Formação de PPA 05

posted in: Lucas Ferrão, Textos | 11

Boa tarde Canal Piloto,

Passadas duas semanas do meu primeiro voo, já estava voltando para o aeroclube para mais um voo.

Cheguei no Aeroclube de Bragança com quase 2 horas de antecedência e me apresentei para o voo. Em Bragança é pedido que o aluno se apresente com uma antecedência de pelo menos 1 hora antes do voo, portanto para evitar problemas, sempre chego um pouco antes.

Poucos minutos depois fui chamado na secretaria, entregaram minha pasta e passaram uma instrutora. Depois de uma rápida caminhada pelo aeroclube, encontrei minha instrutora e fomos para a sala de briefing.

A missão era bem básica: Iriamos fazer a PS03 – Mudança de Atitude, que nada mais é do que manter a aeronave em uma atitude e mudar para outra atitude da forma correta.

No briefing a instrutora me perguntou a configuração da aeronave em cada atitude e depois a sequência utilizada nas passagens de uma atitude para outra. Ela disse que a decolagem e o pouso estariam com ela, porém dessa vez eu poderia acompanhar os comandos somente com a mão por cima. Após a decolagem ela iria me passar a aeronave já configurada em voo ascendente e depois seguiríamos para a SBR459 para o treinamento. Nenhuma dúvida, fomos ver qual era a aeronave.

Na secretaria passaram que iríamos no PP-HGB. De todos os Paulistinha do ACBP, o HGB é o único CAP-4. Ele é um pouco menor que os demais, possui um motor de 85HP (enquanto a maioria possui de 90HP), e autonomia de 3 horas e 55 minutos.

(Imagem: Luiz E. Mendonça)

Fomos para a aeronave e dessa vez fiz a inspeção somente acompanhado. Tudo certo, notificamos o voo no DAESP, me amarrei e estava pronto para acionar. Realizamos o briefing de acionamento, tudo compreendido e demos a partida (no HGB, como não temos partida elétrica, é necessário que alguém gire a hélice).

Após informar a Rádio Bragança que acionamos, iniciamos o táxi até o ponto de espera da 34. No voo passado, demonstrei um pouco de dificuldade para controlar a aeronave no solo, porém nesse voo já estava melhorando.

No ponto de espera fiz o check de cabeceira e como tudo estava funcionando corretamente, alinhamos na 34. Comandos com a instrutora, iniciamos rolagem. Assim que decolamos a instrutora perguntou se eu já me sentia seguro para assumir, disse que sim e então já estava pilotando.

(Imagem: Luiz E. Mendonça)

Mantive o eixo até 500ft AGL, fiz o check de 500ft AGL e iniciei uma curva de pequena intensidade pela direita para ingressar na perna de través. Check de área, curvei para a perna do vento subindo para 4500ft. Após o ponto médio da pista, curvamos a esquerda e aproamos a SBR459.

Desde que assumi na decolagem, já estava sendo avaliado. Na subida devemos manter teoricamente 2200RPM, 65mph e o nariz da aeronave raspando a linha do horizonte. Disse teoricamente porque essas informações, principalmente a RPM, são padrões, mas nem sempre são mantidas. Dependendo da aeronave, temperatura, pressão, vento e etc, temos que manter uma RPM um pouco maior.

Na proa da SBR459 já estava alcançando 4500ft e teria que fazer a passagem para o voo reto horizontal de forma correta. Atingindo a altitude de cruzeiro, comecei a ceder o manche para frente para colocar na atitude do voo reto horizontal, aguardei a velocidade e 80mph, reduzi a potência para 2100RPM e compensei a aeronave.

O voo reto horizontal teoricamente consiste em manter 2100RPM, 80mph e o nariz da aeronave um pouco abaixo da linha do horizonte.

Aeronave compensada, a instrutora pediu para eu soltar os comandos para ver se iríamos manter a atitude. O nariz da aeronave levemente começou a subir, então a instrutora me disse que poderia usar mais o compensador. Aproveito e me explicou que uma boa maneira de verificar se estamos nivelados é sempre olhar para as asas, pois assim podemos perceber se elas estão inclinadas, coisa que as vezes olhando só para frente não percebemos.

