Nessa quarta-feira (10), a EADS, controladora da Airbus, e a britânica BAE Systems desistiram de uma fusão que deveria criar o maior grupo mundial de defesa e aviação. Várias pessoas próximas às negociações culparam a Alemanha pelo colapso do negócio que estava estimado em mais de 45 bilhões de dólares.
A BAE afirmou que os interesses de França, Alemanha e Inglaterra (os dois primeiros sócios da EADS) não poderiam ser conciliados, com cada uma das partes tendo objetivos particulares em relação à empresa que seria resultante da união entre as duas construtoras.
“A BAE Systems e a EADS decidiram pelo melhor interesse das companhias e dos acionistas encerrar as discussões e continuar a se concentrar em suas respectivas estratégias”, disse a britânica em comunicado.
Assegurar fusões de empresas que envolvem vários governos em um setor em que as considerações comerciais são tipicamente superadas pelas políticas, econômicas e por questões de segurança nacional sempre foi bastante difícil.
Até as 13h dessa quarta-feira, no horário de Brasília (DF), as empresas tinham que detalhar esse possível plano de fusão ou se iriam desistir da transação, ou até mesmo pedir a reguladores britânicos que tivessem mais tempo para preparar a operação, que criaria um grupo com perto de 250 mil empregados.
“A Alemanha bloqueou o acordo, embora todas as demandas alemãs tenham sido atendidas. O negociador alemão Lars-Hendrik Roeller foi quem formulou todas as demandas e disse não no fim”, disse uma fonte próxima às negociações. Roeller é consultor econômico sênior da chanceler alemã Angela Merkel.
Antes do colapso das negociações, fontes confirmavam que Angela se opunha à proposta de combinar a fabricante dos aviões Airbus com a empresa britânica de equipamentos de defesa BAE. Outra fonte próxima às negociações afirmou: “Merkel é contra o negócio, mas não deu razões para isso”.
Durante uma entrevista via teleconferência, Ian King, presidente-executivo da BAE, confirmou que o governo alemão foi o principal obstáculo à fusão.
Além disso, informações afirmam que a Alemanha queria paridade na sociedade com a França no novo grupo combinado, além de ter parte da sede da companhia na cidade de Munique.
“França e Reino Unido concordaram que a Alemanha teria a mesma participação da França no grupo. Separadamente, muitas garantias foram dadas considerando os interesses de segurança nacional, fábricas e postos de trabalho. O tema sede estava sendo discutido com muita emoção, mas não deveria ser um assunto de relevância para provocar o colapso da fusão”.
Por Antonio Ribeiro
Imagem: Aviation News