Mais uma vez a Azul Linhas Aéreas fez história. A companhia realizou um voo experimental usando um bioquerosene à base de cana-de-açúcar, na terça-feira 19, foi o primeiro voo da empresa com esse tipo de combustível. O jato Embraer E195 com convidados partiu do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas(SP), no começo da tarde com destino ao Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, cidade que abriga a Rio +20, conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável. O projeto Azul+Verde foi realizado em parceria com a empresa de produtos renováveis Amyris, a Embraer e a General Electric Company. O combustível renovável usado pela companhia foi desenvolvido para atender à necessidade de desempenho equivalente aos combustíveis convencionais derivados do petróleo, como o querosene de aviação.
O voo experimental foi feito com 4,5 mil litros de bioquerosene, misturado com 4,5 mil litros de querosene de aviação comum, e partiu do aeroporto de Campinas às 12h40, com destino ao Rio de Janeiro. A proporção usada foi de 50% de bioquerosene e de 50% do combustível convencional. A Gol Linhas Aéreas também usou pela primeira vez o biocombustível nesta terça-feira, partindo do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP), com destino ao Rio.
O bioquerosene usado no voo experimental da Azul não tem data para ser usado nas operações regulares da companhia aérea. Segundo o diretor de relações institucionais da empresa, Adalberto Febeliano, o valor do novo combustível é compatível ao do querosene derivado do petróleo. “Nós não estamos olhando o custo do produto. Estamos buscando a tecnologia”, diz o presidente da Amyris, Paulo Diniz. Já o diretor de desenvolvimento tecnológico da Embraer, Jorge Ramos, explica que a ideia foi elaborar um combustível que não obrigaria as empresas a mudarem a frota de aeronaves. “Este biocombustível não implica em nenhuma mudança na rotina das companhias aéreas”, defende Ramos. Ele aponta que a produção em larga escala será a barreira para o uso de 100% do bioquerosene no uso comercial.
Questionado sobre as oscilações no cultivo de cana-de-açúcar, o diretor de relações institucionais da Azul alega que o fornecimento de petróleo também é incerto. “Nós não vemos risco maior em relação à safra da cana. Os riscos no Oriente Médio são muito maiores. E ainda temos cartas na manga. A conversão da celulose é uma opção como matéria-prima para a produção do biocombustível”, afirma.
Por Antonio Ribeiro
Revisão: Athos Gabriel