Formação de PPA 01

posted in: Lucas Ferrão, Textos | 31

Boa tarde leitores do Canal Piloto,

Meu nome é Lucas Ferrão, atualmente resido em São Paulo/SP, irei iniciar minha graduação em Aviação Civil na Anhembi Morumbi e estou fazendo o curso prático de Piloto Privado de Avião.

Nasci em 14/05/1995 e dei início a minha formação como piloto de avião em 2012, com 16 anos. Fiz o curso teórico de Piloto Privado de Avião no Aeroclube de São Paulo entre Março e Junho, em Julho fiz a Banca da ANAC e em Agosto tirei meu CMA. Em seguida fiz minha matrícula no Aeroclube de Bragança Paulista e algumas semanas depois realizei meu primeiro voo. Hoje tenho 10.3 horas de voo e estou para iniciando a PS11, pouso e decolagem.

Voltando de viagem, vi que estavam procurando colunistas para o Canal Piloto. Como estou com tempo disponível decidi ajudar e passar minhas experiências durante o curso para vocês leitores, porém como atualmente só estou voando a cada 15 dias, a coluna vai funcionar nesse mesmo regime para não correr riscos de atrasar.

Devido estar voando no Aeroclube de Bragança Paulista com o Paulistinha, provavelmente algumas coisas serão semelhantes as experiências do comandante de CAP4, Torquato, porém como digo, um voo nunca é igual ao outro.

Hoje vou contar como foi meu curso teórico, porque escolhi o ACSP, as novas amizades e diversas experiências que tive no decorrer desses 4 meses.

Onde tudo começou

Minha primeira experiência com um avião foi em um voo entre São Paulo e Natal em um Fokker 100 da TAM, porém não me recordo de nada, pois tinha somente 1 ano. Quando tinha 10 anos finalmente iria ter um contato com a aviação que eu pudesse lembrar. Foi um voo entre São Paulo e Caldas Novas em um A320 da TAM.

Lembro quando a aeronave alinhou na pista 17R de Congonhas, ouvi o barulho dos motores acelerando e quando o piloto soltou os freios senti aquela leve arrancada da aeronave na pista. Corremos e logo saímos do solo. Eu todo empolgado com a situação e como toda criança, queria compartilhar aquilo com minha família.

Foi quando olhei para minha mãe e ela estava um pouco branca, porém com o tempo ela foi melhorando.Senti um pouco de enjoo na viagem por não estar acostumado, mas também não me esqueço da aproximação em Caldas Novas.

Realizamos um circuito padrão pela pista 09 e fiquei impressionado vendo aquelas casas se aproximando cada vez mais a cada curva que fazíamos. Pousamos e assim que sai da aeronave, olhei para ela e pensei comigo mesmo: Um dia quero estar no comando de um desses.

(Imagem: Mauro Donati)

Voltando de viagem pesquisei algumas coisas sobre aviões e descobri o Flight Simulator. Pedi para o meu pai e em algumas semanas já estava “praticando” com o simulador. Desde então, me apaixonei cada vez mais pela aviação.

(Quem não gostou muito da ideia foi minha mãe, mas meus pais sempre tiveram aquela politica de que devemos fazer o que gostamos, pois só assim seremos bons profissionais).

Vinha a algum tempo pesquisando sobre como iniciar a formação. Em 2011, fui com meu pai conhecer o ACSP e assistir uma palestra a respeito do curso, porém para minha decepção, só poderia me matricular com 17 anos. Na primeira semana de Março de 2012 voltei ao ACSP com meu pai pois a ansiedade era grande para iniciar o curso.

Na secretaria fomos avisados que a restrição de 17 anos existia porque o aeroclube daria ao aluno um prazo de 1 mês para tirar o CMA. Caso reprovado, o aluno poderia desistir do curso e teria todo o investimento devolvido. Conversamos e decidimos riscar isso do meu contrato de matrícula e no próximo sábado estaria iniciando as aulas.

Escolhi o ACSP devido a estrutura que eles proporcionam ao seu aluno durante o curso teórico e o fato de estar em São Paulo. Como estava ainda no terceiro ano do médio, não podia me afastar da cidade. Eu iria fazer as aulas aos Sábados e Domingos alternados, sendo duas aulas de 4 horas e 1 hora de intervalo para o almoço.

(Imagem: Arquivo pessoal)

Meu foco era estudar, porém como sempre vou começar algo diferente, tenho uma preocupação: as pessoas que estariam na sala. Como tinha 16 anos já sabia que pessoas da minha idade seria difícil encontrar, mas para minha surpresa, no primeiro dia já tinha conhecido cerca de 9 pessoas entre 17 e 19 anos e mesmo o pessoal mais velho se enturmava facilmente com a gente.

Foram 4 meses de muito aprendizado. Muitas experiências foram compartilhadas entre os alunos e os excelentes professores que tive. Muita diversão nos intervalos e durante as aulas.

Minha sala começou com cerca de 65 alunos. Cada final de semana que passava menos alunos assistiam aula. Logo chegaram as provas e cada vez mais alunos desistiam. Na última prova acredito que somente 30 alunos estavam presentes. Desses 30, aproximadamente 15 estão voando.

(Imagem: Arquivo pessoal)

Nem todos estão na foto, mas da esquerda para a direita: Moraes, Kauê, Kleber, Candido, Ferrão, Neto, Rodrigues.

Já entrei no curso com alguma base da aviação. Isso graças ao Flight Simulator. Das 5 matérias vistas (Meteorologia, Teoria de Voo de Avião, Regulamento de Tráfego Aéreo, Conhecimentos Técnicos e Navegação Visual) eu apresentei maior dificuldade somente em Teoria de Voo. Foi a única matéria que reprovei nas duas primeiras provas. Para poder ser aprovado sem recuperação, precisava tirar 85 na terceira e última prova. Estudei a semana inteira e para minha surpresa errei somente uma questão. Tirei 95!

Algumas semanas depois já estava indo buscar meu diploma e sabia que o primeiro passo já estava dado e agora era somente completá-lo com o CMA e a tão temida Banca da ANAC.

Espero que gostem da coluna. Qualquer dúvida, crítica e sugestão será bem vinda.

Até a próxima, bons voos a todos.

Ferrão

Renato Cobel
Redes