Formação de PPA 09

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Boa tarde caros leitores.

A coluna de hoje será a respeito da PS07 – Curvas de Grande Inclinação e Emergências Altas.

Novamente sai de São Paulo no Sábado de manhã com o tempo um pouco fechado. Chuva na estrada e em Bragança Paulista, portanto fui direto para casa.

Depois do almoço o tempo começou a abrir e ligando no aeroclube, haveria a possibilidade de algum encaixe para a tarde.

O teto estava a cerca de 5000ft, mas iria conseguir sair. Foi passado um instrutor para ir brifando a missão enquanto aguardávamos a aeronave pousar.

Hoje a missão seria um tanto divertida de fazer. Sempre tive a curiosidade de realizar as famosas emergências e também tinha escutado bons comentários sobre as curvas de grande inclinação.

No briefing estabelecemos que a decolagem estaria com o instrutor, porém eu poderia acompanhar. Após sair do solo iria manter o eixo até 500ft AGL, gira través até a perna do vento da cabeceira 16. Subindo para 5.000ft, ao livrar o circuito curvaríamos para a SBR460, área a qual só tinha ido uma vez.

Lá treinaríamos algumas curvas de grande inclinação para a direita e para a esquerda. Durante o voo o instrutor iria reduzir o motor e simular uma pane. Eu deveria realizar os devidos checklists e escolher o melhor local para pouso. Após nos certificarmos de que a aeronave chegaria no local, iríamos arremeter.

Toda a missão brifada, fomos para a aeronave.

Dessa vez iria no PP-GXN, aeronave que realizei meu primeiro voo.

Imagem: Matheus Lestingi

Aeronave inspecionada, voo notificado, acionamos e iniciamos o taxi até a cabeceira 16. Check de cabeceira realizado, alinhei e então o instrutor assumiu a decolagem.

Imagem: Matheus Lestingi

Após livrar o circuito e ingressar na SBR460, o instrutor pediu para que eu fizesse uma curva de grande inclinação de 180º pela esquerda. Uma curva de grande corresponde quando a inclinação da aeronaves está entre 45º e 70º. Para realizá-la, devemos marcar uma referência, checar a área, aumentar a potência para 2200RPM e inclinar as asas até a inclinação correta.

Como nas curvas a sustentação diminui, além de aplicar um pouco mais de motor, cabramos suavemente o manche para manter o nariz “varrendo” a linha do horizonte. 

Cerca de 15º antes de retomar a referência, devemos começar a desfazer a curva pois a aeronave continuará curvando durante o nivelamento das asas. Após nivelar, aliviamos o nariz e voltamos para a atitude de voo reto horizontal.

 Imagem: Arquivo Pessoal

Realizadas mais algumas curvas de 180, 270 e 360º, estava a 5.000ft praticamente no meio da SBR460. Lá temos duas pistas: Fazenda Primavera e Fazenda Vale Eldorado.

Quando estava com a pista da Fazenda Vale Eldorado na minha cauda, escondida no meu profundor, o instrutor reduziu toda a potência e gritou: PANE!

Trouxe a aeronave para 65MPH e enquanto procurava um local para pouso, iniciei o check de reacionamento.

1. Magnetos – Ligados

2. Seletora – Tanque mais cheio ou Inferior

3. Ar Quente – invertido

4. Mistura – Rica

Perguntei para o instrutor se reacionamos. A resposta foi não.

Nesse momento já estava aproado com cabeceira 04 da Fazenda Vale Eldorado.

Mantive 65MPH descendo em voo planado e comecei o check de aterragem sem potência.

1. Magnetos – Desligados

2. Seletora – Fechada

3. Ar Quente – Fechado

4. Mistura – Cortada

5. Manete de Potência – Reduzida

6. Objetos Cortantes – Afastados do Corpo

7. Portas e Janelas – Abertas

8. Cintos – Passados e Ajustados

Com o pouso assegurado um pouco acima da rampa, o instrutor assumiu e glissou para me mostrar que chegaríamos na pista sem problemas algum.

Imagem: Arquivo Pessoal

Cruzando a cabeceira arremetemos e subimos para fazer mais algumas curvas de grande inclinação. Dessa vez, quando estava com a pista da Fazenda Primavera na minha cauda, o instrutor me pagou outra pane.

Check de reacionamento, não reacionando, check de aterragem sem potência. 

Novamente chegamos sem problemas à pista.

Subimos em direção a Bragança, fiz mais algumas curvas de grande para garantir a manobra e nos aproximamos pelo setor oeste do aeródromo para cruzar e ingressar no circuito.

Fazia pouco tempo que esse tipo de entrada tinha sido emitida para o Aeroporto de Bragança Paulista. Para as aeronaves procedentes do setor oeste, o aeródromo deveria ser cruzado a 4.500ft (por causa de algumas elevações) para ingressar na perna do vento do circuito. Ingressando na perna do vento, descemos para 3.900ft.

Carta VAC de SBBP

OBS: Sempre que forem voar para algum lugar “desconhecido”, procurem se informar se existe alguma VAC e quais as restrições de altitude. Já pude acompanhar diversos pilotos realizando procedimentos errados em Bragança.

Quando estava ingressando no ponto médio da pista para cruzamento, observei uma aeronave grande alinhando na pista. Ela iniciou a corrida e rapidamente decolou, subiu e já iniciou curva para livrar o circuito. Assim que ela saiu do solo pude ver qual aeronave era. Um Phenom 100 que tinha feito uma rápida passagem por Bragança.

Imagem: Wayne Groves

Cruzamos o aeródromo e ao iniciar a curva para ingressar na perna do vento, começamos a descer para a altitude do circuito.

Perna base e reta final. Reportamos na final da pista 16 e uma aeronave chamou a Rádio Bragança e informou que estava em uma longa final para a mesma cabeceira.

A rádio solicitou o modelo da aeronave e informou que tinha um Paulistinha na curta final. O tráfego não informou o modelo e disse que estava sem visual com o Paulistinha.

Imediatamente eu e o instrutor olhamos para trás. Só conseguíamos ver os faróis de pouso e as luzes de navegação da aeronave que estava vindo.

Pousamos e livramos com bastante agilidade. Antes mesmo de atingir a taxiway principal eu e o instrutor observamos a passagem de um bimotor North American Rockwell 681B Turbo Commander que passou “rasgando” pela pista, tocou e arremeteu, informando que estava voltando para Marte.

Imagem: Renato Carbonieri

Taxiamos até o pátio do aeroclube e lá cortamos o motor.

Imagem: Matheus Lestingi

Foi um voo bem gostoso de se fazer. As cuvas de grande são bem legais pois você sente a força G atuando no seu corpo. As emergências serviram para mostrar o quanto é importante manter a calma para que você consiga realizar um pouso com segurança, além de mostrar que não é complicado levar uma aeronave com o motor parado ao solo com segurança.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=8NMnXZDSD2g]

Próximo voo: PS08 – Pré Estol e Curvas no Pré Estol.

Bons voos a todos!

Lucas Ferrão
lucas.magalhaes1995@gmail.com
Instagram:lucasmferrao

Renato Cobel
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