Os “pubs voadores” – Parte 2

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“Um país não pode ser um país de verdade se não tiver, ao menos, uma cerveja e uma empresa aérea. Ajuda se tiver armas nucleares, mas o mais importante é a cerveja.”. E realmente, essa frase é exatamente o que os militares da RAF e USAF passaram naquele momento, ainda mais por conta do transporte ser tão imprevisível.

As primeiras tentativas para levar cerveja sobre o Canal da Mancha, depois do Dia D, foram feitas com aeronaves como o Spitfire e Typhoon, com os tanques totalmente cheios e ainda com tanques extras, para que atingissem grandes distâncias correr o risco de perder a carga que transportavam.

Esses esforços parecem ter sidos semi-oficiais. O Ministério da Aeronáutica distribuiu uma fotografia aos jornais, que mostrava um Spitfire norueguês do Esquadrão Tangmere em um aeródromo em Sussex. Enquanto o piloto relaxava sobre a asa, o Spitfire estava equipado com um recipiente adaptado, enquanto dois tonéis de madeira com capacidade para 45 litros cada enchiam o recipiente, fornecido pela Chichester.

No total, foram 270 litros de cerveja fornecidos naquele recipiente de forma aerodinâmica, transportados sob três Spitfire Mk IXbs de Tangmere para um aeródromo em Bény-Sur-Mer, na Normandia, cerca de 110 km ao sul da Inglaterra e a três quilômetros do mar.

Durante essas missões, no dia 17 de junho de 1944 – quatro dias após o desembarque em Berryman, e onze dias após ter começado a invasão – um Spitfire do 416º esquadrão da Royal Canadian Air Force sobrevoou a Inglaterra, indo para um aeródromo construído recentemente em Bazenville. Lá, ele “presenteou” os infantes ingleses ao soltar um barril cheio de cerveja, que estava pendurado sob sua fuselagem. Mesmo com o tanque lavado a vapor, para o azar de todos, a cerveja tinha sabor de combustível de avião.

Esses transportes se mostraram eficientes, mas problemáticos para as cervejas dentro dos tanques adaptados. Em uma tentativa com um Typhoon de atravessar o Canal da Mancha com dois tanques sob as asas, após depositar o produto, o pessoal da RAF, ansioso por beber tal cerveja que chegaria, percebeu outro problema: as cervejas estavam com um sabor metálico, estragando novamente a bebida.

Os americanos, pelo contrário, para que não tivessem toda a cerveja perdida, sobrevoaram o Canal a 15.000 pés ou mais, utilizando fibra de papel vulcanizado dentro dos tanques. Os P-47 transportavam as cervejas geladas até em estado de congelamento, mas em perfeitas condições, mostrando não ser improvável um transporte sem estragar a cerveja. Essa técnica pode ter sido tirada a partir dos navios da Marinha dos EUA.

Andrews Claudino