CMA – Talassemia Minor reprova no CMA?

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Seguindo com nossa série sobre dúvidas quanto ao CMA – Certificado Médico Aeronáutico, vamos responder à pergunta de hoje:

Dúvida

Bom dia, estou com uma dúvida que não consigo resposta em lugar nenhum.

Pois bem, sou portador da Talassemia Minor, que pelo que estive lendo, não é considerada uma doença, é hereditária e não tem sintomas, grande parte da minha
família carrega consigo essa doença.

Gostaria de saber se essa “doença” reprovaria no CMA.

Desde já, grato.

Att, Lincoln.

Nossa resposta

Lincoln,

A Talassemia, que também é conhecida como anemia do Mediterrâneo, é uma doença hereditária que foi trazida para o Brasil pelos habitantes dos países banhados pelo mar Mediterrâneo: portugueses, espanhóis, italianos, gregos, egípcios e libaneses. Sua principal característica é a produção anômala de hemoglobina, uma proteína do sangue responsável pelo transporte de oxigênio para todos os tecidos do organismo. Existem dois tipos – alpha e beta – que podem manifestar-se nas seguintes formas: minor, intermediária e major. A forma minor, ou traço talassêmico, produz um grau de anemia leve, assintomático e que pode passar totalmente despercebido. Para estabelecer o diagnóstico, é importante levantar a história clínica, além de informações sobre a origem étnica do paciente. Exames de laboratório, entre eles a eletroforese de hemoglobina quantitativa e qualitativa, são muito importantes para determinar o tipo da doença. No caso da talassemia minor, seu portador habitualmente não apresenta quaisquer sintomas, levando uma vida totalmente normal, trabalhando, praticando esportes, etc. Na maioria dos casos, a única alteração evidente é a cor da pele, que poderá apresentar-se mais branca do que o normal.

Conforme a RBAC67, o candidato não poderá sofrer de enfermidades sanguíneas ou do sistema linfático detectadas por exames laboratoriais específicos, a menos que a condição do solicitante tenha sido objeto de investigação adequada, e que, a critério do examinador ou da ANAC, não seja provável que a enfermidade afete a segurança de voo. Entre essas enfermidades, mas não limitando-se a elas, devemos considerar também anemias de qualquer natureza. O candidato com traço drepanocítico ou outros traços de hemoglobinopatias pode ser julgado apto, a critério do examinador ou da ANAC, a não ser que haja risco de crise hemolítica em voo, quando então o candidato deve ser julgado não apto.

Portanto, terá que ser comprovado através de exames (valor de hemoglobina, por exemplo), e até relatório do médico especialista, que não apresenta limitações, e que a critério do examinador, não seja motivo de afetar a segurança de voo.

Atenciosamente,

Dra. Tatiana Trigo
Médica Aeroespacial

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