Já na SBR459 a 4500ft, a instrutora pediu para iniciar uma descida para 4000ft. Reduzi a potência para 1800RPM e segurei o nariz para manter 80mph em descida. Após isso compensei a aeronave. Novamente a instrutora pediu para que eu soltasse os comandos para ver se eu estava compensando direito. Dessa vez estava melhor.

Atingindo 4000ft ela me pediu que eu nivelasse. Aumentei a potência para 2100RPM, trouxe a aeronave para a atitude de voo reto horizontal mantendo 80mph e compensei. Soltei os comandos e a aeronave manteve a atitude.

Realizamos uma curva para livrar os morros e então a instrutora pediu para que iniciasse um voo planado. Para isso eu deveria abrir o ar quente para evitar formação de gelo no carburador já que o motor estaria reduzido, tirar toda a potência, trazer a aeronave para 65mph e compensar, sempre dando rajadas de motor de 20 em 20 segundos. Fui iniciar e esqueci o ar quente. A instrutora me corrigiu e pediu para eu fazer de novo.

Dessa vez fiz a passagem para o voo planado de forma correta. Descemos um pouco sobre a represa e para não ficarmos muito baixo eu deveria subir novamente para 4500ft. Fechei o ar quente, apliquei potência até 2200RPM, mantive as 65mph e compensei.

O resto do treinamento foi basicamente isso. Mudar as atitudes de forma correta mantendo o sequenciamento e as configurações certas.

Com tudo certo, a instrutora disse que já estava aprovado e poderíamos voltar para Bragança. Perguntou onde estava o aeroporto e pediu para nos levar de volta.

Próximos a Bragança, a instrutora me perguntou se eu já sabia fazer a entrada no circuito. Disse que sim, então ela me pediu um briefing de aproximação e pouso. Disse que iríamos aproximar pelo ponto médio da pista, perpendicular a perna do vento, ingressar na perna do vento a 3900ft, no último terço da pista abrir o ar quente, no través da cabeceira iniciar o voo planado, julgar o ponto ideal para girar base e posteriormente ingressar na final. Check de final, após cruzar a cabeceira iniciar a quebra de planeio e depois o arredondamento. Manter a aeronave em um rasante sobre a pista até estolar e tocar três pontos.

Briefing correto, livramos 4500ft para 3900ft em aproximação para pouso na pista 34. Ponto médio da pista, ingressamos na perna do vento. Como ainda não estava acostumado com o voo, comecei a sentir um pouco de enjoo, então a instrutora assumiu. Iniciamos o planado, giramos base, reta final, cruzamos a cabeceira, quebramos o planeio, estolamos e tocamos.

Imagem: Arquivo pessoal

Controlados no solo, livramos e a instrutora perguntou se estava tudo bem. Já estava melhor, então ela falou para levar a gente até o pátio.

Com um pouco mais de facilidade taxiei a aeronave até o pátio, calcei os freios, motor a 1000RPM e cortei nos magnetos. Descemos da aeronave, peguei os calços e inicie o check de abandono.

Rodas calçadas, pitot encapado, hélice na vertical, cintos afivelados e portas e janelas fechadas. Peguei os documentos e fomos para o debriefing.

A conversa foi rápida. A instrutora me passou que no começo ainda não estava utilizando o compensador corretamente, porém depois já estava compensando certo. No primeiro voo planado esqueci de abrir o ar quente, mas nas outras vezes lembrei de abrir e fechar na mudança de atitude. Depois ela pediu a lista de documentos que devem estar a bordo da aeronave, porém como eu não sabia que iriam me cobrar isso, acabei não decorando.

Imagem: Matheus Lestingi

Aprovado na PS03, agora é só estudar para a PS04 – Curvas de pequena e médica inclinação.

Bom voo a todos!

Ferrão

Renato Cobel
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