De 2006 à 2010, o Cenipa foi chefiado pelo atual brigadeiro da reserva Jorge Kersul Filho. E nesse período, ocorreram os três principais acidentes do país: O voo 447 da Air France, o voo 3054 da Tam e o voo 1907 da Gol, que causaram juntos 581 mortes, sem nenhum sobrevivente. O brigadeiro deixou a Fab e a chefia do órgão militar, já que tinha quase quarenta anos de carreira nas costas. Quando deixou a Aeronáutica a seu pedido, em abril de 2010, levou em conta todas as dificuldades enfrentadas, como o resgate dos corpos do Boeing da Gol e as buscas pelas caixas pretas dos Airbus da Tam e Air France.
Com base em suas experiências, Jorge defende a criação de uma nova agência de investigação de acidentes aéreos, sem nenhuma relação com os militares da FAB. “A investigação de acidentes da aviação civil deve sair da Força Aérea Brasileira. Esse é um encargo que ninguém quer, não traz benefício algum, não traz nenhum ibope, não há por que ficar com a FAB. Vamos continuar fazendo bem e de forma independente enquanto estiver conosco a obrigação, doa a quem doer. A FAB deveria cuidar da própria FAB, para que sejamos realmente um país que imponha respeito”.
De acordo com a proposta, seria criada uma agência para prevenir e investigar acidentes da aviação comercial civil, usando ex-militares que já trabalharam no Cenipa, e que poderiam treinar pessoal qualificado para continuar o trabalho da nova agência.“Quando eu estava no Cenipa, fizemos uma proposta para criar esse órgão, para a tarefa sair do comando da FAB. A ideia foi para o Ministério da Defesa e deve estar lá”, afirma o oficial.
“Até a década passada, tudo relacionado à aviação no país estava com o Ministério da Aeronáutica. O Estado brasileiro tirou da gaveta uma agência para a aviação civil, a Anac. A Infraero também saiu debaixo da Aeronáutica. Foi criada a Secretaria de Aviação, com status de ministério, enquanto que o Cenipa é um órgão dentro do Comando da FAB que está subordinado ao Ministério da Defesa. Há uma diferença de estrutura que gera um conflito”, justifica.
Por Antonio Ribeiro
Revisão: Athos Gabriel
