O Piper Navajo que virou “outdoor” de ferro velho

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Descansando fora de um berço esplêndido, à sombra de um jardim de flores suspensas, em uma das ruas de acesso à Faculdade Unopar do bairro Piza em Londrina-PR, com um olhar um pouco mais atento pode-se notar escondido entre as folhagens a estrutura semi monocoque do que um dia fora um avião. Se observar mais atentamente, verá que se trata de um Piper Navajo PA-31 sucateado, exposto às forças destrutivas da natureza.

Procedente de Ourinhos-SP para Londrina-PR em meados de 1991, após um cálculo de combustível equivocado e o trem de pouso que não recolheu após a decolagem, o Navajo se viu em apuros quando na aproximação final da pista 31 de Londrina. Para piorar a situação, um agravante de excesso de peso colaborou para que a aeronave não completasse seu destino ideal.

Com o arrasto adicional causado pela falha do trem de pouso, agregado a insuficiência de combustível, um dos motores parou em pleno voo já com a pista à frente. Em seguida o segundo também pára e a aeronave plana sem propulsão. Já com a pista bem próxima, o piloto notou que conseguiria chegar à cabeceira, porém se considerou acima do glide e glissou o avião para perder altura, porém perdeu altura além do necessário vindo a fazer um pouso de barriga entre a estação de VOR e a cabeceira da pista 31 de Londrina. Com o impacto no solo macio, o trem do nariz afundou na terra e o avião acabou pilonando.

Dado como recuperação inviável financeiramente, o proprietário, um político muito influente na época, acabou desmontando o avião e o depenou para vender as peças. As asas e os estabilizadores teriam sido entregues ao Aeroclube de Londrina como pagamento de dívida de hangaragem atrasada, e as asas que posteriormente foram vendidas para uma empresa de taxi aéreo da região, muito provavelmente ainda estejam voando por aí. Os estabilizadores ainda se encontram no Aeroclube. Já a estrutura principal não teve a mesma sorte e descansa a 5 metros do chão em uma haste metálica de outdoor no pátio de um ferro velho da cidade.

Créditos ao professor de Ciências Aeronáuticas da Unopar e Tesoureiro do Aeroclube de Londrina-PR, o Sr. Jonas Liasch pelas informações prestadas.

Renato Cobel
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