Formação de Piloto Comercial nos EUA 18

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Saudações leitores do Canal Piloto,

Meu nome é Roger Marcellus e essa é a coluna Formação de Piloto Comercial nos EUA.

Acho que todos nós adoramos voar, podemos concordar que é uma coisa muito legal, uma sensação inexplicável. Durante meu treinamento IFR eu tive que realizar alguns vôos atrás de uma mesa chamada Redbird.

Para os que não conhecem, o Redbird é um simulador de voo muito popular por aqui. Hoje vou falar sobre essa etapa do treinamento, suas desvantagens e claro o dia mais feliz do meu treinamento.

De acordo com a legislação vigente, o piloto pode substituir algumas horas de voo por horas de simulador. Isso pode ser bem pratico pois o simulador é mais barato e pode ser usado de uma maneira muito mais eficiente.

Eu usei o simulador o máximo que podia para tentar fazer o treinamento ficar mais barato. Aprendi muito voando o simulador, não podemos negar, somente nele eu poderia fazer uma aproximação NDB com um vento de través de 45kt. Aliás, todo meu treinamento com NDB foi feito no simulador, pois aqui na Costa Leste a quantidade de NDBs é mínima.

Na minha região, existem 8 VORs em 50NM e somente 1 NDB que poucos pilotos sabem que existe. Outra vantagem do simulador é a opção de realizar procedimentos especiais como por exemplo o LOC BC, que é uma aproximação na cabeceira oposta ao LOC normal, o que exige um esforço mental maior por parte do piloto, mas falo mais sobre esse procedimento em outro post.

Um problema que eu encontrei durante a instrução no Redbird foi a sensibilidade dos controles, sinceramente uma aeronave não se comporta assim em voo. De acordo com os instrutores, essa sensibilidade é proposital para forçar o piloto a voar mais leve, pequenos mudanças, pequenos ajustes.

Isso acaba complicando bastante, pois na grande parte do tempo nós voamos aproximações no simulador, e a sensibilidade dos comandos já me fez sair mais de uma vez da rampa. Outra desvantagem do simulador, no meu caso, é a ergonomia. Eu sou alto, e o manche do simulador é relativamente baixo, isso me atrapalhava muito e fazia os “voos” muito mais cansativos.

Esses motivos deixam o simulador bem cansativo, repetitivo e faz com que você queira que acabe logo. Para mim foram 10 voos no Redbird, em um total de 15 horas. O voo mais feliz foi o último, fizemos uma aproximação LOC BC e uma aproximação NDB, incluindo uma espera e pouso completo.

A sensação de ter terminado essa etapa foi muito boa. Agora o uso do simulador é somente para manter o IFR current, pois é necessário que em seis meses sejam realizados algumas aproximações, interceptar uma radial e procedimento de espera. Claro que eu pretendo realizar voos reais em que esses procedimentos serão realizadas, mas nunca se sabe né.

Quando concluímos uma etapa de nosso treinamento de voo, ficamos felizes, comemoramos e claro pensamos em tudo aquilo que aprendemos. Do simulador levo a lembrança das pequenas correções, das dificuldades do LOC BC, das esperas que antes considerava tão complicadas e que hoje executo com perfeição.

Sim o simulador é cansativo, é repetitivo, e em algumas vezes ele pode ser até mesmo frustrante, mas é algo que vou levar para toda minha carreira como piloto. 

Por hoje é só isso, semana que vem vamos falar sobre o LOC BC.

Até semana que vem! 

Roger Marcellus
roger.marcellus@icloud.com
Twitter:@rmarcellus

Renato Cobel
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