Durante investigação, a polícia do Rio de Janeiro apontou falhas no sistema de vigilância das malas desembarcadas no Aeroporto Internacional Tom Jobim. De acordo com os resultados, as companhias aéreas deixam brechas para os ladrões.
Até agora, 40 aeroportos administrados pela INFRAERO podem visualizar suas malas, desde a chegada nas esteiras do setor de desembarque, mas o restante não pode ser visto por motivos de segurança: “Na verdade você não acompanha todo o processo da sua mala”, disse uma mulher.
“O passageiro pode ser a pessoa que esteja transportando uma droga, por exemplo, então ele pode fugir, Por conta disso, a operação da Polícia Federal pode ser prejudicada”, afirmou Abibe Ferreira Júnior, superintendente da INFRAERO no Rio de Janeiro (RJ).
Até agora, 800 reclamações foram recebidas por órgãos de defesa do consumidor em todo o país, como extravios, furtos de malas ou de objetos e compras que estavam na bagagem. Somente na delegacia do Tom Jobim, no Rio, 312 casos foram registrados.
Um relatório foi produzido por agentes, que acompanharam o caminho das malas desde o check in. As 26 companhias – nacionais e internacionais – que operam no aeroporto receberam ofícios com várias perguntas.
No total, os policiais encontraram 22 falhas, e sugeriram 14 providências. A conclusão mais importante é sobre o local da maioria dos furtos: o porão do avião. Apenas uma companhia aérea afirmou que tem câmeras instaladas nesta área onde ficam as bagagens.
As outras 25 empresas responderam que não possuem o equipamento. No porão, a iluminação é manual e deve ser acesa pelo mesmo funcionário encarregado de retirar as bagagens. A polícia sugere a instalação de câmeras e luz automática:
“Os funcionários se valem de lanternas. Eles deixam de acionar a iluminação exatamente pra dificultar a fiscalização”, afirmou a delegada Izabela Santoni.
Quando o trabalho tem supervisão, existe apenas um fiscal para dois porões. O funcionário passa por detector de metais apenas antes de ter acesso ao avião. Outra medida recomendada é a mesma conferência na saída.
“É exatamente para gente conseguir identificar um funcionário que por ventura pega um relógio, o funcionário que por ventura pega um laptop. Então, isso, além de inibir, a gente conseguiria ter uma prova delitiva”, completou a delegada.
A ANAC disse que providências nos aeroportos foram solicitadas por ela. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas declarou que não teve acesso ao relatório da polícia e não quis comentar o assunto. De acordo com a Junta de Representantes das Companhias Aéreas Internacionais do Brasil, a instalação de câmeras exigiria mudanças no projeto dos aviões.
Por Antonio Ribeiro
Imagem: Copa 2014