Como tirar brevê – e quanto isso vai custar – P. 2

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Coluna de Coaching de Formação Aeronáutica – Raul Marinho / Blog Canal Piloto
Tema da semana: Como tirar brevê – e quanto isso vai custar (Parte II)

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*** ATENÇÃO  ***
Devido a alterações no regulamento sobre concessões de licenças e habilitações da
ANAC (RBAC-61) que entrou em vigor após a publicação deste post, partes do conteúdo
abaixo podem estar desatualizadas.  Após a leitura deste post é altamente recomendável
que você acesse a publicação com as atualizações:
“Como tirar brevê e quanto isso vai custar” 

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Caros (futuros) aviadores do Canal Piloto, Oscar Lima Alpha!
 
Dando prosseguimento ao que começamos a tratar na semana passada (como tirar brevê, e principalmente quanto essa formação vai custar), vamos tratar do curso prático do PCA, e do curso de PPH e PCH nesta semana. Dos links que eu sugeri na semana passada, gostaria de reforçar a indicação do “PC Prático – minha experiência”, principalmente para quem pretende voar na EJ, já que neste texto eu descrevo minha experiência com o PC prático naquela escola (a maior parte dele, pois eu também voei parte das horas do PC no Aeroclube de Campinas). Também gostaria de alertar sobre a aridez do tema. Calcular o custo do PC é um pouco complicado, e bem chato, não vou iludir ninguém. Por isso, quem quiser somente ter uma idéia do custo, volto a recomendar este post aqui, que é muito mais simples. Mas para os destemidos, coragem que a explicação vai começar agora.

Curso Prático de PCA

Relembrando o que tratamos na semana passada, eu disse que existem quatro possibilidades de avião e duas de simulador que você poderá utilizar em sua formação:
  1. Básico-D: avião monomotor para voos visuais diurnos – Ex.: Paulistinha, AeroBoero, Cessninha (C-150/152), Cherokee, Guri, Tomahawk, Piper Cub, etc.
  2. Básico-N: avião monomotor para voos visuais noturnos – podem ser os mesmos do grupo #1, acima, ou modelos do grupo #3, citados a seguir.
  3. IFR-mono: avião monomotor para voos por instrumento diurno/noturno – Ex.: Cessna 172, Tupi, Corisco, Diamond D-20, Cirrus SR20, e em alguns casos, Cessninha e Cherokee.
  4. Multimotor: avião monomotor para voo visual/instrumentos diurno/noturno – Ex.: Seneca, Baron, Comanche, Apache, Diamond D-42.
  5. Simulador AATD: equipamento mais sofisticado, com projeção de cenários, que reduz a necessidade de voos IFR em 20h (para um mínimo de 25h de treinamento em simulador).
  6. Simulador BATD: equipamento mais simples, sem projeção de cenários, que reduz a necessidade de voos IFR em 10h (para um mínimo de 25h de treinamento em simulador).
Também dissemos que existem três possibilidades práticas de formação de PCA, a saber:
  1. PC-MNTE/VFR: a formação mais básica, muito limitante em termos de possibilidades de trabalho, mas que permite realizar o restante da formação (MLTE, IFR, etc) em aviões particulares, ou prosseguir para um curso de instrutor de voo.
  2. PC-MNTE/IFR: a formação mais comum, que permite ingressar no mercado de trabalho da aviação geral imediatamente.
  3. PC-MLTE/IFR: a formação mais completa, que permite não só ingressar imediatamente no mercado de trabalho da aviação geral com mais opções de aeronaves para voar, como também prepara o piloto para ingressar na aviação comercial assim que ele obtiver as horas de voo requeridas pelas companhias.
Muito bem. Sabendo os custos de utilização de cada um dos equipamentos (aviões e simuladores) acima citados, e qual a opção de formação que você pretende seguir, é possível calcular com precisão quanto vai custar a parte prática do seu PCA, que deverá ser a parte mais cara de sua formação total. Mas antes de entendermos como fazer os cálculos, é preciso explorar as seguintes particularidades da instrução de PC:
  • Quantidade de horas mínima para cheque de PC:
De acordo com o RBHA-61, para quem realizou o curso em aeroclube/escola, seriam necessárias 150h de experiência mínima para o cheque de PC, que é cumulativa ao PP – logo, quem terminou o PP com 50h teria que voar no mínimo mais 100h para poder checar o PC; quem precisou de 40h no PP teria que voar 110h no PC, e assim por diante.
