Saudações leitores do Canal Piloto,
Essa é a coluna sobre formação de PP nos EUA. Hoje vou relatar meu quinto voo.
Após perder três voos seguidos devido ao mau tempo, o dia parecia mais um daqueles em que eu iria ficar no solo. Com o voo marcado para as 09h30min, acordei as 07h00min e me deparei com um nevoeiro tão intenso que não pude ver as casas do outro lado da rua. Porém, quase que como um milagre, o céu começou a abrir rapidamente após as 08h30min. Meia hora depois, eu liguei para o número do METAR para checar as condições meteorológicas (Teto de 6500 pés e 7SM de visibilidade), me arrumei e fui para o aeroporto.
Ao chegar lá fui para a flight planning room, anotei o ATIS no meu kneeboard e fui de encontro ao Mike, que estava na recepção. Pegamos o “kit” da aeronave, chave, manual, checklists, e partimos em direção à aeronave.
Fiz o check externo e em seguida ajudei o Mike a virar a aeronave. Já de frente para a taxiway, completei o Before Startup Checklist, aguardei o caminhão de combustível passar na nossa frente e dei partida no motor.
O Mike me falou que decolaríamos da cabeceira 18, que fica basicamente em frente ao terminal da McCreery, portanto não chamaríamos o solo, apenas a torre quando estivéssemos no ponto de espera.
Ao chegar lá, chamei a torre e o Mike pediu o controle da aeronave para realizar a decolagem, pois a pista é bem mais curta e mais estreita, e eu ainda não havia recebido nenhum treinamento de short field takeoff.
Com flaps 10°, o Mike mostrou como se realiza a decolagem em pista curta, que consiste em aliviar um pouco o nariz e manter a Vx de 56kt até livrar todos os obstáculos, coisa que não há na decolagem da 18. Mantivemos essa velocidade até aproximadamente 200′ (100′ AGL) e então ele diminuiu a altitude da aeronave. À 60kt flaps 0° e a 600’, iniciamos curva à esquerda rumo ao setor “N”, a practice area mais usada em McAllen.
Afastados aproximadamente 15nm do aeródromo, o Mike realizou um S sobre estrada e pediu que eu realizasse o mesmo, levando em conta o vento.
Lembro que estávamos com um vento de aproximadamente 10kt, e, mesmo sabendo que quando curvando para o vento teria que aumentar o bank da aeronave, estava mantendo a mesma inclinação das asas, isso fazia com que eu ficasse sobre a estrada em uma posição meio “torta”. Para compensar isso, eu chutava o pedal e cruzava em uma espécie de glissada a rodovia.
Após algumas tentativas, peguei o jeito da coisa e prosseguimos para a manobra seguinte, que seria circular ao redor de um determinado ponto mantendo a distancia com este.
Escolhemos o silo de uma fazenda como ponto central e iniciamos a manobra. O Mike demonstrou como se deveria fazer a manobra e de primeira eu fiz algo bem aceitável. Repetimos o procedimento mais uma vez e iniciamos o retorno ao aeródromo.
Na volta estava mantendo 3000′ e, quando avistei a lagoa que fica a aproximadamente 2nm do aeródromo, comecei a descida para 1500′. A torre tinha nos instruído a chamar na two mile base leg, usando como referencia essa lagoa. Assim o fiz.
Após ingressar na final com flaps 30°, Mike me falou que eu faria o pouso junto com ele e, caso ele falasse alguma coisa, era para eu soltar imediatamente todos os comandos. E assim prosseguimos para o pouso.
A aproximação foi normal até cruzar a cabeceira, porém, exagerei um pouco no flare e senti o Mike fazendo uma pressão no manche. Não foi o pouso mais suave de todos, mas a aeronave pôde ser reutilizada sem passar por inspeção (rsrs). Taxiei até a McCreery, cortei de frente ao hangar e fomos para o debriefing.
Fora cinco ou seis minutos de conversa sobre meus erros e acertos, logbook assinado e la fui eu para casa, todo feliz por mais um voo realizado.
Glossário
Flight Planning Room – Sala de planejamento de voo
Short Field Takeoff – Decolagem de pista curta
AGL(Above Ground Level) – Acima do nível do solo
Practice Area – Área de pratica
Bank – Inclinação das asas
two mile base leg – perna base para final de dois milhas