MAEFORT: Nascida das cinzas da guerra

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As primeiras companhias aéreas da história sofreram com a sina de nascerem em meio ou logo após a Primeira Guerra Mundial. Aeronaves sucateadas, países necessitando de transporte e comunicação, restrições impostas por tratados de guerra, todos esses elementos compuseram o conturbado cenário onde nasceu a aviação comercial.

No início da década de 1920, a Hungria vivia um momento de extrema incerteza. Forçados a se aliar à Alemanha durante a Guerra, juntamente com a Áustria, os Húngaros viam seus outrora aliados germânicos como os responsáveis pela derrota e presente falência do país. A frota aérea militar da Hungria havia sido destruída pelos franceses. As ferrovias do país foram inutilizadas pelos bombardeios, inviabilizando transporte e comunicações. Os Aliados, vitoriosos do confronto, impuseram à Hungria a suspensão de voos e produção de aeronaves.

O cenário começou a mudar apenas quando os Aliados revogaram as restrições aéreas impostas à Hungria. Em 1920, foi criado o Departamento de Administração da Aviação Civil, como parte do Ministério do Comércio. A Legislação Húngara de Aviação foi aprovada pelo parlamento, possibilitando a fundação do Magyar Aero Szövetség, o primeiro aeroclube da Hungria. Novas aeronaves voltaram a ser produzidas em solo Húngaro. O país, bem como sua aviação, começava finalmente a se reerguer.

Em fevereiro de 1920, foi fundada a Magyar Aeroforgalmi Részvény Tarsasag – MAEFORT, em Budapeste, com o objetivo de promover transporte aéreo, voos de entretenimento, e até mesmo publicidade aérea. Para suas atividades, foram utilizadas 28 aeronaves modelo Phönix C I. Inicialmente projetados para atividades militares de reconhecimento, os Phönix C I possuíam assentos para dois pilotos. Em suas aplicações comerciais, o segundo assento transportava passageiros ou malotes de correio.

Até mesmo por conta dos modelos de aeronaves que eram utilizados, a MAEFORT empregou muitos ex-pilotos militares. Suas primeiras linhas conectavam Budapeste com as cidades de Szombathely, Miskolc e Szeged. Entre o fim de 1920 e o início de 1921, foi aberta uma nova linha com destino a Debrecen.

Em outubro de 1921, a Comissão Inter-Aliados de Controle da Aviação (IAACC), em discordância com a utilização de aeronaves militares pela MAEFORT, ordenou a liquidação da companhia e a desativação de suas aeronaves. Até o fim de suas operações, no entanto, a MAEFORT efetou 4.104 voos, transportando 43 passageiros e 2.045 kg de malotes de correio. Uma marca respeitável para uma empresa que utilizou a aviação como forma de colaborar com a reconstrução de seu país.

Luiz Cláudio Ribeirinho
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