Acontece que, de acordo com o item 61.95-a-3-iv do mesmo regulamento, é possível checar o PC com 140h se o candidato tiver realizado pelo menos 10h de instrução em simulador homologado (vide este post aqui). Desta forma, se você conseguir checar o PP com poucas horas, e dependendo da modalidade de formação de PC escolhida, será possível checar o seu PC com menos de 150h, mesmo que lhe digam o contrário em seu aeroclube/escola.
  • Voos em comando diurnos e noturnos
Das 70h em comando requeridas no PC (e só valem as horas em comando após o cheque de PP), pelo menos 5h deverão ser feitas em voos noturnos, o que significa que serão necessárias 65h de voo em comando diurno, realizadas exclusivamente em avião do grupo #1. (Note que não são 70h diurnas mais 5h noturnas, como muitos aeroclubes/escolas dizem: as horas em comando noturnas são parte das 70h totais). Às 5h de voo em comando noturno, deve-se somar mais 1h, no mínimo, para contemplar a retirada da restrição noturna, em voo em duplo-comando. Isso significa que serão necessárias 6h de voo em avião do grupo #2 no total. Na maioria dos aeroclubes/escolas, os aviões do grupo #2 são os mesmos do grupo #3, mas existem exceções – verifique isso onde você for voar.
  • O problema do “excedente IFR”
Nos voos de treinamento IFR realizados a partir de aeródromos sem procedimentos de saída ou aproximação por instrumentos (quase todos os aeroportos utilizados na instrução são assim), os pousos e decolagens terão que ser realizados sob regras de voo visual. Assim, se você decolar de Jundiaí, por exemplo (onde não há SID ou IAC), para um treinamento IFR em São José dos Campos, e retornar para pouso final em Jundiaí, num voo com duração de 2h no total, a duração do pouso e da decolagem deverá ser lançada como duplo-comando VFR. No caso deste exemplo, se a decolagem levou 0,3h, e o pouso 0,2h, o voo será dividido em 1,5h IFR, e 0,5h VFR. Como regra geral, pode-se estimar que 20% do tempo dos voos realizados em avião do grupo #3 não serão contabilizados como IFR, mas como duplo-comando VFR, que é o que eu chamo de “excedente IFR”. Isso significa que, se forem necessárias 20h de voo IFR (uso de simulador AATD/Grupo #5), então serão necessárias 24h de voo em avião do grupo #3; para 30h de voo IFR (uso de simulador BATD/Grupo #6), serão necessárias 36h de voo em avião do grupo #3; e para 40h de voo IFR (sem o uso de simulador homologado), serão necessárias 48h de voo em avião do grupo #3. Isso somente para o treinamento IFR, pois se o cheque também for realizado em avião do grupo #3, deve-se acrescentar a duração do voo de cheque nessa conta (veremos isso melhor adiante).
  • Voos MLTE com e sem IFR
A maioria dos aeroclubes/escolas permite que se acumule, num mesmo voo, o treinamento IFR e o treinamento MLTE, mas existem exceções (a EJ é uma delas). Nestes aeroclubes/escolas, o voo MLTE não conta para a experiência IFR, o que significa que, além das horas de voo IFR, realizadas em avião do grupo #3, serão necessárias mais 15h de voo em avião do grupo #4. Já o procedimento utilizado na maioria dos aerolcubes/escolas permite que se faça o seguinte uso de aviões dos grupos #3 e #4 para o cheque de MLTE+IFR:
– Se forem necessárias 20h de voo IFR (uso de simulador AATD/Grupo #5), serão necessárias 15h de voo em avião do grupo #4, e 9h de voo em avião do grupo #3. Como 15+9=24h, chega-se ao número de horas de voo necessárias em avião homologado IFR, não importando se ele é MNTE ou MLTE;
– Se forem necessárias 30h de voo IFR (uso de simulador BATD/Grupo #6), serão necessárias 15h de voo em avião do grupo #4, e 21h de voo em avião do grupo #3. Como 15+21=36h, também atinge-se o mínimo em avião IFR neste caso; e
– Se forem necessárias 40h de voo IFR (sem o uso de simulador homologado), serão necessárias 15h de voo em avião do grupo 33h de voo em avião do grupo #3. 15+33=48h, que é o obrigatório voar em avião IFR.
