Nessa quinta-feira (13), Tony Tyler, executivo-chefe da IATA, pediu para se abordar com rigor e de maneira adequada o projeto de construção de 800 novos aeroportos em todo o Brasil, anunciado pela presidenta Dilma Roussef.
“Oitocentos aeroportos parecem muitos, não?”, disse durante entrevista, advertindo que o problema de construir muitos aeroportos sem uma colocação adequada pode derivar ’em infraestruturas vazias, como aconteceu com a Espanha’.
Além disso, o executivo disse que “certamente é necessário investir em infraestruturas em um país”, mas assinalou que é cedo demais para se pronunciar sobre o plano do Governo brasileiro “porque não conhecemos o plano concreto de investimentos”.
“Falando em caráter geral, acolhemos de maneira positiva os projetos de melhora de infraestruturas e de aeroportos (…), mas é preciso um processo adequado de consultas”, ressaltou.
Tyler ainda opinou sobre o processo de privatização dos aeroportos do país, que rendeu US$ 14 bilhões de receita para o Governo, ‘cinco vezes mais do que a oferta mínima inicial’:
“Certamente, o fato de que os investidores privados vejam possibilidades de fazer um bom negócio, no qual se oferece cinco vezes mais do que o Governo espera pela franquia dos aeroportos envolvidos, é um elemento de preocupação”, disse.
Tony ainda disse que desejaria que o segundo processo de privatizações anunciado pelo Governo seja feito com mais cuidado, que haja ‘um maior grau de regulação’, que se faça ‘com maior transparência’ e que ‘a receita obtida seja reinvestida na indústria e que não saiam da indústria’, além de insistir uma maior rentabilidade dos atuais aeroportos:
“A longo prazo, o aeroporto é uma peça crítica na infraestrutura de um país. A receita fiscal gerada pela atividade econômica relacionada com a conectividade propiciada pela aviação civil supera em muito os lucros a curto prazo de uma privatização equivocada”, finalizou.
Por Antonio Ribeiro
Imagem: INFRAERO