A Fab implantou no ano passado um laboratório especializado em abrir e analisar dados de caixas pretas de aeronaves civis e militares que se envolveram em acidentes. O laboratório, com sede em Brasília, poderá analisar caixas pretas de países vizinhos. O laboratório, sediado em Brasília (DF), está sob a responsabilidade do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
Antes da implantação desse equipamento, todas as caixas pretas de acidentes no Brasil eram mandadas para países no exterior que podiam analisar os dados. Além das caixas pretas de aeronaves brasileiras, há algumas da Bolívia e da Colômbia, que totalizam 31 gravadores analisados desde a abertura do laboratório.
“Ainda não temos a capacidade total de ler caixas-pretas danificadas, pois vamos adquirir esse ano os kits para leitura mais complexa. Já conseguimos ler alguns gravadores danificados, entre eles o de uma aeronave boliviana e de um Learjet, acidentado na Baía de Guanabara, enquanto tentava um pouso no Aeroporto Santos Dumont, e que sofreu oxidação”, disse o coronel Fernando Camargo, que apurou as causas do acidente da TAM e é gerente do projeto que implantou o Labdata. Se a caixa for aberta incorretamente ou por pessoal não-treinado, todos os dados podem ser perdidos.
O brigadeiro Carlos Alberto da Conceição, atual chefe do Cenipa, a auditoria da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) apontou que o Cenipa atingiu em 2009 um nível de conformidade de 96% conforme os padrões internacionais, empatado em primeiro lugar com a Agência Européia para a Segurança da Aviacão (Easa). Não é necessária a homoloagação da Icao para o Cenipa possuir um laboratório de caixa-preta.
O avião tem duas caixas-pretas, que normalmente ficam na parte traseira da aeronave: uma que armazena os dados do voo- dependendo da aeronave, podem ser até mil parâmetros por até 40 horas – e outra de voz, com os diálogos da cabine. Novos modelo, chamados de combo, unem as duas gravações em uma só caixa.
Quando o gravador não está danificado, não é necessário ser aberto. Um cabo é conectado e, através de sua ligação a um software compatível do fabricante da caixa-preta, é possível recuperar um arquivo com os dados e o áudio. O trabalho mais difícil vem em seguida: a conversão da memória em bits em informações tangíveis sobre o que ocorreu com o avião.
Por Antonio Ribeiro