Verifique este aspecto cuidadosamente antes de iniciar seu treinamento, pois como a hora de voo MLTE é muito cara, isto pode fazer uma diferença significativa no custo de sua formação.
  • Voos de cheque
Depois de calculadas as horas necessárias para pedir o cheque, é necessário acrescentar as horas necessárias para realizar o(s) voo(s) de cheque propriamente dito(s). No caso de cheque de PC-VFR/MNTE, será somente um cheque e um voo, com cerca de 2h de duração, em aeronave do grupo #1; mas nas outras alternativas serão mais de um cheque, que podem ser feitos em um único voo ou não. Para checar PC-IFR/MNTE, serão dois cheques – o de PC e o de IFR –, que podem ser feitos em dois voos, um com aeronave do grupo #1 (o cheque de PC), e outro com aeronave do grupo #3 (o cheque de IFR). Mas, neste caso, é melhor fazer um único voo com aeronave do tipo #3, checando o PC e o IFR num mesmo voo de cerca de 2h, pois a diferença de preço entre as aeronaves do grupo #1 e #3 não é tão grande. Já no caso do cheque de PC-IFR/MLTE, pode ser interessante realizar dois voos, um para checar o PC e o IFR, em aeronave do grupo #3, com cerca de 2h; e outro só para checar o MLTE, em aeronave do grupo #4, com cerca de 1h. Compare esta alternativa com a opção de fazer um único voo, de cerca de 3h em aeronave do grupo #4, e veja o que vale mais a pena. Em geral, a vantagem financeira em fazer dois voos costuma ser significativa (cerca de R$1mil de economia ou mais).
Estando bem entendidos estes detalhes, vamos ver agora como calcular o custo da parte prática do PCA em cada uma das opções apresentadas:
  1. PC-MNTE/VFR
Mesmo para uma licença sem habilitação IFR, é necessário ter pelo menos 10h de voo em treinamento IFR, para a opção de cheque com 150h (para quem checar com 140h, o simulador também abate parte das horas IFR, e é possível realizar somente 5h de voo IFR), que chegará a 12h de voo em avião do tipo #3 com o “excedente IFR” (ou 6h, para quem vai checar com 140h). Para os voos noturnos, serão necessárias mais 6h de voo em avião do grupo #2, independente do cheque ocorrer com 140h ou 150h. Somando as horas em avião do grupo #2 (6h), as horas em avião do grupo #3 (12h/6h sem/com simulador) e as horas do PP (HPP, variável), chegaremos a um valor intermediário que chamaremos de X. Para diferenciar esta variável X das demais que iremos abordar, assim como para as opções de cheque com 140h e 150h, vamos chamar de XA150=18+HPP a variável intermediária para o cheque na opção A com 150h, e XA140=12+HPP a variável intermediária para o cheque na opção A com 140h. Tudo bem até aqui?
Se você entendeu como calcular a variável intermediária X, agora é fácil saber quantas horas de voo em avião do grupo #1 serão necessárias (que chamaremos de Y). Para quem vai checar com 150h, basta subtrair X de 150h, e somar 2h para o cheque; e para quem for checar com 140h, é só substituir as 150h por 140h (lembrando que, no caso de cheque com 140h, será necessário praticar 10h no simulador, que pode ser dos grupos #5 ou #6). Então, se o valor de Y é determinado pela equação Y=152-X ou 142-X (para cheque com 150h ou 140h), substituindo os valores de X acima obtidos, teremos:
  • Para cheque com 150h: YA150=152-XA150 -> YA150=152-(18+HPP) -> YA150=134-HPP; e
  • Para cheque com 140h: YA140=142-XA140 -> YA140=142-(12+HPP) -> YA140=130-HPP
Agora nós sabemos exatamente quantas horas serão necessárias em cada equipamento, então é possível arbitrarmos o custo da parte prática do PC-VFR/MNTE como sendo o seguinte:
  1. Horas de voo de treinamento e cheque em avião do grupo #1:
    1. Para cheque com 150h: YA150 x Preço da hora em avião do grupo #1, onde: YA150=134-HPP; ou
    2. Para cheque com 140h: YA140 x Preço da hora em avião do grupo #1, onde: YA140=130-HPP
  1. Horas de voo de treinamento em avião do grupo #2 (qualquer caso): 6 x preço da hora em avião do grupo #2;
  2. Horas de voo de treinamento em avião do grupo #3:
    1. Para cheque com 150h (sem simulador): 12 x Preço da hora em avião do grupo #3; ou
    2. Para cheque com 140h (com simulador): 6 x Preço da hora em avião do grupo #3
  1. Taxas de “ground school”, para os aviões dos grupos #1, #2, e #3 (se utilizados os mesmos aviões, não serão necessários novos treinamentos)
  2. Horas de treinamento em simulador homologado (grupos #5 ou #6): 10 x Preço da hora de utilização do simulador – Somente para quem checar com menos de 150h.
