Formação de PPA 06
Texto: Lucas Ferrão – Vitrine: Eduardo Godoi
Boa tarde caros leitores.
A missão de hoje é a PS04 – Curvas de Pequena e Média Inclinação, e Subidas e Descidas em Curva.
Como de costume cheguei no aeroclube com certo tempo de antecedência. O voo estava marcado para as 14:30. Fui até a secretaria, me apresentei e foi passado o instrutor para já adiantar o briefing.
Foi um briefing basicamente simples. A manobra era praticamente igual ao voo passado, porém dessa vez, além de mudar de atitudes, teria que realizar algumas curvas de pequena e média inclinação, sendo elas de 90º, 180º, 270º e 360º.
Terminamos a conversa e fomos ver qual seria a aeronave. Novamente iria no PP-HGB, um CAP-4 com 85HP. Fiz a inspeção interna e externa, fomos até o DAESP fazer a notificação e quando voltamos, comecei a me amarrar. Tudo pronto, freado, cabrado e livre, contato, acionamos.
Imagem: Rafael Araujo
No taxi já senti diferença. Já estava fazendo tranquilamente o S e com movimentos mais suaves, sentindo melhor os pedais do avião. Paramos no ponto de espera da cabeceira 16 e iniciei o check de cabeceira. Felizmente tudo funcionando perfeitamente, fiz o briefing de decolagem em voz alta:
“Vou alinhar a aeronave com o eixo da pista, neutralizar os pedais, verificar a bússola, afastar os calcanhares dos freios e aplicar gradativamente toda a potência checando os parâmetros do motor. Com indicação de velocidade, levar o manche a frente para tirar a bequilha do chão, rodar com 60MPH e subir com 65MPH. Cruzando a cabeceira oposta, caso livre de obstáculos, ajustar a potência para o regime de subida.”
Briefing correto, checamos o tráfego. Como a final e a base estavam livres, ele pediu para que eu alinhasse a aeronave no eixo da pista. Vale lembrar que devemos sempre usar o máximo de pista possível.
Ingressei e alinhei.
Iniciamos a corrida, com indicação de velocidade manche a frente e com 60MPH rodamos e iniciamos a subida mantendo 65MPH. Em seguida o instrutor me passou a aeronave já compensada em atitude de voo ascendente, cruzamos a cabeceira, reduzimos a potência e configuramos nossa subida.
Imagem: Luiz E. Mendonça
Como estávamos indo para a SBR459 e decolamos da RWY16, iríamos manter o eixo da pista até 1000ft AGL para depois curvarmos a esquerda na direção da área de treinamento.
Sobre a Represa do Jaguari iniciamos o treinamento.
Inicialmente o instrutor me pediu para fazer uma curva de 90º pela minha esquerda. Para realizar a curva, devemos escolher uma referência na ponta da asa para o lado o qual irei curvar e em seguida, girar o nariz da aeronave até atingir a referência. Como era uma curva de pequena inclinação, deveria manter a ponta da asa raspando na linha do horizonte e coordenar levemente com os pedais, a fim de manter o Turn & Bank centralizado.
Referência aproada, agora uma curva de média inclinação, de 180º pela direita. Para realizar essa curva devo escolher uma referência na ponta da asa para o lado que vou virar, e girar a aeronave até que a ponta da outra asa se alinhe com a referência. Como era uma curva de média inclinação, minha referência era manter o montante da asa paralelo ao solo e coordenar com o Turn & Bank.
Fiz mais algumas curvas e então o instrutor pediu uma curva pela esquerda de 270º, agora a maioria era de média inclinação. Escolhi uma referência na ponta da asa oposta ao lado que iria girar. Como a curva seria pela esquerda, escolhi uma referência na asa direita. Então iniciei uma curva pela esquerda até o nariz aproar a referência. Vale ressaltar que antes de iniciar uma curva, sempre realizamos um cheque de área para saber se possui alguma aeronave ou obstáculo próximos. Como a curva era pela esquerda: “Direita, proa e esquerda livres”.
Só restava agora a curva de 360º. Escolhi uma referência na minha proa atual, e iniciei um giro para um lado até aproar novamente essa referência.
A missão era praticamente isso. Quando alguém reprovava nessa PS, normalmente é por não conseguir achar a referência escolhida antes de iniciar a curva. Terminando essas curvas, agora deveria fazer o mesmo em subida ou descida.
É basicamente tudo igual. A única observação é que como no voo ascendente estamos mantendo 65MPH, temos que sempre realizar curvas de pequena inclinação. Caso seja feita uma curva mais inclinada, corremos o risco de estolar de asa.
Uma coisa legal que o instrutor me mostrou no voo foi como devemos nos acostumar com as atitudes da aeronave. Ele pediu para eu colocar a aeronave no reto horizontal. Ajustei 2100RPM e a atitude correta do nariz. Em seguida ele pediu para eu tampar o velocímetro e manter a atitude. Alguns segundos depois, tirei a mão e vi que velocidade caiu, pois não estava realmente mantendo o reto horizontal.
Depois fiz as curvas na atitudes de voo reto horizontal, voo ascendente, voo descendente e voo planado. O instrutor então informou que não tinha mais o que avaliar e que ainda tinha alguns minutos de sobra. Então perguntou se eu queria simular uma pane e se eu já sabia os checks de emergência.
Como já tinha dado uma lida no manual inteiro, disse que sim. Então ele reduziu todo o motor e falou “PANE!”. Escolhi o local para pouso, mantive a velocidade de segurança, fiz o check de reacionamento e posteriormente de aterragem sem potência.
Arremetemos no ar e ele pediu para que eu levasse o HGB para Bragança. Subi e aproamos SBBP.
Imagem: Arquivo pessoal
O circuito seria o mesmo do voo passado. Ingressei na perna do vento pelo ponto médio da RWY16, no último terço abri o ar quente e no través da cabeceira iniciei o planado. Após iniciar, o instrutor assumiu o voo.
Chegamos alto na reta final, então o instrutor perguntou se já tinha visto glissada. Respondi que não. Então ele me explicou rapidamente que é um cruzamento de comandos para perder altura e manter a velocidade. Manche para um lado e pedal para o outro, começamos a descer rapidamente até a rampa ideal.
Cruzando a cabeceira o instrutor quebrou o planeio, manteve a aeronave sobre a pista até estolar e tocar três pontos.
No solo controlados, livramos e eu levei o HGB até o pátio do aeroclube.
Freado, cabrado e 1000RPM, cortei nos magnetos e encerrei o voo.
O debriefing foi tranquilo. As referências foram mantidas nas curvas e as atitudes estavam boas. Um único comentário foi uma “brincadeira” que o instrutor fez comigo durante o voo. Ele pediu para eu fazer uma curva de média em subida. Eu, que não lembrei que não podia, já comecei a curva. Em seguida ele deu risada e já me corrigiu.
Imagem: Arquivo pessoal
O voo foi bem tranquilo. Atmosfera com uma leve turbulência e a represa sempre linda.
Próxima missão: PS05 – Voo em Retângulo
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Até a próxima e bons voos a todos!
Lucas Ferrão
lucas.magalhaes1995@gmail.com