O LSA no Brasil

Há alguns anos, a frota aérea privada do Brasil se resumia a poucos modelos, fabricados até então pela Cessna ou Piper, e que se concentravam nas mãos de grandes empresários. Além disso, era possível encontrar aeronaves privadas apenas nos garimpos no norte do país, onde estas eram lucrativamente exploradas, e assim, era possível adquirir um modelo considerável. Dessa forma, o contato com a aviação, por parte de entusiastas e pessoas que não tinham as condições de empresários, se dava por meio dos aeroclubes, onde todos se reuniam pelo simples prazer de poder ter contato com o voo e conhecer mais o meio aeronáutico, num cenário muito diferente dos dias atuais.

Como todas as escolas eram vinculadas e operavam nos mesmos sítios dos aeroclubes, o DAC, órgão regulador da aviação civil na época, amparava e estimulava esses aeroclubes, de modo a subsidiar taxas de operação aeroportuária e diminuir significativamente o preço do combustível ali utilizado. Era algo realmente motivador para aquela tímida relação entre o público em geral e a já senhora aviação brasileira.

Os tempos passaram, e não fugindo à regra de que tudo que é bom dura pouco, o Governo Federal começou a cortar o orçamento do DAC. Isso levou, posteriormente, ao seu enfraquecimento político-organizacional, e troca pela atual ANAC. Em primeira instância, esse corte afetou consideravelmente quem mais ganhava com a existência do DAC, os aeroclubes. Logo, não era mais possível manter o preço dos combustíveis, ou eximir as escolas de aviação das inúmeras taxas hoje abusivas. De repente, tudo começou a parar no tempo. O brasileiro foi começando a sentir o peso de morar no Brasil, e aquela ainda tímida relação com a aviação, que o público tinha nos aeroclubes, foi ficando nas fotos antigas.

Qual foi então a saída para que quem realmente amava voar pudesse manter contato com a aviação? Os ultraleves trouxeram a resposta para essa pergunta. Logo em seguida, começaram a surgir os primeiros e desajeitados modelos aqui no Brasil. A maioria era feita de tubos e recobertos com lonas. Utilizavam motores muito modificados, e nem ao menos se integravam a alguma categoria de aeronave. Era o início de uma longa estrada, que seria percorrida a duras penas por entusiastas da aviação e oficiais da FAB, que por sua vez, lutariam durante anos para fazer essa categoria simples de voo sobreviver aqui no Brasil.

Esse vai ser o assunto desta semana. Vamos entender melhor a verdadeira história da aviação experimental no Brasil, e seus calos atuais para a homologação de categorias. Essa aviação, hoje, responde por muito mais inovações e avanços do que a própria aviação homologada. É o voo experimental que não tem deixado a aviação atual obsoleta.

Eduardo Mateus Nobrega
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