  3. Taxas da ANAC
  4. Honorários do despachante (opcional)
  1. PC-MNTE/IFR
Para esta modalidade de formação de PC, o que vai fazer diferença nos custos será o simulador utilizado – dependendo de sua qualificação, será necessário fazer mais ou menos horas de voo em treinamento IFR, que é uma parte muito custosa da formação de PC. Se ele for do tipo AATD (grupo #5), 25h de uso de simulador permitem que se voe somente 20h em treinamento IFR (24h em avião do grupo #3, contando com o “excedente IFR”). Já se o simulador utilizado for do tipo BATD (grupo #6), 25h de treinamento simulado significará será necessário voar 30h em treinamento IFR (36h em avião do grupo #3). E se não se utilizar simulador homologado algum, será necessário voar 40h em treinamento IFR (48h em avião do grupo #3). Neste último caso, será impossível checar com menos de 150h, sendo que nos outros dois casos em que isso é possível, só mudará o número de horas voadas em avião do grupo #1, já que em ambos o simulador já é um pré-requisito. Ao final, deve-se somar as 2h de voo de cheque, que também deverá ser realizado em avião do grupo #3.
O uso de avião do grupo #2 sempre será de 6h, não importando o simulador utilizado, ou se o cheque acontecerá com 140h ou 150h. E para se calcular a necessidade de horas de voo em avião do grupo #1, também utilizaremos a variável auxiliar X, que será a soma entre as horas voadas em avião do grupo #2 (sempre 6h), as horas de treinamento IFR (que irão variar conforme mostrado abaixo), e as horas do PP (HPP). Assim, o valor da variável X para a modalidade “B” de formação de PC (MNTE/IFR) poderá ser XB-AATD, quando for utilizado simulador AATD; ou XB-BATD quando o simulador for BATD (não será necessário calcular a variável X no caso de não utilização do simulador, pois nesse caso sempre serão necessárias 65h de voo VFR diurno em comando, em avião do grupo #1). A fórmula de cálculo da variável X, então, ficará assim:
  • XB-AATD=6+24+HPP -> XB-BATD=30+HPP
  • XB-BATD=6+36+HPP -> XB-BATD=42+HPP
Conhecendo os valores da variável X, fica fácil descobrir a quantidade de horas de voo a serem feitas em aviões do grupo #1 (a variável Y), como se vê a seguir:
  1. Cheque com 150h e uso do simulador AATD:
YB150-AATD=150- XB-AATD -> YB150-AATD=150-(30+HPP) -> YB150-AATD=120-HPP
  1. Cheque com 140h e uso do simulador AATD:
YB140-AATD=140- XB-AATD -> YB140-AATD=140-(30+HPP) -> YB140-AATD=110-HPP
  1. Cheque com 150h e uso do simulador BATD:
YB150-BATD=150- XB-BATD -> YB150-BATD=150-(42+HPP) -> YB150-BATD=108-HPP
  1. Cheque com 140h e uso do simulador BATD:
Sempre será necessário voar um mínimo de 65h em avião do grupo #1
  1. Cheque com 150h, sem o uso de simulador homologado:
Sempre será necessário voar um mínimo de 65h em avião do grupo #1
Agora nós já possuímos todos os elementos para arbitrar os custos da formação de PC-IFR/MLTE, que ficaria assim:
  1. Horas de voo de treinamento em avião do grupo #1:
    1. Para cheque com 150h e uso de simulador AATD: YB150-AATD x Preço da hora em avião do grupo #1, onde: YB150-AATD=120-HPP; ou
    2. Para cheque com 140h e uso de simulador AATD: YB140-AATD x Preço da hora em avião do grupo #1, onde: YB150-AATD=110-HPP; ou
    3. Para cheque com 150h e uso de simulador BATD: YB150-BATD x Preço da hora em avião do grupo #1, onde: YB150-BATD=108-HPP; ou
    4. Para cheque com 140h e uso de simulador BATD: 65 x Preço da hora em avião do grupo #1; ou
    5. Para cheque com 150h, sem o uso de simulador homologado: 65 x Preço da hora em avião do grupo #1
(Obs.: O valor de Y nas alternativas a, b e c nunca poderá ser inferior a 65h).
