Formação de PPA 07
Texto: Lucas Ferrão – Vitrine: Eduardo Godoi
Saudações aviadores,
O texto de hoje abordará a PS05 – Voo em Retângulo, ou seja, Circuito de Tráfego.
Duas semanas após o último voo eu já estava novamente no aeroclube para mais um voo. Dessa vez consegui um horário somente para as 15:45, porém como já tinham me falado que esses horários são excelentes devido a baixa turbulência, não teria problema algum.
Cheguei como sempre com antecedência ao aeroclube e me apresentei para o voo. Por surpresa iria novamente no PP-HGB. Seria meu terceiro voo seguido nele desde que comecei a voar.
Imagem: Luiz E. Mendonça
Chamei o instrutor e fomos fazer o briefing. Seria um voo muito tranquilo. Nos voos passados já tinha feito o circuito e já tinha noção de como eram feitas as pernas de um circuito padrão e não padrão. Ele me explicou que deveria sempre observar o vento para durante as curvas não me aproximar ou me afastar demais da pista, e nas retas usar os pedais para corrigir essas mesmas tendências.
Inspecionamos a aeronave e fomos até o DAESP notificar. Lá ele me informou que iríamos fazer o treinamento na Fazenda Primavera, uma pista particular localizada na SBR 460.
Voltamos para a aeronave, me amarrei nela: “Freado, cabrado e livre”, “Atenção contato”, “Contato!”. Por fim, o instrutor girou a hélice e nada. Girou novamente, nada. Desliguei os magnetos, injetei combustível e nada do motor acionar. Já estava ficando desanimado com isso.
O instrutor veio me informar que teria q voltar a hélice pois o motor estava afogado. Então ele foi na frente e girou a hélice diversas vezes no sentido contrário. Fizemos todo o procedimento para acionar e nada novamente. Tentamos até o motor afogar outra vez e o instrutor ter que voltar a hélice novamente.
Por sorte, e felizmente, dessa vez o motor pegou!
Acionado, o instrutor tirou os calços e entrou ofegante no avião. Perguntei se estava tudo bem enquanto ele colocava o cinto, me respondeu que sim e já chamou a Rádio Bragança para iniciarmos o táxi.
Dessa vez realizei um táxi como nunca tinha feito. Sem problemas algum. Finalmente peguei o jeito do Paulistinha no táxi.
No ponto de espera da cabeceira 16 com o check de cabeceira feito e tudo normal, alinhamos e decolamos.
Fora de solo o instrutor já passou a aeronave para mim. Realmente o que me falaram da turbulência é verdade. Não tinha que fazer praticamente nada no voo. Era colocar o avião na atitude desejada que ele não balançava e não fazia nada.
Como estávamos indo para a SBR 460 eu deveria manter o circuito, então atingindo 500 pés AGL e eu ingressei na perna de través realizando uma curva de pequena pela esquerda, sempre mantendo 65 milhas por hora, estabilizei, chequei área e fiz outra curva pela esquerda para entrar na perna do vento, subindo direto para 4500 pés.
Algo que me lembro bem é que logo após a decolagem o instrutor me cutucou e fez uma pergunta: “Você já nasceu com asas?”. É uma frase que nunca esqueço e que sempre agradeço por ter escutado. Um simples elogio como esse me incentivou e me animou muito com o treinamento. Todo voo que vou fazer lembro disso e esse tipo de incentivo nos ajuda muito.
Devido ao tráfego a Rádio perguntou se poderíamos manter a perna do vento até o través do VOR de BGC (Bragança) para em seguida curvar em direção da Fazenda Primavera. No través do VOR, curvei para a esquerda e fui seguindo as orientações de direção do instrutor. Estabilizamos a 4500 pés e logo avistei a pista em que iríamos treinar.
O circuito de aeronaves a hélice deve ser feito a 1000 pés de altura, ou seja, 1000 pés a cima do solo, porém o instrutor falou que eu iria fazer mantendo os 4500 pés mesmo.
Imagem: Arquivo pessoal
Ingressei direto na perna do vento para um circuito padrão. O instrutor me avisou que a manobra já estava valendo a partir daquele momento.
Foi uma manobra bem tranquila. Deveria me manter paralelo a pista na perna do vento e na perna contra o vento, perpendicular na perna base e na perna de través e julgar corretamente os pontos onde girar as pernas para que o vento não me afaste ou me aproxime da pista, sempre tomando cuidado com a inclinação.
No começo ainda estava um pouco afastado, mas depois fiz o retângulo mais próximo da pista.
Uma maneira de saber se está muito afastado ou próximo a pista é utilizar o montante da asa como referência. Normalmente ele tem que estar cobrindo a pista ou ligeiramente acima dela, pois assim sabemos que se der uma pane no motor vamos conseguir pousar em segurança.
Imagem: Jamal Ibrahim
Tinha percebido alguns pontos brancos na extensão da pista, mas achava que eram algumas marcações. Durante uma passagem pela perna do vento o instrutor me falou que aqueles pontos brancos eram barris que o dono da pista colocava para ninguém utilizar como treinamento (só quero saber o que vai dar se uma aeronave em emergência precisar pousar lá).
Em determinado momento do voo o instrutor me pediu para informar de onde o vento vinha. Chutei um lado para o qual achava ser o certo. Então ele me apontou uma chaminé que estava a nossa direita e me mostrou a direção da fumaça. Felizmente o chute foi próximo.
Realizado os circuitos pela esquerda, fiz uma curva de 180º e fiz mais dois circuitos pela direita.
Com tudo certo, aproamos Bragança.
Circulamos Bragança para poder ingressar no circuito de tráfego da pista 16.
Na perna do vento o instrutor assumiu para fazer o planado e girar base. Ingressamos na final, cruzamos a cabeceira, quebramos o planeio até tocar. No solo controlado livramos e eu assumi os controles até o pátio.
Freado, cabrado e motor a 1000RPM, cortei os magnetos encerrando o voo.
Fiz o cheque de abandono, peguei os documentos e fomos fazer o debriefing.
(Imagem de Maurício Zupo)
O voo em si foi bem tranquilo. Atmosfera estava perfeita, não sentia nada. O circuito para ambos os lados também foi bem tranquilo de se fazer. Agora era só estudar para a próxima missão, uma das mais “temidas”, a PS06 – Coordenação de 1º e 2º Tipo.
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Bons voos a todos!
Lucas Ferrão
lucas.magalhaes1995@gmail.com