aprendidas até ali no curso.

Lembrei-me então do pouso com través e pedi para que ele me demonstrasse como é feito, caso o vento estivesse nos jogando para fora do eixo da pista. No momento da decolagem o vento estava alinhado, porém no decorrer da aula, ele acabou mudando e o Lacerda me demonstrou o procedimento para pouso com través.

Na demonstração, fiquei observando os movimentos e juntamente com isso, fui fazendo igual nos meus comandos. O próximo pouso também seria com vento de través, então pude praticar o movimento na mesma aula.

Asa para o lado do vento, mas sem muita inclinação, controlando o enquadramento da pista nos pedais e tocando primeiro com o trem mais baixo, logo após o segundo principal e por fim o trem de nariz. A qualidade do pouso foi muito melhor do que os toques caranguejados que estava fazendo, sem contar que são muito mais seguros.

Conseguimos uma boa média de pousos nesta aula, completando 7 toques e 1 pouso completo. Finalizada a aula, prosseguimos até o aeroclube para parquear o avião e fazer o debriefing. Nada de novo à acrescentar no debriefing, agora era só fazer as duas últimas aulas das missões de AP e começaria a navegar.

Voltei para casa com a sensação que tudo estava dando certo e que em breve estaria checando.

No mesmo dia mais tarde, a ligação já esperada chegou. No dia seguinte, faria minhas duas últimas horas de AP. Consegui dois horários seguidos de voo, então eu finalizaria a última hora de AP e faria o check das APs no mesmo voo. Eu estava confiante, afinal, todos os meus voos foram muito bons e sem maiores problemas.

Então não havia preocupação com relação ao “checkinho”. O voo estava marcado para as 12h e iria até às 14h. No dia seguinte, aprontei minha mochila com os materiais necessários para a aula e parti às 10h30min para Londrina. Chegando lá, conferi novamente a escala de voo e vi que voaria com o PR-BLO e o instrutor era uma novidade, pelo menos na parte prática.

Desta vez, o voo seria com o Abílio. Ele foi meu professor de teoria de voo e regulamentos de tráfego aéreo durante a parte teórica do curso. Ele havia renovado a licença de INVA e voltado a dar instrução. Na sala de aula ele era muito exigente, entretanto era super gente boa. Tanto que TEV e REG foram minhas maiores notas na banca da ANAC.

Na instrução eu não sabia como ele era, mas logo imaginava a mesma personalidade da sala de aula. Quando cheguei ao aeroclube, vi que ele estava mexendo no freio do BLO. Fui perguntar se era alguma coisa que impediria o voo e ele disse que não, que só estava completando o fluido de freio do trem esquerdo. Nesse momento, na final da pista 13, apontava o avião da Polícia Federal.

Ficamos contemplando a beleza da pintura enquanto ele passava pelo aeroclube, momentos antes do toque. Enquanto ele terminava o reparo, fui preencher as papeladas. Nesse meio tempo, outros instrutores ficaram inseguros sobre o freio e resolveram levar o BLO até a oficina para que o mecânico desse seu aval sobre o problema.

Por fim, o mecânico olhou e liberou o avião para a aula. Fiz todo o check externo e partimos para o briefing. O voo seria de duas horas hoje, então faríamos diversos pousos. Então faríamos pousos de precisão, simulação de pane na perna do vento, aproximação 90º, pousos sem flap e com full flap e se fosse possível, faríamos um 180 na vertical.

Dito isso e feitas alguns questões sobre velocidades e altitudes do Cessna e dos procedimentos, peguei os documentos do avião e fomos para nossa aula.

O céu estava limpo e o vento estava calmo, perfeito para um dia de voo muito agradável. Decolamos e começamos a instrução. O primeiro pouso seria a meu critério, o segundo seria um pouco sem flap e o terceiro seria um pouso com full flap.

No primeiro pouso, queria fazer um pouso de precisão, porém a velocidade aumentou demais na final, mesmo sem motor e acabei fazendo um pouso bom, porém sem um padrão definido.

O segundo foi melhor, alonguei um pouco a perna do vento para poder ter uma distância melhor com relação a pista e poder controlar a velocidade de forma mais precisa.

O terceiro foi um pouso full flap, bem executado, mantendo as velocidades de flap sempre nos padrões. Depois disso fizemos vários outros pousos, com flap e sem flap, a simulação de pane na perna do vento e até um 180 na vertical. O voo em si foi bem tranquilo e a instrução do Abílio também foi muito boa.

A cada pouso ele incentivava com frases do tipo: Muito bom pouso comando, ótimo pouso, isso aí. Isso motiva demais quem está aprendendo. Outra coisa que achei legal na instrução dele, é que ele não fala pane, como os outros instrutores, ele apenas diz:

-“Tira o motor e pouse”.

E você fica sem saber se é simulação de pane ou não. Inclusive, em um dos pousos assim, eu perguntei se usava full flap ou não. Ele me respondeu:

-“Você é o comandante, a decisão é sua”.

No fim eu usei full flap e depois do pouso ele me perguntou:

-“O que eu disse pra você quando você me perguntou se o pouso seria com ou sem flap”?

Eu respondi que eu é quem estava no comando e a decisão era minha. Então ele perguntou novamente:

-“Então por que você usou full flap?”

E eu disse:

-“Porque era uma simulação de pane”.

E no fim ele me elogiou, pois eu estava atento ao voo e com os procedimentos corretos na cabeça.

Particularmente eu gostei muito da instrução dele, a motivação, os métodos de ensino durante a instrução e tudo mais. Com certeza, assim como todos os outros instrutores, ele me ensinou algo novo. A cada dia que passa aprendemos coisas novas na aviação, cada instrutor tem algo novo para nos ensinar.

Voando apenas uma vez com ele ou várias, em toda hora de voo aprenderemos algo novo. No debriefing ele me elogiou novamente, disse que meu voo está seguro, que os procedimentos estão corretos e que gostou muito de voar comigo.

Retribuí o elogio, agradecendo pela aula e pelas palavras. Assim terminava minha fase de Aperfeiçoamento (AP). Agora ainda estou esperando sair minha navegação, que creio que seja essa semana.

Futuro Piloto

Fábio Miguel
blogfuturospilotos@gmail.com

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Renato Cobel
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