  1. Horas de voo de treinamento em avião do grupo #2 (qualquer caso): 6 x Preço da hora em avião do grupo #2;
  2. Horas de voo de treinamento e cheque em avião do grupo #3:
    1. Para quem usou simulador AATD: 26 x Preço da hora em avião do grupo #3; ou
    2. Para quem usou simulador BATD: 38 x Preço da hora em avião do grupo #3; ou
    3. Para quem não usou simulador homologado: 50 x Preço da hora em avião do grupo #3
  3. Taxas de “ground school”, para os aviões dos grupos #1, #2, e #3 (se utilizados os mesmos aviões, não serão necessários novos treinamentos)
  4. Horas de treinamento em simulador homologado (verificar junto ao aeroclube/escola qual o mínimo recomendado de horas em simulador pela instituição, que chamaremos aqui de “HS” – nunca menor que 25h, de acordo com o requerido pela ANAC):
    1. Para quem usou simulador AATD: HS x Preço da hora em simulador do grupo #5; ou
    2. Para quem usou simulador BATD: HS x Preço da hora em simulador do grupo #6;
  5. Taxas da ANAC
  6. Honorários do despachante (opcional)
  1. PC-MLTE/IFR
Partindo da modalidade anterior, para a maioria dos aeroclubes/escolas, o cálculo do custo do PC-MLTE/IFR só é diferente no que se refere às horas do grupo #3. Se a intenção for a de realizar o cheque em um único voo (com aeronave MLTE), para arbitrar o custo desta modalidade, é só subtrair 17h do grupo #3 (excluindo as 15h que serão utilizadas no treinamento MLTE+IFR, mais as 2h previstas para os cheques de PC e de IFR), e criar um novo item, com 18h de voo em avião do grupo #4 (incluindo as mesmas 15h do MLTE+IFR, mais as 3h para os cheques de PC, do IFR, e do MLTE). Mas se a intenção for a de realizar o cheque em dois voos (um para o PC+IFR, e outro para o MLTE), deve-se subtrair 15h do grupo #3 (exlui-se somente o treinamento MLTE+IFR, os cheques de PC e de IFR permanecem em avião MNTE), e somar 16h no grupo #4 (inclui-se, além do treinamento MLTE+IFR, somente o cheque de MLTE, uma vez que os cheques de PC e de IFR continuam a serem feitos em avião MNTE). Assim, o item III do grupo anterior ficaria da seguinte forma para incluir a habilitação MLTE, no treinamento TRADicional (aquele que permite que se voe MLTE e IFR simultaneamente):
  • Cheque realizado em um único voo de 3h em aeronave MLTE:
III-MLTE1Voo-TRAD) Horas de voo de treinamento em avião do grupo #3 e #4:
    1. Para quem usou simulador AATD: 9 x Preço da hora em avião do grupo #3; ou
    2. Para quem usou simulador BATD: 21 x Preço da hora em avião do grupo #3; ou
    3. Para quem não usou simulador homologado: 33 x Preço da hora em avião do grupo #3;
Mais:
    1. 18 x Preço da hora em avião do grupo #4, independente do simulador utilizado.
