Formação de PPA 10

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Boa tarde a todos os leitores do Canal Piloto.

Eu sou Lucas Ferrão e esta é a coluna sobre Formação de PPA.

A coluna de hoje será a respeito da PS08 – Voo no Pré Estol e Curvas no Pré Estol.

Sábado pela manhã, sai de São Paulo com Bragança na proa. O dia estava bonito. Nenhuma camada baixa nem sinais de chuva durante a viagem. Ao chegar em Bragança, percebi pelas árvores que estava ventando muito lá fora.

Só para conferir, subi até o aeroporto. Ao ver a biruta tive minha confirmação. Não sabia qual era a intensidade. Algo superior a 20 knots e variando muito a direção.

Imagem: Luiz E. Mendonça 

Domingo pela manhã percebi que a atmosfera já tinha se acalmado.

Fui até o aeroclube tentar um voo de encaixe e logo consegui sair. Me passaram o PP-GYE e fui procurar minha instrutora.

Imagem: Luiz E. Mendonça

A missão é um tanto fácil, porém chata de se fazer. Basicamente temos que manter a aeronave aproada em uma referência, mantendo a velocidade e a altitude.

Como o nome da missão já diz, eu deveria realizar um voo reto horizontal na velocidade de estol. No Paulistinha, a velocidade de estol é de 39 MPH, porém para a manobra adotamos 40 MPH.

O voo começaria a 80 MPH e gradualmente eu deveria reduzir a velocidade sem perder ou ganhar altitude. Para isso temos q trabalhar bastante a atitude e a potência do motor.

Para perder velocidade, começamos a cabrar o manche. A tendência inicial é da aeronave ganhar altitude, porém, para compensar isso, reduzimos a potência. Assim vamos trabalhando a aeronave. A atitude controla a velocidade e a potência a altitude.

Manobra brifada, fomos para a aeronave. Quando falei para a instrutora que iríamos no PP-GYE, ela não gostou muito da ideia. Me explicou que o PP-GYE, um P56B, possuí 115 hp de potência e hélice de metal. Como consequência, o nariz dele é mais pesado que o padrão, algo que tornaria a missão um pouco mais cansativa.

Conversamos na secretaria e trocamos de aeronave. Iríamos no PP-HPA.

Imagem: Luiz E. Mendonça

Inspecionado e notificado, me amarrei no avião. Acionamos o motor (com starter) e iniciamos o táxi até a cabeceira 16.

Com tudo dentro dos padrões, alinhamos e decolamos.

Assim que saímos do solo, assumi a aeronave. Deveria ingressar na perna do vento em subida até 5.000ft. Após livrar o circuito, seguimos para a SBR 460 para executar o treinamento.

A atmosfera estava um tanto turbulenta, portanto já sabia que teria que trabalhar bastante a aeronave quando começasse a reduzir a velocidade.

Para iniciar essa manobra, eu deveria fazer um check de área diferente dos que estava acostuma. Antes era somente olhar para os lados e proa e verificar se a área estava livre. Agora deveria girar 90º para um lado, 180º para o lado oposto e por final 90º para retornar a referência inicial. Somente após isso poderia iniciar a manobra.

Estabilizados, a instrutora pediu para que eu reduzisse para 70 MPH. Comecei a cabrar e tirar um pouco de potência para não subir. Trabalhando a aeronave, mantive 70 MPH a 5.000ft. Compensei.

Agora teria que trazer a aeronave para 60 MPH. Uma coisa que muda junto com as velocidades é a atuação dos ailerons. Quanto menor a velocidade, menor é a atuação e maior o risco de ocorrer um estol de asa. Portanto a cada graduação de velocidade, menor será a inclinação das asas.

O limite de inclinação para 70 MPH era de média. Ao reduzir para 60 MPH, a inclinação já passou a ser de pequena. Nariz um pouco mais alto, potência para manter altitude e compensei a 60 MPH.

Agora a velocidade seria de 50 MPH. Nariz para cima e potência para compensar a altitude. Nessa velocidade, as curvas já não podem ser feitas pelos ailerons, somente usando os pedais. Uma curva usando os pedais se torna uma curva bem demorada de se completar, portanto nessa missão não adianta ter pressa, tem que aguardar com calma.

Compensado em 50 MPH, teria que reduzir para 40 MPH. Quando atingimos essa velocidade, começamos a sentir a aeronave ficar boba, os comandos perdem atuação.

Estava um pouco difícil manter 40 MPH devido a turbulência.

Imagem: Luiz E. Mendonça

Começamos a recuperação de velocidade e junto, realizamos um curva de 180º para aproar Bragança.

Ao concluir a curva e a recuperação, comecei novamente a manobra com um pedido da instrutora: Cravar 40 MPH.

Fui reduzindo a velocidade, mantendo 5.000ft e realizando algumas curvas. Cheguei nas 40 MPH e compensei para ficar cravado naquela velocidade. Realizei algumas curvas e então a instrutora disse que eu poderia recuperar a velocidade que já estava bom. Tinha conseguido

Voltamos para Bragança pelo setor Leste para ingressar no circuito.

A cabeceira ainda era a 16, então trouxe a aeronave até a reta final e então somente acompanhei o pouso.

Livramos e voltamos para o pátio.

Imagem: Luiz E. Mendonça

No debriefing foi considerado que a atmosfera estava turbulenta, porém que em uma segunda tentativa consegui cravar as velocidade e manter a aeronave nivelada em 5.000ft.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=uEeB-95NLJA]

Próximo voo: PS09 – Estol com e sem Motor.

Bons voos a todos!

Lucas Ferrão
lucas.magalhaes1995@gmail.com
Instagram:lucasmferrao

Renato Cobel
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