Aeroclube do Amazonas – Review

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Saudações amigos leitores do Canal Piloto!

Em primeiro lugar, quero agradecer a todos pelos comentários e pelos votos de boa sorte que recebi na coluna passada. Esse apoio é a avgas pra seguirmos voado alto!

E dando prosseguimento a esta nossa coluninha cabocla, esta semana vou lhes apresentar meu berço, o lugar onde tudo começou a acontecer. Vamos lá a um rápido review do Aeroclube do Amazonas.

(Imagem: Arquivo pessoal)

História

Nascido em plena Segunda Guerra Mundial (no ano de 1942) com o nome de Aéro Clube do Amazonas (ACA), graças ao incentivo financeiro do interventor Álvaro Maia – governante na época – o nosso ACA teve como primeira ACFT um “Funk” (parece o Fairchild 24, mas sem o motor radial). A instituição foi concebida com o Aeródromo de Flores – SWFN e teve um objetivo inicial um pouco distinto dos aeroclubes em geral. Um periódico da época dá a dica:

Diário Oficial do Estado do Amazonas. Manaus, 14 de Novembro de 1942
(Foto: Roberto Mendonça) 

O ACA almejava formar pilotos amazônidas, que conhecessem as sutilezas da região, pois provavelmente era mais eficaz treinar pessoas da terra do que convencer a vir pro norte adaptar os pilotos de outras regiões. E concomitante ao estímulo à aviação civil, a inteligência brasileira tinha também o interesse de fortalecer a defesa aérea na região que começava a brilhar aos olhos do mundo pela sua importância econômica, principalmente em anos de guerra (lembrem-se que éramos o polo fornecedor de borracha para o mundo). Isto ficaria mais claro em 1953, quando foi criado o Destacamento de Base Aérea de Manaus, que mudou algumas vezes de designação até ser conhecido hoje como Base Aérea de Ponta Pelada. 

Aeroclube do Amazonas e a sociedade manauara

Uma das maiores vantagens do ACA enquanto espaço social é a localização: bem no coração de Manaus, ao contrário de muitos aeroclubes que ficam na zona rural. Essa facilidade de acesso permite aos praticantes de qualquer modalidade (PP, aeromodelismo, PQD) estarem ali com mais frequência. Nesta época do ano, por exemplo, o sol se põe às 18:30 em média. Ou seja, após sair do trabalho lá pelas 17:30h, ainda tem-se uma hora de luz do sol disponível por dia. Não é preciso aguardar o fim de semana nem se planejar, é só ligar o pisca-pisca e entrar lá.

(Imagem: Arquivo pessoal)

Para este autor, que trabalha relativamente próximo ao ACA, é tão comum ver um Super Petrel cortando os céus nesse horário que eu diria que funciona até como uma espécie de relógio. Esta imagem que tenho de todas as tardes já é tão manauara quanto o Teatro Amazonas ou a Ponta Negra.

Maaas…. nem tudo são flores, nem mesmo no Aeródromo de Flores…

Devido a alguns trágicos acontecimentos (infelizmente corriqueiros na aviação de pequeno porte de todo o Brasil), alguns moradores das adjacências do ACA sentem-se inseguros com a presença daquela pista ali; não podemos tirar sua razão, ok… Mas pra piorar, quando acontece algum sinistro, todas as mídias da cidade batem na velha tecla do “tem que tirar o Aeroclube dali”, sem ao menos se informar sobre as causas dos acidentes ou dos esforços constantes para evitá-los e descrevem o ACA como um problema e um perigo. Não é nada disso, infelizmente para alguns jornalistas ainda vale tudo para levantar audiência. :(

A verdade é simples: aviões podem cair? Podem, assim como carros podem bater, trens podem descarrilar, navios podem afundar e jegues podem empacar. Se formos tirar o aeroclube de dentro de Manaus, vamos tirar também o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes? E a avenida Torquato Tapajós, campeã de mortes no trânsito? O que é preciso é aproximar mais o ACA e a comunidade, mostrar o que é aviação, passar segurança, mostrar o lado bonito e prazeroso! Todos ganham!

Cursos

O Aeroclube do Amazonas oferece 3 turmas por ano dos cursos de PPA, PPH, PC/IFR e CMS. As instalações são confortáveis e os professores são uns figuras muito bons.

