Então senhoras e senhores leitores do Canal Piloto. Com o intuito de aproximar a interação colunista-leitor, começamos uma nova série de entrevistas com os atuais colunistas, com uma média de dez perguntas. E o primeiro entrevistado é Franco Rovedo.
Para irmos sem enrolações, vamos direto às perguntas, enumeradas conforme a ordem em que foram feitas. Boa leitura!
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1° – O que consta hoje no seu currículo?
Meu nome é Franco Giuseppe Rovedo, tenho 51 anos, atualmente sou escritor e empresário.
Sou formado e pós graduado em Ciências Aeronáuticas pela Universidade Tuiuti do Paraná. Elemento credenciado em prevenção de acidentes aeronáuticos. Além disso, possuo vários cursos ligados a educação e treinamentos e ensino a distância.
Me especializei como professor de diversas disciplinas. Em especial matemática, teoria de voo, aerodinâmica, além de ser autor de cursos e videoaulas e dezenas de livros didáticos.
Piloto esportivo, paraquedista, mergulhador, arrais amador.
Falo inglês, italiano e espanhol.
2° – Qual a sua atual ocupação?
Tenho dedicado muito tempo em meus romances e nas colunas que escrevo, mas é algo que eu posso fazer em qualquer lugar, então sobra tempo para administrar e dar consultoria para empresas.
3° – Seu amor pela Aviação é muito grande? Qual sua fonte de inspiração para seus contos?
Sem dúvida. Fui criado muito próximo ao aeroporto do Bacacheri (SBBI) e ainda moro perto. Fui rato de aeroclube e desde os 8 anos frequento e acompanho todas as atividades, tanto civis como as militares da Base Aérea e do CINDACTA II.
Durante mais de 40 anos de aviação, colecionei histórias interessantes e que agora estão se transformando em contos ou capítulos dos livros que estou escrevendo.
A leitura dos escritores aviadores também fomentou a minha vontade de escrever sobre isso. Richard Bach, Saint Exupéry, Pierre Clostermann entre outros, me fascinaram com suas histórias e façanhas.
4° Qual sua maior lembrança sobre a Aviação?
Puxa… Esta é uma pergunta difícil de responder. Quem é apaixonado por aviação, vive destas lembranças. São muitas. Mas para não deixar no vazio e estolar, vou citar alguns momentos que foram históricos para mim:
- A primeira vez que vi a esquadrilha da fumaça com os T-6.
- Minha primeira vez dentro de uma aeronave fazendo acrobacias. Qual aeronave? Um Sêneca fazendo tunô.
- Meu voo solo.
- Assistir a pré-estreia de TOP GUN junto com o pessoal da Esquadrilha da Fumaça.
- Meu primeiro salto livre de paraquedas.
Enfim… todo voo tem uma história, e para quem gosta de voar, todo momento é digno de não ser esquecido.
5° – Sua família te apoiou?
Meu pai chegou a pilotar mas não pagou o meu curso, porém voei muito de saco e aprendendo com ele e os outros pilotos amigos. Minha mãe sempre me apoiou, com exceção do paraquedismo, que ela sempre teve medo.
6° – O que você possui de projetos relacionados à arte de voar?
Sempre tem algo relacionado com aviação ou esportes aéreos. Meus romances são uma coletânea de experiências reais que tive. Estou escrevendo um livro, que se chama “Queda livre”, que é baseado no sétimo campeonato mundial de paraquedismo que ocorreu em Foz do Iguaçú em 1987. Além disso, acabei de lançar um livro, “A Flor da Pele”, que envolve em certo momento a Aviação.
*Nota do editor: Para quem ficou interessado no livro, ele poderá ser adquirido através dos seguintes locais:
Livraria Vanguarda – Pelotas-RS
Livrarias Curitiba – PR
Livrarias Cultura em todo país
Livrarias Catarinense – SC
Livrarias Pontal Sul – Ponta Grossa – PR
Livrarias Chaim – PR
Livrarias da Vila – Pátio batel – Curitiba – PR
E pelo email editorainverso@editorainverso.com.br
7° – O que você pensa sobre a atual logística da ANAC e da INFRAERO?
O reflexo de um governo sem noção alguma de administração. Um enorme potencial humano mal utilizado pelos superiores políticos e burocratas. A transição entre DAC e ANAC foi feita sem os critérios importantes para a melhoria de serviço. A agência deveria ser um órgão mais ágil, mas não está. Mostra-se lenta e mais burocrática que antes. Simplesmente um reflexo do governo como um todo.
8° – O mercado na Aviação Civil oscila frequentemente. Você acha que a situação irá melhorar no quesito desemprego?
As profissões ligadas à aviação estão mais ligadas a economia mundial do que a situação particular nacional. É muito difícil criar empregos sem uma economia mundial mais sólida. A crise está forte e o governo está mentindo quando pinta um cenário otimista aqui no Brasil. Não vejo um aquecimento do mercado aeronáutico em um futuro próximo.
9° – Os aeroportos darão conta da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016?
Pelo que percebi no movimento dos aeroportos na África do Sul, não acho que aqui vá ser um grande problema. A copa das confederações mostrou que não houve crescimento do turismo. Fora um pico ou outro de grande movimento, no mais, ficará como está.
O problema é de logística interna e movimento de passageiros e mercadoria de um país do tamanho do nosso. É um absurdo pensar na aviação só em eventos e não como um meio importantíssimo de transporte e integração.
10° – Com as manifestações populares de alguns meses atrás, é possível que a ANAC, FAB e INFRAERO sejam beneficiadas?
Só se a Constituição Federal mudar. Não existe outra maneira das coisas mudarem como é necessário. Mesmo com boa vontade, o sistema político que aí está foi feito para perpetuar poder e não para ser competente. Só com as manifestações do povo não será possível mudar o sistema de gestão destes órgãos. Aliás, os funcionários públicos deveriam apoiar mais as manifestações populares, pois também serão muito prejudicados se tudo continuar como está.
O grande exemplo é o escândalo dos jatinhos. O GTE é o único grupo da FAB que recebe investimentos, pois é usado como luxo pelos políticos. Outros setores fundamentais da aeronáutica estão sucateados e vergonhosamente abandonados pelo governo. A mídia e o povo que é leigo imaginam que a Força Aérea inteira é conivente com os abusos dos políticos. Sem contar que eles mesmos fazem as leis que permitem todo tipo de conduta imoral que estamos vendo.
Tudo passa por uma nova Constituição Federal, algo muito difícil de acontecer de modo organizado e correto. Infelizmente.
Mensagem Final
Quero passar para os jovens aviadores algo que aprendi nestes 40 anos convivendo com os diversos segmentos da aviação. Somos um grupo de pessoas que recebe uma carga de informação e emoções como poucos. A paixão pela aviação é algo inexplicável e que deve nos unir para construir uma sociedade melhor. Conduza sua vida como aprendemos a pilotar uma aeronave, usando os 4 fundamentos do sucesso: Atitude, Conhecimento, Habilidade e Ação.
De Richard Bach: “…A maior parte das gaivotas não se preocupa em aprender mais do que os simples fatos do voo — como ir da costa à comida e voltar. Para a maioria, o importante não é voar, mas comer. Para esta gaivota, contudo, o importante não era comer, mas voar.”
Fernão Capelo Gaivota
Bons voos!
Franco Rovedo
franco.rovedo@gmail.com