Formação de PPA 08
Texto: Lucas Ferrão – Vitrine: Eduardo Godoi
Boa tarde caros leitores.
O texto de hoje será a respeito da PS06 – Coordenação de 1º e 2º Tipo.
Desde que comecei a pesquisar sobre o curso de Piloto Privado de Avião percebi alguns comentários um tanto desconfortantes sobre esta missão. Aparentemente seria uma das mais complicadas de se pegar no curso devido a coordenação de comandos que ela envolve.
Estudei e fui sábado logo pela manhã para Bragança. Além do nervosismo pela manobra, a meteorologia não estava ajudando. Saindo de São Paulo o tempo ainda continuava fechado e chegando pela manhã em Bragança, me deparei com uma leve chuva.
Fui direto para casa e fiquei torcendo para durante a tarde o tempo melhorar.
Chegou o horário do voo e nenhum indicio de melhora. Liguei no aeroclube e perguntei se teria algum horário disponível no domingo, porém a escala já estava fechada, mas me falaram para ir logo cedo para lá que eles tentavam um encaixe.
No domingo, às 7 horas já estava na pracinha do aeroclube. Agora o tempo já estava melhor e iria conseguir voar.
Imagem: Arquivo Pessoal
Me apresentei e me avisaram que assim que alguma aeronaves estivesse livre, me chamariam. Eu era o primeiro da lista de espera.
No terceiro horário do dia me chamaram para ir brifando com o instrutor a missão enquanto a aeronave chegava.
Imagem: Matheus Lestingi
Brifamos e fomos fazer a inspeção. Finalmente a sequência de voos no PP-HGB foi quebrada. Dessa vez iria no PP-GVQ. Inspecionado, notificado, amarrado, acionamos.
Imagem: Luiz E. Mendonça
Taxiei, fiz o briefing de cabeceira. Tudo certo, alinhei e o instrutor assumiu a decolagem.
Rodamos com 60MPH, subimos a 65MPH. Com 1.000ft AGL, curvamos a esquerda e aproamos a SBR459.
Imagem: Luiz E. Mendonça
A missão teoricamente é bem fácil. Em regime de cruzeiro (80MPH/2100RPM) eu iria realizar algumas coordenações de 1º e 2º tipo.
Primeiro tentaríamos algumas coordenações de 1º tipo. Basicamente essa missão consiste em inclinar o avião alternadamente para um lado e para o outro sem alterar sua proa e altitude. Para fazer isso eu deveria aplicar pedal e manche coordenadamente para que a aeronave não entrasse em curva.
Já na SBR459, tomei uma referência no horizonte e iniciei uma tentativa de coordenação de 1º tipo. Aplique manche para a esquerda e quando a aeronave ia iniciar curva, manche e pedal para a direita. Quando iria iniciar outra curva para a direita, manche e pedal para a esquerda.
A medida que eu dava comandos inversos, o nariz escorregava e cada vez mais essa atitude ia se acentuando. Junto de tudo isso, o enjoo começava a aparecer.
Fiz cerca de 4 coordenações de 1º tipo. Agora para descansar um pouco, aproamos Atibaia na SBR459 e o instrutor pediu para que eu fizesse uma coordenação de 2º tipo.
Imagem: Jamal Ibrahim
A coordenação de 2º tipo comparada com a de 1º tipo é um tanto ‘babaca’. Consiste em realizar algumas curvas de média inclinação de 45º para a direita e para a esquerda em relação a uma referência no horizonte. Seguindo essa sequência, temos uma série de curvas de 90º durante a manobra.
Tomando um ponto de Atibaia, abri 45º a esquerda da referência. Sem parar a curva, comandei manche e pedal para a direita até atingir a atitude de uma curva de média inclinação. Cruzando a referência e abrindo outros 45º, sem parar, comandei pedal e manche para a esquerda.
A manobra é bem simples, portanto agora só restava acertar a de 1º tipo.
Fiz uma curva de 180º e voltei a fazer algumas coordenações de 1º tipo. Estava a 5.000ft e cada vez mais o enjoo apertava. Resolvi descansar um pouco.
Ainda restavam 20 minutos de voo e descemos um pouco para 4.500ft para eu respirar melhor. Faltava pouco para pegar a coordenação, mas se eu continuasse, iria estragar mais ainda o voo.
Imagem: Arquivo Pessoal
Respirei fundo e decidir tentar mais algumas vezes.
Aproei uma referência e comecei a coordenação de 1º tipo. Acertei. Estabilizei a aeronave e o instrutor pediu mais uma. Acertei de novo.
Finalmente peguei o jeito. Fiz mais uma para ver se não era sorte e, dentro do tempo, aproamos Bragança.
Descemos para 3.900ft e ingressamos na perna do vento da cabeceira 16. Base e entrada da final comigo. Instrutor assumiu, glissamos um pouco pois estávamos ligeiramente altos e pousamos suavemente.
Levei a aeronave até o pátio e cortei feliz comigo por ter conseguido passar na missão.
Apesar da atmosfera turbulenta, estava conseguindo segurar a aeronave. No debriefing o instrutor falou que a coordenação de 2º tipo foi tranquila, mas persistindo na de 1º tipo, felizmente consegui completar a missão.
Próxima missão: PS07 – Curva de Grande Inclinação e Emergências Altas
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Bons voos a todos.
Lucas Ferrão
lucas.magalhaes1995@gmail.com