(Imagem: Arquivo pessoal)

Só tenho propriedades para falar do curso de PPA, que concluí junto à última turma. Os professores eram:

  • Wilson – Navegação
  • Francisco – Regulamento
  • Agnus – Teoria de Voo, Conhecimentos Técnicos e  Meteorologia.

Além das matérias básicas tivemos aulas sobre Segurança de Voo com o Prof. Ferreira (do SERIPA VII) e Medicina Aeroespacial com a Prof. Mônica.

São aplicados três simulados ao longo do curso, e após o segundo deles o aeroclube presenteia os alunos com um voo panorâmico no Tupi sobre a aldeia cidade, o encontro das águas, a ponta negra, entre outros lugares “super feios”.

INVA

O ACA conta hoje com um único avião para instrução, o saudoso Tupi PT-NZM. O nosso Boero está parado à longa data a espera de peças – que já não se fabricam mais – para reparar um problema no trem de pouso, resultado de algum catrapo.

Temos dois INVAs: Wilson Nobre (foto), e um outro que não conheço e só vi umas duas vezes.

(Imagem: Arquivo pessoal)

Esse figura aí em cima é Professor de Navegação para PPa, PPh, PC e CMS, PC/MLTE/IFR, INVA, tendências acrobáticas, cantor, compositor e muito gente boa. Pilota muito esse aí, só vendo! Esse cara merecia um capítulo à parte neste texto, pois foi responsável por muitas mudanças nas relações aluno/aeroclube. Foi ele quem “botou a galera pra voar”. Muitos dos amigos que hoje estão voando em táxi aéreo no Amazonas contaram com a ajuda dele. Por sinal, todos os voos que fiz até hoje foram com ele; não raro eu fico ali pela cabeceira, fritando no sol, tirando foto e filmando os pousos e decolagens, aí ele faz sinal e diz: “man, entra aí, bora voar”.  

Se você estiver lendo isso aqui, um abraço e siga sempre assim. A aviação na Amazônia te agradece.

Outras atividades

Além do aeroclube, operam no aeródromo várias empresas de táxi aéreo e, principalmente nos finais de semana, alguns grupos/clubes praticam suas atividades ali.

Em todos os sábados que vou pro ACA, no ônibus fico pensando… hoje vou pular de PQD.. Já me informei dos valores, dos cursos, conheci algumas pessoas, vi as instalações do QG deles. Achei tudo muito seguro e bem feito, mas daí eu vejo aquele Caravan pequenininho la em cima, soltando pequenos pontinhos que vão crescendo até virar gente, aí o paraquedas se abre e.. ué, cadê eu, pra onde fui?…

Fugi, meu negócio é asas, motor e hélice. Se alguém se interessar, eu recomendo. Parece ser emocionante e o pessoal é super profissional!

(Imagem: Arquivo pessoal)

E já que falamos de asa, motor e hélice, vou encerrar por hoje com o pessoal do aeromodelismo. No sábado passado estive na área dedicada a esta atividade e conheci um grupo muito simpático que me contou coisas que eu ignorava totalmente. Por exemplo, fiquei sabendo que este esporte é mais forte aqui em Manaus do que eu pensava. Eles me contaram que a pista para aeromodelismo do ACA é homologada pela COBRA (Confederação Brasileira de Aeromodelismo) e que pelas mesmas vantagens de localização que citei mais acima, a prática do esporte ali é praticamente diária.

Eu soube também outra coisa interessante: o aeromodelismo se tornou muito popular aqui em Manaus antes e mais do que em qualquer outra cidade brasileira, graças em parte à nossa Zona Franca – os equipamentos eram mais acessíveis aqui.

Nunca tinha me interessado por essa pequena vertente da aviação. Sem dúvida frequentarei mais vezes aquela área.

(Imagem: Arquivo pessoal)

E eu fico por aqui, meus caros leitores. Deixo meus agradecimentos aos Cmtes. Wilson Nobre e Mustaf Said pela atenção, e ao fiscal de pátio do ACA, que tem a santa paciência de me expulsar várias vezes da cabeceira sem nunca se alterar.

Espero que tenham gostado e aguardo seus comentários.

Semana que vem estarei aqui de novo, desta vez com dois causos ‘cabeludos’.

Abraços, câmbio e desligo.

Fernando Sosnoski
plantamuda@gmail.com

Renato Cobel
Redes