“Sorte é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade.”
Livre Pouso voltando das férias e nada melhor do que começar o ano com o pé esquerdo… Digo… Com um número de muita sorte… Digo… Melhor não dizer nada! O.L.A. queridos leitores! Como na aviação nós não podemos contar com a sorte, esta é a Livre Pouso 13 e hoje vamos falar sobre um assunto muito propício ao número da edição… a Autorrotação.
A autorrotação é uma manobra que requer certa coordenação do piloto nos comandos do helicóptero. Também será necessário que os conceitos de aerodinâmica tenham sido compreendidos nas aulas de Teoria de Voo e absorvidos durante essa trajetória inicial da formação prática do piloto. Por isso, é mais seguro que o treinamento seja iniciado no final do curso do PPH, pouco antes do voo de check.
Sabemos que cada tipo de máquina possui o seu próprio manual de operações, por isso, temos que seguir corretamente o procedimento indicado pelo fabricante, uma vez que ele já realizou todos os testes para definir os limites de uma operação segura do equipamento… Estude-o e respeite-o!
Mecanicamente falando, a autorrotação é um procedimento de emergência, também previsto no manual, no caso de perda do motor, sistema de transmissão ou perda do rotor de cauda. Quando o motor tiver sua rotação (RPM) menor do que a do rotor, ele será desconectado do sistema de transmissão pelo mecanismo da roda livre. Difícil? Calma, não se desespere ainda!
Como boa representante da minha espécie, vou tentar simplificar o seu entendimento comparando o mecanismo da roda livre a uma catraca de bicicleta na qual, mesmo parando de pedalar, a bicicleta continua seu movimento pelo livre giro das rodas. Portanto, a roda livre manterá as pás do rotor principal do helicóptero girando pela sua própria inércia assim como na bicicleta. Mesmo sem a tração do motor que, para o exemplo acima seria a pedalada, garantindo a sustentação durante a descida para o pouso.
Conceitualmente falando, utilizamos propriedades da Física, uma vez que o procedimento só é realizado pela possibilidade da troca de energia cinética por energia potencial. A ação ocorre devido ao correto aproveitamento de elementos como altitude e velocidade, que nos permite acumular energia com a rotação das pás do rotor principal, para que, ao final do procedimento, haja a troca que garantirá a sustentação da aeronave para um pouso seguro. Nessa hora sempre me recordo das palavras do meu instrutor exótico “Velocidade é vida!”.
Se você não está entendendo nada do que eu disse, não se preocupe, no começo eu também não entendia como era possível voar uma coisa que está caindo, conseguir fazer isso pousar e ainda sair viva de dentro disso.
Mas mantenham os cintos afivelados até a parada total da aeronave, porque em 15 dias eu volto para contar melhor como aconteceu comigo. Por hora, para ilustrar o que foi dito aqui, deixo no visual a execução do procedimento da autorrotação por uma equipe por quem eu tenho grande admiração.
Livre Pouso, pro corte! Boa!
Helena Gagine