Olá!
Eu sou Carlos Eduardo Damasceno, e essa é a coluna sobre Formação de Planador, aqui, no Canal Piloto.
Nas 2 últimas postagens, mostrei a vocês um pouco sobre todos os procedimentos que envolvem a operação de planadores, além de algumas particularidades das operações no aeroporto de Jundiaí (SP), e no Aeroclube Politécnico de Planadores, também em Jundiaí.
Hoje vou falar sobre meu quarto voo, que finalmente aconteceu depois de mais de 1 mês tentando! Porém, isso é a coisa mais normal que acontece nessa área da Aviação.
Antes de dormir, programei meu despertador para tocar às 7h. Na manhã seguinte, levantei, desliguei o despertador e dormi até às 8h. Quando acordei estava desesperado, pois já devia estar no aeroclube aquele horário. Me perguntei se valeria a pena correr pra ir ao aeroporto e talvez não voar como havia ocorrido nas últimas semanas, mas decidi que iria tentar mais uma vez. Inacreditavelmente, eu estava saindo de casa às 8h15!
Ao chegar ao aeroclube, fui preencher a lista de presença, e vi que seria o oitavo do dia a voar. Mas como estava indo toda semana no último mês e não conseguia voar, tinha prioridade naquele dia. Fora eu, mais um aluno estava nessa situação, e como ele chegou antes de mim, ele teve preferência. Além dele, um outro aluno (aquele que me cedeu a vez no primeiro voo) iria fazer um voo de recheque de carteira, portanto, sendo o primeiro da lista de prioridade.
Depois de uma boa notícia, recebi uma muito boa e uma não tão agradável. A ruim é que a corda de reboque estava em Rio Claro, e só chegaria por volta das 12h. A boa é que a corda estava em voo, pois uma das aeronaves do Aeroclube, que estava em Rio Claro, estava sendo transladada para Jundiaí, que agora tem dois planadores em suas operações, o que vai aumentar as probabilidades de se voar em um dia de operação.
Preparamos tudo para a operação e fomos para a cabeceira 36, conforme informado pela torre.
A corda chegou um pouco antes do planejado, e quando deu no relógio aproximadamente 12h30min, estávamos iniciando a operação com o primeiro reboque do dia, que era do aluno que não voou nas últimas semanas. Ele passou na frente pois o checador não tinha chegado ainda.
O PT-PZA pousou, e logo o preparamos para o próximo voo. Quando o rebocador já estava acionado no ponto de espera para iniciar o voo, a torre anunciou que a cabeceira havia mudado. Conversamos com o chefe de pista, responsável pelas decisões, e decidimos que aguardaríamos um pouco, para ver se o vento virava novamente.
Esperamos por cerca de 5 minutos, e vimos que a biruta ainda estava apontando para a 36. Apesar de não questionarmos a decisão da torre de mudar de pista, continuamos aguardando na 36. Passados mais 10 minutos, e o vento ainda predominante na 36, decidimos seguir as orientações da torre e iniciamos o transporte do Papa Zulu Alfa para a cabeceira 18.
A pista de Jundiaí possui 1.400 metros de extensão, e quando faltava cerca de 300 metros para chegar na cabeceira 18, a torre disse que o vento havia mudado e deveríamos voltar para a 36.
Obedecemos, chegando lá fizemos todos os checklists novamente, e rapidamente solicitamos decolagem. Logo ela foi autorizada, e finalmente o voo de recheque decolou. Durante o voo em questão, a torre informou em sua frequência que a cabeceira havia mudado de novo para a 36. Porém, como o planador estava em voo, dessa vez foi mais fácil fazer o transporte.
Eles já pousaram na cabeceira 36, e quando o PZA chegou na cabeceira, colocamos ele paralelo em 45º com a pista, e já fui prepará-lo para meu voo.
Depois de um grande jejum, finalmente eu iria voar novamente. Estava ansioso e meio nervoso porque estava achando que tinha perdido o pouco “pé e mão” que eu tinha conseguido. Decolamos por volta das 16h30. Ao todo, as mudanças de cabeceira nos deram um atraso de quase 1h30min.
A decolagem foi feita pelo instrutor e quando livramos o eixo da pista, ele me passou os comandos, já que fiz o reboque inteiro (com algumas correções do instrutor). Em solo, ele já havia me alertado que o voo não seria muito longo, pois as condições de térmicas estavam ruins, não haviam muitas. Na verdade, em voo descobrimos que não havia nenhuma térmica.
Mas apesar disso, a gente ficou caçando algumas lá em cima, já que, no meu último voo, faltou fazer exercícios de freio aerodinâmico. Como havíamos desligado com 600 metros, o que era o autorizado para aquele dia, e temos que ingressar na curva de espera à 400 metros, não seria possível fazer isso em voo, então ficou combinado que o exercício seria feito no pouso.
Nosso voo acabou sendo só um voo para curtir, mesmo porque não havia muito o que cumprir na aula, devido às limitações. Fiquei dando umas voltas pela região à procura de térmica mas não obtive sucesso, então quando estávamos próximos dos 400 metros de altura o instrutor me lembrou que deveríamos iniciar procedimento de curva de espera.
Fui para a vertical da torre e efetuei curvas à esquerda. Reportamos 1 min para ingressar na perna do vento, e quando ingressamos, o instrutor pediu os comandos e me disse que eu iria controlar o freio, tinha que manter 110km/h.
E assim o fiz, mantive entre 107 e 113km/h, sem muitas variações. Quando passamos a cabeceira ele disse que estava tudo com ele, para que pudesse fazer o arredondamento e toque.
No final do voo, enquanto transportávamos o planador para a cabeceira, ele me disse que havia ido muito bem no voo, não perdi nada de “pé e mão”, e me lembrou que devo usar mais o pedal no reboque! Com essas considerações, eu estava aprovado na segunda fase da caderneta de manobras. Nosso voo totalizou 15 minutos.
Foi realizado mais um voo de aluno naquele dia e a operação foi encerrada. No debriefing, não foi reportado nada fora do normal e fomos dispensados.
Esse foi o relato do meu quarto voo do curso de Piloto de Planador. Espero que estejam gostando.
Qualquer dúvida poste um comentário ou acesse meu blog
Um abraço!
Carlos Eduardo Damasceno