Kamikazes: fanáticos, voluntários, ou sacrifício inútil?

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O Mitsubishi A6M Zero foi o principal avião utilizado pelos Kamikazes, e é até hoje considerado uma incrível obra da engenharia, que marcou o início da tecnologia de alta precisão japonesa. Mas o que levava um piloto a se tornar kamikaze durante um combate? Eram voluntários malucos e fanáticos?

Após a oposição de um aviador com relação ao ataque de Pearl Harbor, os oficiais convocaram uma reunião para debater seus planos de defesa. Foi anunciado que só existiria uma única forma de obter eficiência máxima contra os inimigos: Organizar unidades de ataques suicidas, compostas por caças A6M, armados com bombas de 250 kg. As ordens eram de que cada avião deveria colidir em mergulho contra um porta-aviões inimigo.

Em resposta a essas reuniões, durante um ataque contra navios americanos próximos à Ilha de Samar, nas Filipinas, o Tenente Yukio Seki, com sua esquadrilha de cinco A6M, comunicou aos oficiais em terra via rádio: “Melhor morrer do que viver como um covarde”. Em seguida, desceram em direção aos navios e voaram baixo para evitar os ataques anti-aéreos. Após direcionar seu avião contra o USS St. Lo, o A6M de Seki se desintegrou no convés e o caos tomou conta rapidamente naquele porta-aviões. Em resumo, o ataque suicida de Seki foi um sucesso: um único piloto japonês conseguiu dar baixa de 140 americanos.

Os pilotos seguiam o Bushido, o código de honra dos samurais. O código dizia que “se tiver que escolher entre a vida e a morte, escolha a morte”. Por isso, muitas lembranças honradas são atribuídas aos pilotos da época. Muitos kamikazes eram adeptos e convencidos do culto à morte, promovido pelo Estado. Os kamikazes e lutadores da época tinham suas próprias razões: Não era pela glória ao imperador. Era para acabar com a guerra e ter uma morte com honra!

No Ocidente, os kamikazes foram vistos como um bando de fanáticos, que se matavam pelos seu deus-imperador e frequentemente eram comparados aos homens-bomba islâmicos. Até mesmo os próprios cidadãos japoneses não recebiam informações concretas sobre os relatos de kamikazes. Alguns livros americanos falavam dos kamikazes como soldados de uma nação em guerra, não indivíduos. Eles eram recrutados, não voluntários, e recebiam ordens para morrer. Nunca foram usados contra alvos civis.

Esses poucos livros que citavam os recrutas não erraram. A maioria dos kamikazes era composta por estudantes, recrutados de universidades antes do início da ação. Para se ter uma ideia, foram mais de 6 mil alunos retirados das salas de aula em três dias. Mas antes ou depois do programa, ninguém era convocado para se suicidar, e o governo se colocava na posição de que todos ali eram voluntários a se suicidar. No entanto, todo o oficialato sabia que aquilo era uma garantia de morte, pertencente a um programa não oficial da Marinha ou do Exército.

Durante toda a Guerra, 3,3 mil aviões kamikazes acertaram seus alvos, 47 navios foram afundados e 4,9 mil militares americanos foram mortos, e outros 4,8 mil feridos. Muitos erraram seus alvos, mas a maioria que saía em combate, retornava por falta de combustível ou por condições meteorológicas. Os que retornavam eram humilhados e apanhavam incansavelmente, além de ouvir a seguinte máxima: “Entendam que a obrigação é mais pesada que as montanhas, mas a morte é mais leve que uma pluma”.

E você, qual a sua opinião sobre os kamikazes?

Andrews Claudino