Após o anúncio da intenção de construir 800 aeroportos regionais no Brasil, um levantamento constatou que, dos 270 aeroportos contemplados no plano de investimentos do governo federal para a aviação regional, há pelo menos 20 casos em que a distância entre dois deles é inferior a cem quilômetros. Em seis casos, essa distância é inferior a 60 quilômetros.
Entre Lages (SC) e Correia Pinto (SC), está a menor proximidade no quesito distância: 33 quilômetros. As cidades de Cacoal (RO) e Pimenta Bueno (RO), também receberão investimentos em aeroportos, sendo que estão separadas por 41,4 quilômetros.
“Não faz sentido investir em aeroportos muito próximos. As companhias aéreas fazem previsão de capacidade com base na captura da demanda das cidades localizadas em um raio de cem quilômetros”, afirma Lucas Arruda, sócio-diretor de uma consultoria em aviação.
A distância de cem quilômetros é uma referência internacional para estabelecer a distância ideal entre dois aeroportos no mercado doméstico. No caso de voos internacionais de longo curso, a distância sobe para 300 quilômetros: “A distância entre Guarulhos e Congonhas é de 40 quilômetros, mas o tamanho da economia e da população é incomparável”, diz Arruda.
Lages (SC), por exemplo, sede de fábricas da Ambev e da Klabin, tem 156,7 mil habitantes. Correia Pinto (SC), 14,8 mil. Cacoal (RO) e Pimenta Bueno (RO), juntas, têm 112,3 mil habitantes.Outros critérios entram na conta, como tamanho da população, presença de indústrias e atratividade turística.
Para Arruda, alguns desses aeroportos localizados em áreas muito próximas devem, sim, ser contemplados com investimento público em infraestrutura aeroportuária, mas de outra natureza.
“Você pode equipar o aeroporto muito pequeno para receber voos da aviação geral (jatos particulares, táxi aéreo etc), mas não precisa equipá-lo com terminal de passageiros e toda a estrutura para receber voos regulares”
Para que a meta de 96% da população esteja a no máximo cem quilômetros de um aeroporto, além de investir R$ 7,3 bilhões, o governo custeará parte da ocupação de voos. Quanto mais desconcentrada a rede aeroportuária, maior será a necessidade de subsídios para manter voos nesses aeroportos.
Por Antonio Ribeiro
Imagem: Luara Gallacho