Ou:
  • Cheque realizado em dois voos, sendo 2h em avião MNTE e 1h em avião MLTE:
III-MLTE2Voos-TRAD) Horas de voo de treinamento em avião do grupo #3 e #4:
  1. Para quem usou simulador AATD: 11 x Preço da hora em avião do grupo #3; ou
  2. Para quem usou simulador BATD: 23 x Preço da hora em avião do grupo #3; ou
  3. Para quem não usou simulador homologado: 35 x Preço da hora em avião do grupo #3;
Mais:
  1. 16 x Preço da hora em avião do grupo #4, independente do simulador utilizado.
Já no caso do treinamento ocorrer em aeroclube/escola que exija que os voos MLTE sejam realizados exclusivamente (que não haja superposição de treinamento MLTE e IFR, o treinamento ALTernativo), é mais fácil ainda arbitrar o custo da formação. Basta subtrair os voos de cheque realizados em avião MNTE e acrescentar as horas em treinamento e cheque MLTE no cálculo do orçamento do PC-IFR/MNTE, cujo item III ficaria assim:
  • Cheque realizado em um único voo de 3h em aeronave MLTE:
III-MLTE1Voo-ALT) Horas de voo de treinamento em avião do grupo #3 e #4:
    1. Para quem usou simulador AATD: 24 x Preço da hora em avião do grupo #3; ou
    2. Para quem usou simulador BATD: 36 x Preço da hora em avião do grupo #3; ou
    3. Para quem não usou simulador homologado: 48 x Preço da hora em avião do grupo #3;
Mais:
    1. 18 x Preço da hora em avião do grupo #4, independente do simulador utilizado.
Ou:
  • Cheque realizado em dois voos, sendo 2h em avião MNTE e 1h em avião MLTE:
III-MLTE2Voos-ALT) Horas de voo de treinamento em avião do grupo #3 e #4:
  1. Para quem usou simulador AATD: 26 x Preço da hora em avião do grupo #3; ou
  2. Para quem usou simulador BATD: 38 x Preço da hora em avião do grupo #3; ou
  3. Para quem não usou simulador homologado: 50 x Preço da hora em avião do grupo #3;
Mais:
  1. 16 x Preço da hora em avião do grupo #4, independente do simulador utilizado.
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Com isto, nós cobrimos todas as possibilidades de formação para PCA. Como se viu, eu não estava mentindo quando disse que era complicado e chato calcular o custo do PCA, não é mesmo? Mas não tem jeito, são muitas alternativas possíveis, muitos tipos diferentes de avião e de simuladores a serem utilizados, e tudo depende de quantas horas você levou para checar o PPA, no fim das contas. Mas tenho boas notícias. O que veremos a seguir é infinitamente mais simples. Na formação prática de piloto de helicóptero (PPH e PCH) – em que só vamos tratar da parte prática, uma vez que a parte do exame médico e a parte teórica são iguais ao do PCA – os cálculo não requerem múltiplas aeronaves nem simuladores. Para ajudar ainda mais, na quase totalidade dos casos, os alunos checam com o mínimo requerido pela ANAC: 35h para PPH e 100h para PCH – por isso, somando as 2h previstas para os cheques, vou admitir que o PPH terá 37h após o cheque, e o PCH 102h (logo, o PCH deverá voar 65h a mais que o PPH). Outra facilidade é que, também na esmagadora maioria dos casos, utiliza-se o mesmo equipamento no PP e no PC, o que exige somente um “ground school” (feito no início do PP). Assim, as projeções de custos para a asa rotativa ficam da seguinte forma:
PPH
  1. Horas de voo de treinamento e cheque: 37 X Preço da hora do helicóptero
  2. Taxa de “ground school”
  3. Taxas da ANAC
  4. Honorários do despachante (opcional)
PCH
  1. Horas de voo de treinamento e cheque: 65 X Preço da hora do helicóptero
  2. Taxas da ANAC
  3. Honorários do despachante (opcional)
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Bem, meus caros, em caso de dúvidas, a seção de comentários está à disposição. Mas, por favor, leiam com bastante atenção o artigo acima antes de postar, pois é bem provável que sua dúvida possa ser respondida com uma leitura mais atenta do texto – como disse, o assunto é complicado, e precisa muita atenção para entender.
Um grande abraço, e até a semana que vem.
Alexandre Sales
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